Há dois anos, som de trovão é pânico para quem viu casa ser tomada por enxurrada
Conforme o relato dos moradores, a água da chuva vem do Jardim Noroeste e acaba escoando no Panorama
Há quase dois anos, o simples som do trovão se tornou motivo de pânico para os moradores da Rua Ponta Grossa, no Panorama. Muitos testemunharam vizinhos terem a casa invadida pela enxurrada e, quem foi vítima, afirma ter tido prejuízo que já ultrapassou os R$ 300 mil. O motivo da mudança no curso da água da chuva no trecho afetado é, segundo um dos moradores, os bueiros entupidos.
RESUMO
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Nos últimos dois anos, a Rua Ponta Grossa, no Jardim Panorama, tem enfrentado sérios problemas de alagamento devido a chuvas intensas, resultando em danos significativos às residências. Moradores relatam prejuízos que ultrapassam R$ 300 mil, com casas sendo invadidas por enxurradas e estruturas comprometidas. A situação é atribuída a bueiros entupidos e ao escoamento inadequado da água da chuva, que provoca acúmulo e força a água a invadir propriedades. A preocupação com a segurança das crianças durante tempestades é constante entre os residentes, que também enfrentam danos estruturais, como buracos e infiltrações em suas casas, levando até ao abandono de algumas residências afetadas.
O músico Victor Prado Gregório, 41 anos, contou ao Campo Grande News que tinha acabado de desembarcar em Recife (PE) quando recebeu uma videochamada do vizinho, mostrando que sua casa estava inundada pela água da chuva, em 4 de janeiro de 2023. A mesma situação aconteceu com a vizinha exatamente um ano depois, em 2024. Nos dois casos, a força da água fez com que as paredes das casas cedessem.
Ele relata que, mesmo com o prejuízo de R$ 300 mil, que não foi coberto pela seguradora, a vontade é de permanecer no Panorama. "Eu fui atrás para ver de onde vinha essa água. Quando chove no Jardim Noroeste, ela passa ela MS-262, e vem descendo pelos terrenos baldios com muita força. A quadra se transforma em uma bacia, e a água acumula na parede aqui de casa e na dos vizinhos", explicou o músico.
Para a assistente pedagógica Beatriz Regina, de 28 anos, que mora há quatro anos na região com os filhos de 15, 11 e 9 anos, a chuva é motivo de preocupação constante. "Ontem mesmo estava trovejando e eu pensei 'meu Deus, minhas crianças estão em casa'. Mas quando eles vão para a escola é um alívio, porque pelo menos se acontecer alguma coisa eles não estão em casa", contou ela.
Ao fundo da casa de Beatriz, um buraco se abriu devido à última enxurrada, em 26 de outubro. O pai precisou subir na escada para trocar uma telha e descobriu o buraco de um metro. "Eu não sei como que ainda não arrebentou o meu muro. A água fica muito alta, e infiltra toda a minha parede. No mês passado, era 3h e eu escutei o barulho do muro da vizinha cedendo com a força da chuva. Ainda bem que a água seguiu por lá, senão tinha sido a minha casa", finalizou ela.
A casa atingida pela enxurrada no mês passado, é a mesma residência que foi tomada pela água em 4 de janeiro deste ano. Os moradores, segundo os vizinhos, abandonaram a casa depois do ocorrido. As marcas da enxurrada ainda podem ser vistas no portão, com pequenos lixos e barros grudados.
Trabalhando há 23 anos na Avenida Redentor, à beira da BR-262, Rodinaldo da Silva, 51 anos, relata que as chuvas vindas do Jardim Noroeste sempre foram "mais fortes". Segundo ele, como o escoamento não funciona adequadamente, a enxurrada invade o comércio e os terrenos baldios. As grades se tornam "peneiras" para a sujeira trazida pela água.
Para ele, um dos problemas é a boca de lobo entupida há, pelo menos, dois anos. "Eu chegava aqui de madrugada e às vezes estava tudo cheio. Era muito prejuízo, pois atingia os maquinários e produtos. Nós fizemos uns quebra-molas para tentar resolver, mas quando chove a água ainda desce a rampa", contou ele.
O Campo Grande News entrou em contato com a prefeitura para obter uma respostas sobre os problemas relatados, mas até o momento não houve posicionamento. O espaço segue aberto.
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