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Capital

Falta de estacionamento e insegurança estão "matando" Centro, debate audiência

Outro problema bastante citado foi a circulação de dependentes químicos na região

Cassia Modena e Izabela Cavalcanti | 16/08/2023 12:05
Guarda Municipal no cruzamento entre a Avenida Afonso Pena e Rua 14 de Julho (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)
Guarda Municipal no cruzamento entre a Avenida Afonso Pena e Rua 14 de Julho (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)

Realizada nesta manhã (16) na Câmara de Vereadores, a audiência pública que debateu os problemas relacionados à "falta de vida" no Centro de Campo Grande terminou com a insegurança, circulação de dependentes químicos e falta de estacionamentos apontados como os principais culpados pelo fechamento de comércios e baixa de clientes nos que ainda se mantêm.

Presidente da Associação de Empresários e Comerciantes da Área Central, Paulo Rezek foi um dos presentes que destacou a necessidade de o poder público olhar mais para o Centro da Capital. "Precisa de incentivo. A população quer segurança e comodidade. Tem muita loja fechando, comerciantes estão migrando para os bairros. Todo mês tem um fechamento e vai ter mais ainda", prevê.

Ele próprio, que aluga imóveis na região Central e tem um negócio voltado a veículos, afirma que depende financeiramente 100% do bom desempenho do comércio. "Hoje, a mobilidade urbana está ruim e estacionamento está ruim", acrescenta. E relembra: "Primeiro, a obra do Reviva prejudicou toda o entorno comercial da Rua 14 de Julho, depois, a pandemia".

Paulo Rezek (Foto: Izabela Cavalcanti)
Paulo Rezek (Foto: Izabela Cavalcanti)

Paulo ainda leva em conta que o avanço tecnológico das últimas décadas teve influência no cenário atual do Centro. "Hoje, o celular é culpado. Antes, 'o Centro esperava' o banco abrir. Pessoas ficavam circulando nos comércios enquanto esperavam. Agora, não", analisa.

Modelo estrangeiro - Também esteve na audiência Wagner Borges, empresário que comprou o Hotel Campo Grande, estrutura localizada no "coração" do Centro, por R$ 15 milhões, e promete transformá-lo em novo espaço para hospedagens.

Na avaliação de Borges, o problema maior é a insegurança, agravada pelo aumento do número de dependentes químicos vivendo em situação de rua na região.

Wagner Borges (Foto: Izabela Cavalcanti)
Wagner Borges (Foto: Izabela Cavalcanti)

"Se deixar do jeito que está, vai virar uma 'cracolândia', tem que tomar medidas. Se fizessem o que foi feito em Los Angeles, nos EUA, onde cobriram as ruas e fizeram um shopping aberto", exemplificou. "Se quiser reativar o Centro, tem que copiar o que deu certo", sugeriu.

Fluxo mudou - Júlio Galeano, proprietário da Churrascaria Nossa Querência, que fica na Avenida Afonso Pena, reclamou que o Centro está "desfalcado de políticas que promovam melhorias". Ele é outro que nota muitas lojas fechando e vê o mercado imobiliário da região aquecido de ofertas em vez de procuras.

"Antes, o Centro tinha fluxo de pessoas que passavam na minha churrascaria. Quem visita a região já não desce na churrascaria. A gente tem que sobreviver criando mecanismos para atrair gente", relatou o empresário.

Júlio Galeano (Foto: Izabela Cavalcanti)
Júlio Galeano (Foto: Izabela Cavalcanti)

A presidente do Bairro Amambaí, Rosane Melyn Lima, já foi dona de comércio no Centro. Ele se chamava Bola 7 e fechou há três meses por falta de segurança, segundo ela. "Os dependentes químicos ficavam na porta. Essa luta não é só minha e é muito antiga. O Centro está triste. Está totalmente abandonado pelo poder público. Se a ideia era reviver [com as obras do Reviva Centro], eles 'mataram' o Centro", afirmou.

Ela pede prioridade nas políticas publicas voltadas a atender dependentes químicos. "E tem que desenvolver projeto para atender o público. Todo mês tem comercio fechando, vemos que o Centro está totalmente desvalorizado", finalizou.

Davi da Costa Teixeira, coordenador de planejamento urbano da Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), observou ainda, durante o debate, que houve decréscimo populacional no Centro de Campo Grande nos últimos 30 anos, com pessoas decidindo morar nos bairros.

De comerciante a vereador - Carlos Augusto Borges, o "Carlão" (PSB), vereador que preside a Câmara Municipal, defendeu que a Casa de Leis não fuja do debate relacionado aos problemas da região central. Ele, que já foi vendedor de livros no Centro no passado, demonstrou interesse na pauta. "Nosso Centro precisa de ações", pontuou.

Em pé, o vereador Carlão (Foto: Izabela Cavalcanti)
Em pé, o vereador Carlão (Foto: Izabela Cavalcanti)

Resolução - Após a audiência, os vereadores se comprometeram a enviar documento à Prefeitura de Campo Grande cobrando medidas para "dar vida" novamente ao Centro. Um encaminhamento para isso foi feito durante a sessão.

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