Fiscalização apreende chá de ayahuasca em instituto xamânico
Ação conjunta recolheu substâncias para perícia; nenhum crime contra os internos foi verificado

A Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes contra as Relações de Consumo) realizou, nesta semana, fiscalização no Instituto Xamânico Oficina da Consciência, no Bairro Chácara das Mansões, em Campo Grande, para apurar informações sobre os métodos de cura e as práticas religiosas realizadas no centro. A ação foi realizada em conjunto com a Vigilância Sanitária municipal e o Conselho Regional de Farmácia.
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Fiscalização da Decon, Vigilância Sanitária e Conselho de Farmácia investiga práticas de cura no Instituto Xamânico Oficina da Consciência, em Campo Grande. Sete internos, em tratamento espiritual voluntário, foram encontrados no local, que promove rituais com chá de ayahuasca e rapé mediante pagamento. Amostras das substâncias foram apreendidas para análise laboratorial, visando identificar seus componentes. O instituto afirma auxiliar pessoas doentes e dependentes químicos há oito anos e alega estar providenciando as adequações solicitadas pelos órgãos fiscalizadores para continuar operando.
Conforme boletim de ocorrência, ao chegar ao instituto, a equipe encontrou o portão de acesso aberto e foi recebida pelos responsáveis pelo espaço. No local, estavam ainda sete internos, seis homens e uma mulher, que declararam estar em tratamento espiritual de forma voluntária e particular.
Segundo a fiscalização, o instituto realiza encontros religiosos todas as quartas-feiras e no segundo sábado de cada mês, nos quais são promovidos rituais de “cura espiritual”. Os participantes pagam pelos serviços e têm direito a uma porção de chá de ayahuasca, bebida psicoativa derivada de plantas, e ao uso do pó denominado rapé.
Na inspeção, não foram constatadas práticas criminosas contra os internos, que se encontravam em boas condições de higiene, com as condições sanitárias preservadas, sem sinais de cárcere privado. No entanto, devido ao suposto comércio dos produtos (ayahuasca e rapé) utilizados nos rituais, foram apreendidas amostras para análise laboratorial, a fim de identificar as substâncias utilizadas.
Procurado, o presidente do instituto, Rogério Fernandes, afirmou que já está providenciando as melhorias solicitadas pela Vigilância Sanitária e pela Decon. Segundo o terapeuta xamânico, o objetivo do centro é auxiliar pessoas doentes, depressivas, dependentes químicos e alcoólatras, oferecendo suporte há oito anos na Capital.
"Realizamos trabalhos xamânicos com a finalidade de contribuir no processo de cura daqueles que nos procuram de forma livre e espontânea. Fomos sinalizados pela equipe da Vigilância Sanitária e estamos providenciando todos os ajustes necessários para continuar com nosso trabalho. Inclusive, estamos aptos para seguir com nossas atividades", declarou.
A ayahuasca, ou chá do Santo Daime, é o elemento central de rituais xamânicos herdados da cultura indígena amazônica. A bebida é preparada a partir do cipó mariri (Banisteriopsis caapi) e das folhas do arbusto chacrona (Psychotria viridis). De gosto amargo e coloração que varia, a bebida provoca efeitos como vômito, diarreia, alucinações e visões místicas.
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