"Estava lavando verdura", diz vizinha ao ouvir tiros que acabaram em morte
Sequestrador que levou R$ 18 mil em resgate acabou morrendo em troca de tiros
João Vitor Rodrigues da Silva, de 20 anos, foi baleado após atirar contra policiais no final da manhã desta segunda-feira (20), na Rua Daniela Perez, Residencial Betaville, em Campo Grande. Ele é um dos envolvidos no sequestro de uma mulher de 50 anos, no Bairro Itanhangá Park, em que levou R$ 18 mil pelo resgate. Outro homem foi preso nesta manhã.
De acordo com informações apuradas pela reportagem, ao chegar no local, policiais do Batalhão de Choque e do Garras (Delegacia de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), foram recebidos a tiros. "Estava lavando verdura, quando ouvi os disparos vindos de dentro da casa", disse uma vizinha, que terá a identidade preservada.
Ainda bastante nervosa, a mulher de 50 anos contou ao Campo Grande News que se assustou no momento e ficou sem reação. "Eles [policiais] falaram para eu deitar no chão, que estavam atirando de dentro da casa. Na hora, fiquei nervosa, nem sabia o que fazer", diz.
João Vitor - que é fichado desde os 14 anos -, acabou baleado e levado para a Santa Casa, não resistiu ao ferimento. Já outro rapaz que estava na residência, foi preso. Ainda não há informações sobre a ligação dele com o sequestro. Uma arma também foi apreendida.
O caso - A moradora do Bairro Itanhangá Park foi mantida em refém por cerca de 40 minutos na noite de sábado (18), em Campo Grande. Claudinei dos Santos de Oliveira, de 29 anos, foi preso pelo crime e João Victor estava sendo procurado pela polícia.
Claudinei detalhou que conheceu há pouco mais de 1 mês João Victor, os dois são dependentes químicos e faziam o uso de drogas juntos. No sábado, relatou, a caminho de festa na casa do avô de João Victor, tiveram a ideia de levantar dinheiro, praticando roubo. Os dois seguiam em um Fiat Uno, de cor azul, que pertence à ex-mulher de Claudinei. Segundo ele, a mulher não sabia que ele havia pegado o carro dela.
Os dois, então, passaram a percorrer as ruas da cidade caçando vítimas, quando avistaram duas mulheres (mãe e filha, de 22 anos). Elas foram seguidas e abordadas assim que entraram na garagem de casa, no Bairro Itanhangá Park. Dentro do imóvel, o empresário de 61 anos, esposo da mulher, também foi rendido.
Roubo e sequestro - Claudinei disse que enquanto roubava as coisas de valor, João Victor fazia a segurança do lado de fora. Foi quando o comparsa informou que o vigilante havia percebido a movimentação e os dois decidiram ir embora levando a vítima como refém, por acreditar que a polícia já havia sido acionada, segundo depoimento de Claudinei.
Ele saiu levando o Fiat Uno, enquanto João Victor foi com a refém dirigindo o Audi da família. Eles seguiram para o Bairro Pacaembu, na região da Guaicurus. Como não conseguiram levantar o dinheiro que queriam no local, tiveram a ideia de ligar para o marido da vítima exigindo R$ 50 mil para libertá-la.
Desesperado, o homem informou que tinha apenas R$ 18 mil e um relógio rolex. Os dois aceitaram a oferta e marcaram encontro com o empresário. Na primeira tentativa, o plano deu errado porque havia muitos policiais na região. Durante toda a negociação, os bandidos ameaçavam o empresário, dizendo para não envolver polícia, caso contrário, matariam a mulher.
Resgate - O esposo da vítima, então, foi orientado a levar o dinheiro no Bairro Campo Alto, na Rua Professor Odete Trindade Benites, próximo a uma conveniência. Lá, a quantia e o relógio foram entregues para um "noiado", segundo relatos de Claudinei, que recebeu R$ 50 para pegar o pacote com o dinheiro e entregar para a dupla.
Na sequência, foi feita ligação informando que a refém seria solta no Bairro Tiradentes. Porém, a vítima foi encontrada pelos policiais do Choque, por volta das 3h30, na Rua Darwin Dolabani, no Bairro Itamaracá. O carro dela, o Audi, foi encontrado abandonado na Rua Santina Delfino Sanches, mesmo endereço da casa onde a vítima ficou refém.
O carro usado para cometer o crime, um Fiat Uno azul também foi apreendido. Na tentativa de se livrar das provas do sequestro, Claudinei, conhecido como Carcaça, contratou um guincho para levar o carro usado no crime e chegou a ameaças a ex-mulher para que ela ajudasse a pagar pelo serviço.