Filha diz que se sente derrotada com morte de doméstica na fila de UTI
A morte da dona de casa Celina de Oliveira, 54 anos, na noite de ontem (24) esperando por uma vaga para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Hospital Universitário, revoltou e chocou a família. Os parentes culpam a falta de estrutura nos postos de saúde e má administração do município.
A filha da dona de casa, Dariana de Oliveira, 25, contou que a mãe lutou pela vida até o último minuto. Ela ficou 18 horas na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Universitário esperando por uma vaga na UTI. Por volta das 15h de ontem, Celina foi transferida, mas morreu horas depois.
“O médico que nos atendeu disse que deveríamos levá-la para um hospital particular”, apontou a filha. Durante as 18 horas, a dona de casa sofreu cinco paradas cardíacas e estava em estado grave. Outras quatro pessoas estavam na mesma situação que ela.
Dariana alegou que a mãe teria poucas possibilidades de se recuperar e mesmo que voltasse para casa, ela teria sequelas. “Se tivesse 1% de chances, eu iria atrás. Ela cuidou de mim e eu tenho que cuidar dela”, assumiu.
Os enfermeiros ficaram se revezando em um aparelho mecânico para garantir oxigênio à paciente. “Eu não culpo os médicos e enfermeiros. Mesmo em greve, fizeram um trabalho excelente”, destacou, mas alegou que a falta de estrutura foi a responsável pela situação da mãe. “Culpa do prefeito, que realizou todos os cortes”, completou.
O ex-marido de Celina, Dionísio Gimenez, 58, com quem ficou casado por 18 anos, mas se separou há 15, contou que todos tinham uma relação muito boa. “Ela era uma pessoa muito boa. Sempre conversávamos”, apontou.
“Eu me sinto derrotada. Eu não queria sofrer, mas posso fazer mais quatro vidas serem salvas”, desabafou Dariana sobre os pacientes que estavam na mesma situação que a mãe. “Eu fiz de tudo pela minha mãe, mas não consegui dizer te amo”, finalizou.
Velório - O velório de Celina acontece na Pax Mundial. O sepultamento começa às 16h no Cemitério Park Monte das Oliveiras.