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Capital

Em reunião de comissão, lideranças pedem mais casas para indígenas na cidade

Líderes se encontraram com vereadores na manhã deste sábado na Câmara Municipal

Geniffer Valeriano | 08/07/2023 13:58


Compareceram na reunião em torno de 30 líderes indígenas. (Foto: Juliano Almeida)
Compareceram na reunião em torno de 30 líderes indígenas. (Foto: Juliano Almeida)

Na manhã deste sábado (8), na Câmara Municipal de Campo Grande, foi realizada a primeira reunião da comissão indígena. Líderes de aldeias e de comunidades dos povos originários que vivem na cidade revelaram quais são as principais dificuldades dentro de áreas como habitação, educação e saúde.

O presidente da Comissão Especial das Causas Indígenas, vereador André Luis Soares (Rede), conhecido como professor André, ouviu as lideranças junto com o vereador Alírio Villasanti (União Brasil), conhecido com Coronel Villasanti. Logo na abertura foi esclarecido que o encontro não tinha cunho partidário, mas que estavam ali para discutirem políticas públicas nas aldeias indígenas urbanas.

“Aqui em Campo Grande, não tem aldeia. Quando se fala, no meu discernimento, das aldeias nas cidades precisam de algumas atividades dentro dessa aldeia. Agora, eu interpreto como comunidade, igualmente as comunidades quilombolas. Eu tenho visto alguém falar aldeia, mas pra mim não existe aldeia dentro de Campo Grande”, relatou Deomir Candelario, líder indígena.

Vereadores Alírio Villasanti e André Luis Soares, líder indígena Deomir Candelario e representante da Funai, Alberto Terena (Foto: Juliano Almeida)
Vereadores Alírio Villasanti e André Luis Soares, líder indígena Deomir Candelario e representante da Funai, Alberto Terena (Foto: Juliano Almeida)

Para que pudesse ser chamada como aldeia urbana, Deomir afirma que seria necessário que houvesse uma atividade econômica, existissem serviços de saúde, podendo partir até mesmo dos saberes indígenas, outras atividades culturais e cursos profissionalizantes.

Representante da Funai, reconheceu a necessidade dos povos originários em terem esse espaço de conversação, onde possam trazer à tona as necessidades de suas comunidades.

Pelo menos cinco representantes das aldeias aproveitaram o espaço para se pronunciar. Entre os temas abordados, o que mais teve destaque foi a questão de habitação. O cacique da comunidade Água Funda, Ivanes Gonçalves Moreira, de 48 anos, pediu pela liberação de terras para o seu povo. Mesmo estando dentro da área urbana, no Bairro Noroeste, o cacique relata que indígenas moradores da comunidade vivem em barracos de lona e madeira. Ainda de acordo com ele, situação parecida acontece em outra comunidade no Bairro Jardim Inápolis.

Líder da aldeia inamanecaché durante seu discurso na Câmara Municipal. (Foto: Juliano Almeida)
Líder da aldeia inamanecaché durante seu discurso na Câmara Municipal. (Foto: Juliano Almeida)

A pauta da habitação foi reforçada pelo líder da aldeia inamanecaché, Arceniel Francisco, que também ressaltou a importância da preservação da língua nativa e da cultura. Para isso, durante o seu discurso intercalou entre o português e outras várias línguas indígenas.

“Nesse momento o nosso registro, a nossa língua é essa que nós estamos falando, nós estamos apenas emprestando a língua portuguesa. Porque o verdadeiro indígena sabe que essa luta não começou hoje de manhã, essa luta começou há anos. Muitos dos meus antepassados não estão mais aqui, muitos dos nativos não se encontram mais aqui, mas deixaram legados”, ressaltou.

Ainda foi solicitada a inserção dos indígenas nos orçamentos municipais. Assim como, incentivado que nas próximas eleições as comunidades aumentem o número de seus representantes na Câmara Municipal.

Nos próximos meses outras reuniões serão feitas. Datas e horários ainda não foram divulgados.

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