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Capital

Jovem decapitada morreu após tentar recuperar chinelo furtado

As investigações chegaram aos nomes de 15 autores, três deles adolescentes. Nove dos suspeitos estão presos e um está foragida

Geisy Garnes | 10/10/2018 17:45
As investigações identificaram 15 envolvidos. Nove estão presos, três adolescentes apreendidos e uma suspeita foragida (Foto: Geisy Garnes)
As investigações identificaram 15 envolvidos. Nove estão presos, três adolescentes apreendidos e uma suspeita foragida (Foto: Geisy Garnes)

A DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) apresentou nesta quarta-feira (10) os envolvidos na morte de Joice Viana Amorim, de 21 anos - encontrada decapitada no dia 14 de maio em Campo Grande. As investigações chegaram aos nomes de 15 autores, três deles adolescentes.

Após 10 dias desaparecida, a jovem foi encontrada em estrada vicinal que dá acesso à Avenida Wilson Paes de Barros, entre os Bairros Santa Emília e Nova Campo Grande, com as mãos amarradas e sem a cabeça.

O crime, segundo a polícia, aconteceu depois que a vítima tentou “recuperar” um chinelo furtado afirmando ser integrante do CV (Comando Vermelho). O envolvimento de Joice com os autores começaram dias antes, quando conheceu Weslley Marques da Rosa, o “Cabecinha” de 25 anos, em uma festa.

Os dois ficaram naquele dia e o homem a levou para uma casa usada como boca de fumo no Jardim Colorado. O local pertencia a um adolescente de 17 anos, que com a mãe e o pai preso, morava sozinho na residência e vendia drogas para Marcos Felipe Dias Lopes, o“Correria” de 19 anos, integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) que respondia como o disciplina do bairro.

Joice permaneceu na casa com “Cabecinha” por dois dias, mas na noite do dia 13 de maio percebeu que os chinelos haviam sumido. Eles tinham sido furtados por um adolescente de 14 anos, amigo do “dono” da casa, que também tinha o hábito de ficar no local, usando drogas com o morador e outro adolescente, de 16 anos.

“Joice pediu para eles devolverem o chinelo, pediu respeito e falou que era integrante do Comando Vermelho”, contou o delegado. Simpatizantes da facção rival, resolveram ligar para Marcos Felipe para relatar a situação. Chefe do PCC no bairro, “Correria” ordenou que Ygor Matheus Dutra dos Santos, de 19 anos fosse a casa confirmar a versão dos adolescentes.

Mais uma vez, Joice afirmou ser do Comando Vermelho. Acompanhado de Eloir Anjos de Oliveira, o “Mil Grau”, de 52 anos e Lucas de Silva, de 19 anos, “Correria” foi até a casa do adolescente para iniciar o julgamento da vítima. “Eles foram lá com esse propósito. Por se tratar de uma mulher, chamaram duas lideranças femininas da facção”.

É nesse momento que entram Isabella Sanches dos Santos, conhecida como Belinha, de 22 anos e Miria Helena Júlio Paschuin, conhecida como Pandinha, de 21 anos - uma das principais lideranças feminina do PCC no Estado. Joice foi julgada por videoconferência por integrantes da facção de dentro de de fora do presídio.

Ao centro, Danilo, apontado pela polícia como o responsável por matar a vítima (Foto: Geisy Garnes)
Ao centro, Danilo, apontado pela polícia como o responsável por matar a vítima (Foto: Geisy Garnes)
Joice foi morta em maio deste ano, após gravar um vídeo em que confessa ser o Comando Vermelho (Foto: reprodução vídeo)
Joice foi morta em maio deste ano, após gravar um vídeo em que confessa ser o Comando Vermelho (Foto: reprodução vídeo)

Segunda cantoneira - No entanto, como a casa do adolescente havia sido alvo de ações da polícia dias antes, os suspeito resolveram levar Joice para outra casa. Por telefone, um interno do sistema prisional de Campo Grande providenciou a segunda cantoneira - como são chamadas as casas usadas pela facção durante os julgamentos.

Na ligação feita a Danilo de Souza Brito, conhecido como Endemoniado e Satã, de 19 anos, o interno pediu para que ele arrumasse a casa e ainda fosse buscar Joice na Vila Carlota. A casa usada pelo grupo foi a de Davi Migulão, de 19 anos, que também usava o imóvel como boca de fumo.

Junto com Ghian Lucas Martinez, vulgo “Xoropinho” e no carro de Wellison de Souza Silveira, o Zé Cotó, ambos de 23 anos, Danilo foi buscar a vítima. Eles voltaram para a casa de Davi com Joice e também Miria, responsável por continuar o julgamento na segunda cantoneira.

Foi na casa do Santa Emília que Joice foi forçada a gravar um vídeo em que confessava ser integrante do Comando Vermelho. Nas imagens, gravadas durante a noite, a jovem aparece sentada em uma cadeira de plástico verde, vestida com um casaco vermelho - o mesmo usado pelos criminosos para amarrar as mãos da jovem durante o assassinato.

Durante a execução, Miria segurou a vítima e Danilo cortou o pescoço da jovem. “Davi estava dormindo e quando acordou presenciou o fim do crime. Ele se desesperou, mas pegou uma lona, enrolaram o corpo e colocaram no porta-malas do carro do “Zé Cotó”, e deixaram a vítima na estrada vicinal em que ela foi encontrada”.

Quando a polícia chegou a casa de Davi descobriu que ele chegou a tirar os azulejos da lavanderia, no local exato usado como “plano de fundo” para o filme. “Ele falou que tirou porque se o portão estivesse aberto as pessoas conseguiram ver o azulejo”. As peças foram encontradas jogadas no quintal da casa.

A perícia também esteve no local, conferiu o cenário com o vídeo e também encontrou vestígios de sangue que comprovaram que Joice foi assassinada ali. A polícia também apontou o nome de Thiago Velasques de Souza, de 31 anos, como um dos autores que estava na casa no momento do assassinato.

Thiago foi morto dias depois em uma troca de tiros com a polícia durante a tentativa de roubo ao Banco do Brasil em Terenos, no dia 16 de junho. Dos outros suspeitos, nove estão presos, os três adolescentes apreendidos e uma foragida. Isabella Sanches dos Santos está com o mandado de prisão preventiva decretado e é procurada.

“O Davi está em liberdade. Ele colaborou durante as investigações e segundo as investigações teve uma participação menor no crime”, explicou o delegado.

Confira a galeria de imagens:

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