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Capital

Gripe que superlota postos ainda é reflexo da pandemia, diz pneumologista

Baixa procura pela vacina contra a influenza é outra explicação para alta demanda

Por Cassia Modena | 07/04/2025 13:19
Gripe que superlota postos ainda é reflexo da pandemia, diz pneumologista
Espera no Hospital Unimed de Campo Grande nesta manhã: demanda alta não é exclusividade da rede pública (Foto: Gabi Cenciarelli)

Que gripe é essa que está levando tanta gente ao pronto socorro e até à internação?

RESUMO

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A antecipação da sazonalidade dos vírus respiratórios, como a influenza, está lotando hospitais em Campo Grande, segundo a pneumologista Andrea Cunha. A pandemia de covid-19 alterou os padrões de circulação desses vírus, que agora aparecem antes do esperado. A vacinação contra a influenza começou em março, mas a circulação viral se antecipou, pegando muitos desprevenidos. A médica destaca sintomas intensos, como febre e dor muscular, que duram cerca de cinco dias. A Prefeitura ativou o COE para monitorar a situação e planeja ampliar a vacinação e abrir novos leitos. Andrea recomenda observar sintomas antes de buscar atendimento médico.

O outono é época de circulação de várias doenças que afetam o sistema respiratório, mas antes mesmo da estação chegar, locais de atendimento da rede pública e privada de Campo Grande já estavam cheios.

A resposta está aí, segundo a médica pneumologista Andrea Cunha: houve uma antecipação da sazonalidade dos vírus e uma certa bagunça no ar desde que começou a pandemia de covid-19.

Antes da covid, era bem marcada a época de circulação de alguns vírus. Uns como o rinovírus começavam a aparecer no meio de abril e iam até agosto, por exemplo. Outros não antecipavam o surgimento tanto quanto a influenza está antecipando. A pandemia mudou um pouco os padrões, tem vírus circulando antes da época prevista, principalmente a influenza", explica Andrea.

A vacinação contra a influenza está disponível nos postos de saúde de Campo Grande desde 27 de março. Nas clínicas particulares, ela geralmente começa a chegar também no fim daquele mês. "Mas a circulação começou antes dessas datas, este ano. Não dá tempo das pessoas e principalmente os grupos vulneráveis se preparem", complementa a médica.

Gripe que superlota postos ainda é reflexo da pandemia, diz pneumologista
Idoso é vacinado contra a influenza em posto de saúde da Capital (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Teorias sobre os motivos da mudança de padrão citada por Andrea passam por mudança de comportamento e queda dos índices de vacinação.

"Um pouco é porque entrou outro vírus circulante, que causa a covid-19, e houve isolamento e uso de máscara para prevenir. Outra explicação é que houve mudança comportamental mesmo após isso, e as pessoas estão mais isoladas. Isso estaria mudando os padrões que a gente via antes", começa.

"Além disso, pode ter havido um desgaste na questão da vacinação. As pessoas não estão procurando vacinas como antes e estão adoecendo mais", continua.

Gripe que superlota postos ainda é reflexo da pandemia, diz pneumologista
UPA Coronel Antonino tem gente esperando também no lado de fora (Foto: Osmar Veiga/Arquivo)

A médica conta ainda ter percebido sintomas mais intensos nos casos leves, que atrapalham a rotina dos pacientes. "Febre, prostração, muita dor muscular, falta de apetite têm durado em torno de 5 dias", cita.

Mais sérios - Quando se complicam ou abrem portas outra infecção por bactérias, por exemplo, os casos podem virar SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e demandar vaga em hospital.

Os números de internações no comparativo dos dois anos são próximos na Capital. No entanto, há diferenças que chamam atenção: a quantidade não cai desde a 7ª semana epidemiológica de 2025 e houve um pico de 95 casos não visto no ano anterior, como mostra o gráfico abaixo.

Gripe que superlota postos ainda é reflexo da pandemia, diz pneumologista
Arte: Thainara Fontoura

Bebês e crianças até 4 anos representam a maioria dos casos de SRAG, também segundo os dados da Sesau. Já as mortes são desfecho que mais aparece nos quadros em idosos com 70 anos ou mais.

A SRAG resultou em menos óbitos até agora (40) na comparação com os dados do passado (65), que consideram o intervalo entre a 1ª e a 13ª semana epidemiológica.

Medidas - Para acompanhar esse aumento e adotar medidas especiais, a Prefeitura de Campo Grande ativou o COE (Centro de Operações Especiais) na semana passada. No ano passado, foi dada essa mesma resposta diante do aumento de mortes.

Gripe que superlota postos ainda é reflexo da pandemia, diz pneumologista
Prefeita Adriane Lopes (de costas) e membros da Sesau durante reunião que ativou o COE (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Durante reunião que tornou oficial a estratégia, a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, comentou que existem dados científicos sobre a maior "virulência" do vírus influenza, que predomina entre os casos leves, mas também está presente entre SRAGs.

Técnicos da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informaram que a pasta vai enviar vacinadores até casas de acolhimento para idosos, tanto públicas quanto privadas, e às escolas para ampliar o número de imunizados contra o vírus.

Entre as demais medidas tomadas estão o envio de equipe móvel para atender em unidades de saúde mais lotadas e consulta à possibilidade de abertura de novos leitos. Segundo a Saúde, foi identificada a capacidade de 50 novas vagas para adultos. Hospitais que têm convênio com a Sesau e foram consultados afirmaram que não há mais leitos pediátricos disponíveis para pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).

O que fazer - A pneumologista Andrea Cunha orienta que o melhor a fazer caso tenha algum sintoma gripal, é observar quais são eles e como evoluem, antes de procurar atendimento.

Se houver febre por 48 horas, mudança de cor na secreção entre um dia e outro e falta de ar, a recomendação é procurar o pronto socorro.

Quando os sintomas são mais leves, podem ser tratados pelo próprio paciente. "Pode fazer uso de soro fisiológico para limpeza nasal e tomar analgésicos e antitérmicos", finaliza.

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