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Capital

Justiça atende pedido da família e autoriza sepultamento de Lourival

Lourival morreu no início de outubro do ano passado, vítima de um infarto e ficou cinco meses no Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal)

Geisy Garnes e Silvia Frias | 12/03/2019 15:57
O corpo de Lourival Bezerra Sá ficou cinco meses no Imol (Foto/Arquivo pessoal)
O corpo de Lourival Bezerra Sá ficou cinco meses no Imol (Foto/Arquivo pessoal)

Atendendo ao pedido da Defensoria Pública em Campo Grande, a justiça determinou nesta terça-feira (12) o sepultamento de Lourival Bezerra Sá, 78 anos, com a identidade masculina que ele usou por mais de 50 anos. O corpo está no Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal) há cinco meses.

Na decisão que libera o sepultamento, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, determina ainda que sejam recolhidas as impressões digitais e o material genético de Lourival, feitas fotografias do corpo, e caso ainda não tenha, seja expedida o registro da certidão de óbito dele.

Lourival morreu no início de outubro do ano passado, vítima de um infarto. O corpo então foi enviado ao Imol e lá os peritos descobriram que ele na verdade era mulher. Uma investigação começou para descobrir a verdade identidade da vítima, que por 50 anos viveu como homem e registrou seis filhos em seu nome.

Por cinco meses os peritos e a polícia tentaram localizar a identidade feminina de Lourival, mas sem sucesso. A família então, através da Defensoria Pública, entrou com o pedido de sepultamento.

No dia 6 de fevereiro, a Aliança Nacional LGBTI+ também se manifestou sobre o caso e encaminhou ofícios ao MPE (Ministério Público Estadual) e Defensoria Pública do Estado pedindo o registro tardio de nascimento e gênero de Lourival.

Descoberta - Segundo a delegada responsável pelas investigações, Christiane Grossi, Lourival não permitia de forma nenhuma que dessem banho nele no asilo que vivia, mesmo durante os últimos dias, quando já estava bastante debilitado. Ele mantinha a calça com um cinto bastante apertado e nos seios uma faixa que, por ser usada por muito tempo, acabou causando ferimentos no corpo.

No dia 29 de setembro Lourival revelou seu nome de registro como sendo Enedina Maria de Jesus, e que era natural de Bom Conselho, em Pernambuco, mas nada foi encontrado sobre essa mulher. O que se sabe é que, em 1968 foi feito um RG no estado de Goiás em nome de Lourival e que, ao que aponta as investigações, teria sido essa mulher quem teria tirado o documento.

Para o pesquisador e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) Tiago Duque, a questão do impasse do enterro de Lourival desumaniza sua existência. Além disso, ele afirmou que “Lourival viveu como homem e é como homem que deve ser identificado”.

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