Guarda agiu após ser desacatada, diz secretário sobre tumulto em evento natalino
Chamado por vereadores, chefe da Segurança de Campo Grande foi à Câmara para prestar esclarecimentos
RESUMO
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Durante evento natalino em Campo Grande, a Guarda Civil Metropolitana entrou em confronto com manifestantes na Rua 14 de Julho. O secretário Anderson Gonzaga prestou esclarecimentos à Câmara Municipal sobre o incidente, que resultou na prisão de duas pessoas por desacato. O protesto foi realizado por mães de crianças com deficiência que reivindicavam melhorias no atendimento especializado. Segundo o secretário, os manifestantes teriam invadido o evento infantil com cornetas e faixas. A prefeita Adriane Lopes defendeu a ação da Guarda, afirmando que a corporação estava no local para proteger as famílias.
Convocado por ofício dos vereadores, o titular da Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social) de Campo Grande, Anderson Gonzaga, compareceu à Câmara Municipal nesta quinta-feira (4) para prestar esclarecimentos sobre a atuação da Guarda Civil Metropolitana durante a confusão registrada no último sábado (29), durante o evento “Natal dos Sonhos”, na Rua 14 de Julho.
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A confusão foi registrada em vídeos e, segundo a vereadora Luíza Ribeiro (PT), uma das manifestantes foi "brutalmente agredida".
Diante da situação e repercussão do caso, os vereadores chamaram o secretário da Sesdes, pasta responsável pela Guarda Civil Metropolitana de Campo Grande, para dar esclarecimentos sobre o ocorrido. A sessão foi marcada pela presença de quase todos os parlamentares - exceto o presidente Epaminondas Neto, o Papy (PSDB) - e foi presidida pelo vereador Rafael Tavares (PL).
Gonzaga começou falando que os manifestantes “estavam atrapalhando o evento” e a Guarda tentou dialogar, mas “eles reagiram mal”, chegando a chamar os guardas de “vagabundos” e “pau-mandado da prefeita”. Duas pessoas foram presas por desacato, uma delas portando um canivete. O secretário afirmou que não houve ordem da prefeita para as prisões e que os guardas agiram por flagrante de ofensa aos agentes públicos.
Ele também ressaltou que os vídeos que circularam nas redes sociais são “cortes” e que as imagens completas foram reunidas e encaminhadas ao Ministério Público. Anderson levou fotos impressas do evento para apresentar aos vereadores.
Luíza Ribeiro e Marquinhos Trad (PDT) foram incisivos nos questionamentos. Gonzaga negou que as medidas tenham sido orientadas pela prefeita e fez extensa defesa da atuação da Guarda, citando a Constituição Federal para justificar a ação. “Vivemos para o democrático, livre à manifestação. Porém, a Constituição é clara: todos podem se reunir pacificamente, sem armas, desde que não frustrem outra reunião previamente convocada. Aquela manifestação estava ocorrendo de forma legal na 14 com Afonso Pena, e nós estávamos com um evento da Prefeitura na Marechal Mariano com a 14 de Julho”.
Gonzaga destacou que a Guarda apoiou inicialmente o protesto e que isso sempre foi a conduta da corporação: “Estávamos dando total apoio, como a Guarda sempre fez". O problema, segundo ele, ocorreu quando o grupo de manifestantes se deslocou ao evento infantil: “Eles invadiram esse evento. Chegaram com corneta, faixas, pedaços de pau, onde estavam crianças especiais, cadeirantes, idosos, mulheres”.
Segundo o secretário, a prisão ocorreu em flagrante. "Um desacato a servidor público é prisão. Atacaram, xingaram, ofenderam todos os agentes da Guarda." Ele reiterou que tudo será apurado. "A ação vai ser apurada com transparência total pelo Ministério Público e pela Polícia Civil. A Corregedoria já abriu procedimento. Vamos entregar todas as provas."
A vereadora Luíza Ribeiro reagiu quando Anderson mencionou que manifestantes tinham passagens policiais. “Mesmo que ele tenha ficha, ele tem direito à participação. É perigoso começar a dizer que quem tem anotação não pode participar de manifestação porque é indiciado.” Ela reforçou: “Não podemos criminalizar as pessoas. Manifestação é um direito do cidadão.”
Já o vereador Sílvio Pitu (PSDB) destacou que é preciso identificar quem são os manifestantes. “Ninguém está dizendo que não pode se manifestar. Mas a Guarda também precisa saber quem são os manifestantes, porque ultrapassou o limite da tranquilidade”.
O vereador Rafael Tavares, autor do ofício ao secretário, disse que os esclarecimentos são necessários para a transparência do que ocorreu naquela noite. "Muitas informações chegam pela imprensa ou por meio de vídeos editados, e isso acaba causando desinformação. Então, o nosso objetivo foi trazer o secretário aqui, que é o responsável pela segurança de Campo Grande. As apurações devem ser feitas. Afinal de contas, o nosso papel como vereador é dar o máximo de transparência ao serviço público."
Na terça-feira (2), a prefeita Adriane Lopes (PP) defendeu a atuação da Guarda Civil durante o evento natalino que reuniu mais de 10 mil pessoas. Ela afirmou que a corporação estava no local para “proteger as famílias e as crianças” e criticou o comportamento de um grupo de 12 a 15 pessoas que, segundo ela, “se organizou para atrapalhar o evento”.
A prefeita também destacou investimentos feitos na Guarda desde o início de sua gestão e classificou a corporação como a “terceira melhor do país”. Reforçou, ainda, que as duas pessoas detidas tinham “50 passagens pela polícia” e criticou o fato de um dos envolvidos ser professor: “Um professor que vai para um evento infantil e movimenta criminosos para estar em um evento pacífico”.
O protesto - A manifestação no sábado (29) foi realizada por mães de crianças com deficiência e transtornos do neurodesenvolvimento, como TEA (Transtorno do Espectro Autista) e síndrome de Down, que cobravam melhores condições de atendimento especializado e insumos.
Vídeo mostra a confusão. A Guarda orientou que o grupo se afastasse, mas, após o tumulto, duas pessoas foram detidas por desacato. Uma delas estava com um canivete.
A vereadora Luíza Ribeiro relatou nas redes sociais que uma das mães teria sido agredida enquanto gravava a ação da Guarda.
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