Ipês amarelos transformam rua em espetáculo de cor e atraem famílias

A manhã ensolarada deste sábado (30) ganhou outro brilho na Rua Estrela do Sul, região dos Vilas Boas, em Campo Grande. Três ipês amarelos, carregados de flores, transformaram a calçada em passarela dourada, onde passos se tornaram mais lentos, olhos se voltaram para o alto e celulares disputaram espaço com suspiros.

Quem passou pela via não resistiu: muitos pararam para admirar, registrar em fotos e, sobretudo, sentir. Entre famílias inteiras e casais apaixonados, cada olhar parecia reconhecer no amarelo intenso mais do que a simples beleza de uma árvore. Havia memória, tradição e até religiosidade nas interpretações.

A professora Lucília Defante, 37 anos, trouxe os filhos Vicente, de 5 anos, e Rosa, de 3, para testemunhar o espetáculo. Carioca, mas moradora de Campo Grande há dez anos, ela diz que aprendeu a enxergar na florada dos ipês uma das maiores riquezas da cidade.

“A árvore do ipê tem uma magia, algo sobrenatural que traz uma alegria muito grande quando a gente contempla. Lembra os anjos, Deus, o céu. Eu procuro passar esse encanto para os meus filhos”, disse.

Lucília confessa que a cor amarela não é a sua preferida, já que o rosa a encanta mais, mas reconhece o poder de cada pétala. “É indispensável que as crianças cresçam admirando aquilo que é belo na natureza. E nada mais belo do que um ipê, principalmente quando floresce desse jeito.”

Tradição - Do outro lado da calçada, a assistente social Lúcia Nunes da Silva, 51, segurava pela mão a pequena Sara Vitória, de 8 anos. Para elas, os ipês da Estrela do Sul já são parte da história da família.

“Todo ano a gente vem. Desde quando ela era bebê temos fotos aqui. É maravilhoso demais. Cada cor é linda, não tem como escolher”, contou.

Moradora da região da Três Barras, Lúcia diz que a proximidade facilita manter a tradição. Para Sara, o encantamento vem da simplicidade: “Meus bebês já se apaixonam por flores”, comentou a mãe, orgulhosa.

O amor que floresce junto — Casados há 27 anos, o contador Emerson Rodrigues Frias, 50, e a fisioterapeuta Fernanda Pesconi, 46, não escondem: são apaixonados pelos ipês. Moradores da Quintino Bocaiuva, eles aproveitam cada florada como se fosse um presente da cidade.

“Nós somos curtidores de ipês. Adoramos Campo Grande por essa beleza espetacular”, disse Emerson. “Estivemos em Piraputanga neste fim de semana só para ver ipê. Está começando a florir lá. Mas esses aqui estão maravilhosos”, completou Fernanda.

Para o casal, contemplar a natureza é quase um ritual. “A gente gosta de caminhar nos parques, curtir o Pantanal, aproveitar cada estação. O ipê é um dos pontos altos da vida em Campo Grande”, resumiram.

Entre os mais jovens, a estudante Camila Pesconi, 17, também não resistiu ao amarelo. Moradora próxima, ela aproveitou o caminho até a casa da avó para desviar a rota com a família. “A gente viu de longe, estava muito lindo. Viemos tirar foto para postar no Instagram. Esse ipê aqui está redondinho, perfeito. É importante preservar, porque enriquece a cidade”, afirmou.

Campo Grande, conhecida como Capital dos Ipês, concentra milhares de exemplares espalhados em avenidas e bairros. Segundo o Plano Diretor de Arborização Urbana, coordenado pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano), a floração do ipê-amarelo ocorre entre julho e setembro, logo após o período de estiagem, quando as árvores perdem as folhas.

De acordo com o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), a duração da florada varia de cinco a 10 dias, dependendo das condições climáticas. Primeiro floresce o ipê-roxo, depois o amarelo e, por fim, o branco, ciclo que colore a cidade e marca a transição para a primavera.

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