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Capital

Greve dos médicos prejudica realização de 150 exames por dia

Michel Faustino | 27/05/2015 18:25
Maria Aparecida estava com exame marcado há quase dois meses e saiu sem atendimento. (Foto: Marcos Ermínio)
Maria Aparecida estava com exame marcado há quase dois meses e saiu sem atendimento. (Foto: Marcos Ermínio)
Aline diz que não consegue dar encaminhamento ao tratamento da depressão por conta da instabilidade na saúde. (Foto: Marcos Ermínio)
Aline diz que não consegue dar encaminhamento ao tratamento da depressão por conta da instabilidade na saúde. (Foto: Marcos Ermínio)

Ao menos 150 exames estão deixando de ser realizados por dia por conta da greve dos médicos que atuam na rede municipal de Saúde de Campo Grande, que já dura 13 dias. Com a ausência dos profissionais, alguns procedimentos agendados há mais de dois meses estão sendo adiados, e os pacientes indo para casa sem expectativa de retorno.

A dona de casa Maria Aparecida Soares, de 36 anos, diz que estava com um exame de ultrassom agendado para esta quarta-feira (27) há mais de um mês, e hoje ao chegar no CEM (Centro Especializado Municipal) foi informada de que não poderia realizar o procedimento por conta da falta de médico. Atualmente morando em Bandeirantes, a 70 quilômetros de Campo Grande, ela enfrentou viagem de cerca de 1 hora de carro.

“Eu cheguei aqui e fui informada que não tinha médico por causa da greve e ai eu não poderia fazer o exame. Na verdade é porque não tinha como fazer o acompanhamento. E o pior é que ninguém avisou e como estava marcado faz tempo eu achei que tava tudo certo. Agora vou ter que voltar pra minha cidade sem fazer o exame, e sem previsão de quando vou poder fazer de novo ”, lamentou.

No meio de um tratamento da depressão, Aline Nascimento Pedral, 35 anos, teve um “baque” ao procurar o CEM, também na tarde de hoje, e saber que não poderia ser atendida.

“Eu faço um tratamento contra a depressão e estou fazendo acompanhamento por aqui. E meus remédios acabaram e eu precisei voltar. Ao chegar aqui me falaram que eu não poderia ser atendida no momento, que não tinha médico e que não tinha os remédios. Agora eu saio frustrada e isso não é bom para a minha doença. Infelizmente nós temos que sofrer com esse descaso”, disse.

Segundo o diretor geral do CEM, Paulo Batista Gomes, desde o início da greve dos médicos cerca de 600 consultas e 150 exames que estavam agendados na unidade deixaram de ser realizados.

Segundo ele, foi montada uma “força-tarefa” na tentativa de comunicar os pacientes, para que eles “não percam a viagem”.

“Nós estamos fazendo um levantamento das consultas e exames agendados para poder avisar os pacientes que por conta da greve não vai dar para fazer. Mas, a gente não consegue chegar a todo mundo e por isso tem esse procura e por consequência a pessoa sai daqui ser atendido”, disse.

Polêmica – A Justiça acatou pedido da prefeitura e ordenou a volta imediata da categoria aos postos de trabalho sob pena de multa diária de R$ 30 mil. Entretanto, em assembleia, os profissionais decidiram ignorar a sentença e prosseguir com apenas 30% do efetivo em atendimento.

Diante da desobediência, o município ajuizou outra ação, desta vez pedindo a prisão do presidente do Sindmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Valdir Shigueiro Siroma. O caso está na mesa do desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte para emitir uma decisão.

A entidade se defendeu alegando que a assessoria jurídica orientou os grevistas a respeito dos riscos em continuar com o movimento, mas a decisão, tomada de forma coletiva, deliberou ao contrário.

Os médicos desencadearam a paralisação após terem as gratificações salariais cortadas. A prefeitura alega que a medida foi tomada diante das dificuldades financeiras que a cidade enfrenta.

Fim do impasse ? - Nesta quarta-feira (27) a prefeitura encaminhou nova proposta para os médicos que pode por fim a grave. Entre outros pontos, a proposta prevê o retorno das gratificações e reajuste salarial para o segundo semestre deste ano. Os médicos devem avaliar em assembleia que será realizada nesta noite.

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