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Capital

Greve compromete salários e deixa caixas sem dinheiro na Capital

Lidiane Kober | 03/10/2013 16:30
Se não achar agência aberta, Nolar perderá a venda de um carro à vista (Fotod: Marcos Ermínio)
Se não achar agência aberta, Nolar perderá a venda de um carro à vista (Fotod: Marcos Ermínio)
Hermes procura um banco aberto para reservar dinheiro  a fim de pagar seus 25 funcionários
Hermes procura um banco aberto para reservar dinheiro a fim de pagar seus 25 funcionários

Com 91 das 100 agências da Capital fechadas, a greve dos bancários compromete o pagamento de salário dos campo-grandenses e já deixa caixas eletrônicos sem dinheiro. A paralisação também está apavorando quem não consegue pagar as contas por conta do temor com os juros, além disso, vem prejudicando o fechamento de negócios na cidade.

Desde ontem (2), o empresário do ramo da construção civil, Hermes Fernandes Lima, 35 anos, está percorrendo agências do Banco do Brasil na tentativa de encontrar uma para fazer reserva a fim de pagar seus 25 funcionários. “Sempre paguei no quinto dia útil do mês, mas, até agora, onde passei, a informação é de que não tem prazo para o atendimento voltar ao normal”, relatou.

Da agência da Avenida Afonso Pena, esquina com a Rua 13 de Maio, ele saiu angustiado, após mais uma negativa, na tarde desta quinta-feira (3). “Não tem nenhum caixa aberto, só os eletrônicos, mas o limite de saque é pequeno”, comentou o empresário. Ontem, o Banco do Brasil anunciou aumento no limite de saque para até R$ 2 mil. Hoje, no entanto, o valor voltou a ser de R$ 1 mil, conforme Hermes.

No entanto, na agência do Banco do Brasil da Avenida Eduardo Elias Zahran, no Bairro Vilas Boas, um cartaz informava aos clientes de que o limite de saque no caixa eletrônico tinha sido duplicado durante a greve.

Banco do Brasil colocou informativo para os clientes sobre ampliação de limite (Foto: Lucimar Couto)
Banco do Brasil colocou informativo para os clientes sobre ampliação de limite (Foto: Lucimar Couto)

Na agência do BB no Centro, o lojista Nolar Gottsilig, 53 anos, saiu mais que angustiado. “Vou perder a venda de um carro se não encontrar um caixa aberto para meu cliente fazer a transferência do dinheiro”, contou. O consumidor veio de Sidrolândia para comprar um veículo na Capital. “Ele quer pagar à vista, mas não encontrou um banco aberto na cidade”, emendou o lojista.

Ele, inclusive, chegou a ser barrado no elevador da agência quando foi atrás de serviço interno. “A informação é de que ninguém sobe”, disse. “Desde o início da greve, pelo menos dois negócios perco por semana”, acrescentou. A paralisação entrou, nesta quinta-feira, para o 15º dia.

A pedagoga Gisele Cristina de Souza, 32 anos, foi outra que deixou o Banco do Brasil sem conseguir ser atendida. Ela foi em busca de uma ordem de pagamento superior a R$ 1 mil. “Sem esse dinheiro não tem como pagar minhas contas e vou ter de arcar com os juros”, lamentou.

Na agência da Caixa Econômica Federal da Rua 13 de Maio, esquina com Marechal Cândido Mariano Rondon, o serviço de depósito foi suspenso diante da paralisação dos funcionários da tesouraria. No mesmo banco, apenas dois, dos cerca de 10 caixas eletrônicos, estavam com dinheiro.

“Fiquei pelos menos uma hora para sacar o dinheiro”, relatou o aposentado Gilmar Rivarola, 57 anos. Segundo ele, faltam funcionários para fazer a manutenção dos caixas eletrônicos. “Pelos menos é isso que estão nos informando lá dentro”, contou.

No Bradesco da Rua Marechal Rondon, esquina com a Rua 13 de Maio, clientes também relataram o problema. Na agência, no entanto, segundo um estagiário, os bancários voltaram a atuar na sexta-feira (27).

Pouco adiante, no Banco Itaú, da Rua Marechal Rondon, a empresária Ana Claudia Monaco, 40 anos, saiu desolada. Ela procurou a “boca do caixa” para resolver o problema de um cheque que voltou. “O banco está fechado e, há duas semanas, estou acumulando problemas por conta da greve”, desabafou.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Grande, Iaci Azamor Torres, 91 das 100 agências da Capital e mais 10 do interior do Estado aderiram à greve, nesta quinta-feira. Ela informou que hoje presidentes dos sindicatos de vários estados estão reunidos em São Paulo para discutir o futuro da paralisação.

A categoria pede reajuste de 11,93%, o que representa aumento real de 5% acima da inflação. Outra reivindicação é o fim das demissões, das metas abusivas e da terceirização. O mês de setembro era a data-base para negociação salarial dos bancários.

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