Escola acionou Conselho Tutelar 2 vezes por faltas de criança que cuidava bebê
Criança de 7 anos cuidava de irmã de 4 meses, quando se desequilibrou da cama e bebê caiu de prédio
O Conselho Tutelar Sul, que funciona no conjunto Aero Rancho, em Campo Grande, foi acionado duas vezes para investigar a baixa frequência escolar da menina de 7 anos que cuidava da irmã de quatro meses no momento de uma queda, na noite desta terça-feira (12). A bebê caiu da janela do terceiro andar e está internada em estado grave na Santa Casa da Capital.
Na noite de ontem, a criança ficou tomando conta dos irmãos mais novos - a bebê de 4 meses e o irmão de 3 anos - na ausência da mãe, de 23 anos. Documento obtido pelo Campo Grande News mostra que no ano passado ela estava na pré-escola e neste ano no 1º ano da educação infantil na Escola Municipal Professora Maria Lúcia Passarelli.
Contudo, a baixa frequência escolar da criança acendeu alerta da escola, que fez denúncia ao Conselho Tutelar. A reportagem teve acesso a print dos dois registros, um do final do ano passado e outro de maio deste ano. A situação pode configurar o crime de abandono intelectual pelos responsáveis pela menina.
As denúncias, segundo apurado pela reportagem, são recebidas por funcionários administrativos da prefeitura e, então, distribuídas a um dos cinco conselheiros. O caso da menina, que na época do primeiro pedido de investigação sobre a baixa frequência escolar tinha seis anos, foi distribuído ao conselheiro Marcelo Marques de Castro, conforme dados do sistema Sipia (Sistema de Informação para a Infância e Adolescência), utilizado para os registros de ocorrências.
Queda - O acidente aconteceu na noite desta terça-feira (12), depois que a mãe saiu de casa e deixou os três filhos sozinhos. "Com o objetivo de acalmar a bebê, a criança de 7 anos subiu na cama com ela no colo para ver a janela e deixou 'em pé'. Em determinado momento no parapeito, a criança empurrou com os pés a irmã, coisas que bebês fazem, e como estavam em cima da cama sem equilíbrio, foi o suficiente para ela cair ao solo", explicou o delegado Gabriel Desterro, que atendeu a ocorrência.
Quando a polícia chegou, a mãe já estava com a bebê no Hospital Regional, primeira unidade para qual foi levada com ajuda de vizinhos do condomínio. Na sequência, a vítima foi encaminhada para a Santa Casa em estado grave.
A polícia constatou que a mãe deixava as filhas sozinhas com frequência. "Saía para fazer as coisas dela e deixava as crianças sozinhas. Questão de horas muitas vezes", disse o delegado. "Pela análise das testemunhas, exame de local, foi observada uma situação de abandono e um ambiente inapropriado para as crianças", ponderou Desterro.
Testemunhas chegaram a relatar que a mãe havia saído para pagar uma conta e por isso as crianças estavam sozinhas em casa. Ela foi presa por abandono de incapaz qualificado pelo resultado lesão corporal de natureza grave - sem fiança - e deve passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (14).
Não há informações ainda sobre como era a dinâmica familiar ou se a mãe trabalhava fora e deixava a filha mais velha responsável pelos mais novos por não contar com ajuda na rotina.
A reportagem procurou o conselheiro para solicitar informações sobre o andamento da denúncia de evasão escolar da criança, entretanto, não obteve ainda resposta. Havendo manifestação, ela será incluída no texto.
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