Enjauladas e roxas: ato alerta para as marcas da violência sexual na infância
Manifestação foi organizada pelos Conselhos Tutelares de Campo Grande, em alusão ao Maio Laranja
Os oito Conselhos Tutelares de Campo Grande se uniram, na manhã deste sábado (17), em um ato simbólico no canteiro central da Avenida Afonso Pena. A mobilização faz parte da campanha “Faça Bonito – Proteja nossas crianças e adolescentes”, conhecida nacionalmente como Maio Laranja, que visa alertar a população sobre os impactos da violência sexual contra crianças e adolescentes.
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Os Conselhos Tutelares de Campo Grande realizaram um ato simbólico no canteiro central da Avenida Afonso Pena, em alusão ao Maio Laranja, campanha que visa conscientizar sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes. A encenação representou as marcas das violações, com participantes "enjaulados em suas dores". Dados da Polícia Civil revelam que mais de 1 mil crianças foram estupradas em Mato Grosso do Sul em 2024, com 336 casos em Campo Grande. A mobilização, que contou com a presença de conselheiros tutelares e representantes de órgãos públicos, destaca a importância da denúncia e é parte de uma campanha nacional coordenada por diversas instituições.
Para representar as marcas deixadas pelas violações, a encenação mostrou pessoas “enjauladas em suas dores” e com hematomas aparentes. Além dos conselheiros tutelares, participaram da ação agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e representantes de outras secretarias municipais.
Conforme dados da plataforma Estatística Sigo, que reúne registros da Polícia Civil, mais de 1 mil crianças foram estupradas em Mato Grosso do Sul ao longo de 2024, sendo 336 em Campo Grande. Neste ano, até o momento, já são 331 casos no Estado, com 104 ocorrências na Capital.
“O mês de maio é voltado à campanha Maio Laranja, quando realizamos ações e palestras para conscientizar a população sobre a importância da denúncia. Hoje escolhemos como o ‘Dia D’ da mobilização, porque amanhã é o Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes”, explica Anna Caroline Kalache, conselheira tutelar da Região Bandeira.

A psicoterapeuta holística Linda Lima, de 69 anos, acompanhou a mobilização e se emocionou com a apresentação. “Estamos vivendo papéis reais na vida real, só que não estamos falando, porque não temos com quem falar. Acho essa ação importante, mas ainda faltam outras iniciativas”, comentou.
A campanha é coordenada pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e envolve organizações da sociedade civil, órgãos públicos e instituições de ensino. Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, serviço gratuito e sigiloso que funciona 24 horas por dia.
Transição da violência – O Atlas da Violência aponta que o tipo de agressão muda conforme a faixa etária das vítimas. Bebês e crianças pequenas são, principalmente, vítimas de negligência (61,4%). Crianças em idade escolar lideram os registros de violência psicológica (54,8%) e sexual (65,2%), enquanto adolescentes são os mais atingidos pela violência física (58,2%).
A análise por sexo também mostra desigualdades: meninas e mulheres representam 65,1% das vítimas totais, com destaque nos casos de violência física (60,1%), psicológica (72,1%) e sexual (86,3%). Já os meninos concentram a maioria dos casos de negligência, com 52,3% das ocorrências.
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