ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEGUNDA  25    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Juiz nega separar júris para réus por matar Sophia, mas marca nova data

Julgamento acontecerá uma semana antes do previsto, a pedido da defesa da mãe da criança

Por Anahi Zurutuza | 04/10/2024 18:41
Christian e Stephanie em uma das audiências de instrução do processo pelo homicídio de Sophia (Foto: Juliano Almeida/Arquivo)
Christian e Stephanie em uma das audiências de instrução do processo pelo homicídio de Sophia (Foto: Juliano Almeida/Arquivo)

O juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, negou separar os julgamentos dos acusados de matar a menina Sophia Ocampo, de 2 anos e 7 meses. Ele, contudo, decidiu antecipar o júri popular em uma semana, para os dias 21 e 22 de novembro, de maneira a conciliar as agendas dos promotores de justiça e da defesa da ré Stephanie de Jesus da Silva, de 25 anos.

O time que defende a mãe da menina, morta aos 2 anos e 7 meses, tentou convencer o Judiciário, novamente, que a acusada merecida ser julgada longe de Christian Campoçano Leitheim, réu por espancar a enteada até a morte, porque as linhas de defesa são conflitantes.

“Os réus possuem defesas colidentes”, argumentaram Camila Garcia de Rezende, Katiussa do Prado Jara e Herika Cristina dos Santos Ratto, que agora contam com o advogado Alex Viana de Melo na equipe, e completaram: “para evitar tumultos, é imprescindível a separação do julgamento”.

O juiz do caso, contudo, tem entendimento diferente. “O alegado conflito de defesa não se justifica neste caso específico porque são advogados diferentes, sendo comum julgamentos nesta 2ª Vara do Júri e noutras varas do país sem que haja qualquer nulidade. Somente ocorre nulidade se for o mesmo advogado, pois não pode defender interesses opostos”.

Tramitação – Quase 11 meses depois da morte da menina Sophia, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, entendeu, em dezembro do ano passado, haver indícios suficientes para levar o padrasto da garotinha e a mãe dela a júri popular, ambos pela acusação de matar a criança.

As defesas recorreram da sentença de pronúncia e os recursos ainda estavam pendentes de julgamento no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) quando as advogadas de Stephanie protocolaram o pedido de desistência. O objetivo já era garantir que a cliente fosse julgada separadamente, mas numa manobra para impedir o desmembramento do processo, advogados de Christian Leitheim também desistiram de questionar a decisão de Pereira dos Santos.

Homologadas as desistências de recursos pelo tribunal, o juiz marcou o júri para o início de outubro, e depois adiou o julgamento para os dias 27 e 28 de novembro a pedido do Ministério Público. A defesa de Stephanie também alega que não estará completa no fim do próximo mês “devido a um compromisso previamente agendado”, sem explicar qual.

A acusação – Na tarde do dia 26 de janeiro de 2023, Sophia deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, no norte de Campo Grande, já sem vida. Inicialmente, a mãe, Stephanie, que foi até lá sozinha com a garota nos braços, sustentou versão de que ela havia passado mal, mas investigação médica encontrou lesões pelo corpo, além de constatar que a morte havia ocorrido cerca de quatro horas antes da chegada ao local.

O atestado de óbito apontou que a menininha morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual.

Para a investigação policial e o MP, a menina foi espancada até a morte pelo padrasto, depois de uma vida recebendo “castigos” físicos.

O padrasto será julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e praticado contra menor de 14 anos. Ainda responderá por estupro de vulnerável. Já a mãe será julgada por homicídio doloso por omissão.

Versões – Stephanie alega que não viu Christian batendo em Sophia, mas atribui a morte da filha ao ex-companheiro. “Quando eu saí, ele já estava com ela no colo, desacordada. Ele deitou ela [sic] no colchão e fez massagem cardíaca, respiração boca a boca nela. Mas, eu estava tão desesperada que eu não sabia o que fazer, que eu não me toquei na hora o que estava acontecendo”, relatou no dia 5 de dezembro.

Já Christian alega que dormiu o dia todo sob efeito de drogas e álcool. Disse que foi despertado pela mulher. “Quem me acordou foi a Stephanie falando que a Sophia não estava bem. Quando eu vi, ela já estava com a boca roxa e convulsionando”.

Nos siga no Google Notícias