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Capital

Investimento em inteligência e tecnologia frearão facções em MS, diz magistrada

MS tem seis organizações criminosas na ativa, sendo o PCC e o Comando Vermelho com maior domínio

Por Viviane Oliveira | 17/03/2025 08:35
Investimento em inteligência e tecnologia frearão facções em MS, diz magistrada
Ivana David (de blusa roxa) quando veio a Campo Grande para ministrar formação aos juízes substitutos do Estado (Foto: TJMS/Divulgação)

“Mato Grosso do Sul é um Estado sensível para o crime organizado”. É o que diz a desembargadora Ivana David, do TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), especialista em debater o tema, que esteve em Campo Grande, para ministrar formação aos juízes substitutos de MS. Ela defende o avanço dos trabalhos de inteligência investigativa com o auxílio da tecnologia para frear o avanço das facções.

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A desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São Paulo, destacou a vulnerabilidade de Mato Grosso do Sul ao crime organizado devido às suas fronteiras, que facilitam o tráfico de drogas e armas. Em visita a Campo Grande, ela enfatizou a necessidade de investigações tecnológicas e o isolamento de líderes de facções criminosas para combater o problema. O Brasil possui 88 facções, com o PCC e o CV sendo as principais no estado. Ivana também ressaltou a importância de bloqueadores de celular nos presídios e a troca de informações entre órgãos de segurança para enfrentar o crime organizado, que se assemelha a uma empresa lucrativa e bem estruturada.

O Brasil, conforme o MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública), possui 88 facções criminosas. Em Mato Grosso do Sul, seis delas estão na ativa, sendo o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho), que disputam o domínio do tráfico de drogas e brigam por poder, principalmente econômico, as mais atuantes.

As outras quatro – “Os mano”, do Rio Grande do Sul; Primeiro Comando Catarinense, de Santa Catarina; Sindicato do Crime, do Rio Grande do Norte; e Bonde do Maluco, da Bahia – surgiram com a chegada de quem é ligado a elas ao Estado.

Em entrevista por telefone para o Campo Grande News, Ivana citou as fronteiras de MS como porta de entrada de drogas e armas para o Brasil, que são exportadas para a África e a Europa. “Somos o segundo consumidor de cocaína do mundo e perdemos só para os Estados Unidos”, pontuou.

Para combater esse tipo de crime, destaca a desembargadora, só o uso de inteligência e tecnologia, a identificação e o isolamento das lideranças de facções criminosas – quando previsto em lei, nos presídios federais –, além da retirada de valores, produtos e proventos do crime, como forma de diminuir o poder econômico das organizações criminosas. “As características de uma organização criminosa são hierarquia, divisão de tarefas, lucro, simbiose com o Estado e uso de violência", explicou.

Investimento em inteligência e tecnologia frearão facções em MS, diz magistrada
Pichação no distrito de Anhanduí: uma demonstração do poder do PCC na região (Foto: Campo Grande News/Arquivo)

Indagada sobre a atuação das facções dentro dos presídios, Ivana afirmou que o Estado deve investir em tecnologia, como bloqueadores de celular eficientes. “Os estados resistem muito por inúmeras questões, entre elas o custo”, afirmou. Outra medida destacada pela juíza para combater o crime organizado é a investigação por meio de inteligência, incluindo a cooperação internacional, a troca eficiente de informações entre policiais e demais agentes do sistema de segurança pública.

A magistrada cita ainda que o crime organizado é uma “empresa” muito bem estruturada, com uma vasta rede de opções para a lavagem de dinheiro, como as criptomoedas, e envolve fábricas clandestinas de drogas, contrabando, pirataria, tráfico de pessoas, trabalho escravo, prostituição, tráfico de órgãos e terrorismo. “O narcotráfico gera muito lucro e, por isso, precisam lavar esses valores para movimentar e usufruir de todos esses dividendos", destacou.

Ainda de acordo com a desembargadora, para policiais, promotores e juízes, combater essa ação criminosa é bastante complexo e demanda que as denúncias da sociedade cheguem ao sistema de Justiça, para que condutas combativas possam ser adotadas, além de modernizar a forma de processar esses casos e provas, utilizando tecnologia.

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