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Capital

Greve dos médicos aumenta tempo de espera por atendimento nos postos

Categoria parou 70% do efetivo nas unidades ambulatoriais e 30% nos 24h; Servidores estão aguardando um posicionamento da Prefeitura de Campo Grande

Yarima Mecchi, Marcus Moura e Guilherme Henri | 26/06/2017 08:45
UPA do bairro Coronel Antonino. (Foto: Marcos Ermínio)
UPA do bairro Coronel Antonino. (Foto: Marcos Ermínio)

Com a greve dos médicos da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a espera para atendimento dos casos não urgentes é maior nos postos, em algumas situações o paciente vai embora sem conseguir a consulta que estava agendada. De acordo com o SinMed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), a categoria parou 70% nas unidades ambulatoriais e 30% nos 24h.

Na sexta-feira (23) a Prefeitura de Campo Grande conseguiu suspender na Justiça a greve marcada pelos médicos do município. Uma das ilegalidades apontadas pelo PGM (Procuradoria Geral do Município) para barrar a greve foi de que não foram esgotados todas as negociações entre médicos e a administração municipal. A categoria afirma que ainda não foi notificada oficialmente.

A dona de casa Romilda Caetano, de 51 anos, tinha uma consulta marcada para esta segunda-feira (26), mas depois de duas horas esperando foi avisada que não seria atendida. Ela chegou antes da UBS (Unidade Básica da Saúde) do Tiradentes abrir, às 5h30, e às 7h30 foi informada que ia ficar sem o serviço.

"O médico mesmo informou que não vai ter atendimento, que não é nem pelo reajuste e sim pelas condições de trabalho. Eles só irão atender a emergência. Eu acho que eles devem lutar pelos direitos deles, chegamos ao ponto de não ter nem remédio nos postos", disse.

Funcionários da Sesau. (Foto: Marcos Ermínio)
Funcionários da Sesau. (Foto: Marcos Ermínio)

Na UBS do bairro Coronel Antonino o padeiro Luís Pereira da Slva, de 55 anos, disse que não tem médicos. Ele chegou no local por volta das 3h para agendar uma consulta, mas foi informado que não tem clínico geral no local. A gerência do posto nega e diz que um servidor da categoria está na unidade.

"Preciso marcar uma cirurgia e fui informado que não tinha clínico geral na casa. A greve é um direito dos médicos reivindicar melhorias. O Brasil só funciona na pressão", avaliou.

Um mulher que se identificou como Maria também foi ao UBS Coronel Antonino, ela tinha uma consulta marcada e estava esperando atendimento. "O amor ao dinheiro é muito mais importante. Se os médicos não conseguem viver com o salário deles, imagina quem ganha um salário minimo", disse.

Pediatras - No UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino todos os médicos da escala foram trabalhar. De acordo com a tabela da Sesau, este é o único posto que tem pediatra nesta manhã.

"Temos seis clínicos gerais e cinco pediatras, todos vieram mas estão trabalhando em ritmo de greve, só casos urgentes", relatou uma funcionária que não quis se identificar.

De acordo com a secretaria, a escala de todos os postos de saúde estão completas nesta segunda-feira.

Atendimento - Nas unidades 24h apenas pacientes classificados como vermelho e amarelo serão consultados. No UPA do bairro Universitário os médicos começaram o plantão reavaliando os pacientes. Na unidade da Moreninha uma funcionária disse que as fichas estão sendo 'tiradas', mas casos classificados como azul não serão atendidos. No CRS (Centro Regional de Saúde) do bairro Coophavila II servidores disseram que a demanda está grande.

Diretor do SinMed, Renato Figueiredo. (Foto: Marcus Moura)
Diretor do SinMed, Renato Figueiredo. (Foto: Marcus Moura)

Sindicato - O diretor do SinMed, Renato Figueiredo, disse reforçou que a categoria está há três meses negociando com a Prefeitura de Campo Grande. Ele também ressaltou que ainda não foram notificados oficialmente sobre a decisão da Justiça. "Vamos nos reunir em assembleia e decidir que atitude tomar. Fomos avisados pela imprensa e não pela Justiça", ressaltou.

Ainda de acordo com ele, a greve também é por melhores condições de trabalho. "Não é só salário e inflação. Queremos condições melhores de trabalho, quem é usuário do SUS (Sistema Único de Saúde) sabe como está o funcionamento e sabe o que precisa melhorar", ressaltou.

Os médicos não descartam encerrar a greve antes dos 10 dias previstos, eles estão aguardando um posicionamento da Prefeitura de Campo Grande. "A partir do momento que sinalizar uma conversa descente, vamos parar e conversar dignamente. Precisar ser iniciado o diálogo digno".

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