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Namorado de ex-mulher pode ser única pista da polícia sobre quem era Lourival

A ex-mulher de Lourival morreu em um acidente de trânsito quando estava com o namorado, Anísio; ele pode ser a única pista da polícia sobre quem era Lourival

Bruna Kaspary | 04/02/2019 14:45
A mulher se identificou por mais de 50 anos como Lourival (Foto: Arquivo Pessoal)
A mulher se identificou por mais de 50 anos como Lourival (Foto: Arquivo Pessoal)

Namorado da ex-mulher de Lourival Bezerra Sá pode ser a única pista a respeito da real identidade da pessoa que nasceu mulher, mas viveu como homem e hoje depende de identificação no IMOL para ser sepultado. Com essa mulher, ele adotou quatro filhos, e a polícia acredita que o relacionamento depois da separação do casal pode resultar em alguma pista sobre as origens dele.

Segundo a delegada responsável pelas investigações, Christiane Grossi, a suspeita é que nenhum dos seis filhos registrados em seu nome sejam realmente dele. Ela afirma que, caso nenhum parente o reconheça, a única esperança está em um namorado da ex-mulher dele.

Com a mulher, identificada apenas como Maria Odélia, Lourival registrou quatro crianças, mas em meados da década de 1980 os dois se separaram e, em 1985, durante uma viagem com um namorado, que, segundo a polícia, se chama Anísio, ela morreu em um acidente.

“Nossa esperança é que Maria Odélia tenha comentado algo com Anísio a respeito de toda essa situação, isso se ela sabia de algo”, comenta a delegada. Esse namorado ainda não foi localizado, mas pode ser a única pista a respeito do passado de Lourival.

A delegada explica que, pelo o que ela conseguiu identificar durante as investigações, nos dois relacionamentos Lourival não tinha uma ligação íntima com as mulheres. “É como se fosse um ser assexuado. Ele tinha muito medo de ser visto nu”, conclui Grossi.

Lourival sempre usava calça com cinto apertado e camisa de botão com bolsos (Foto: Arquivo Pessoal)
Lourival sempre usava calça com cinto apertado e camisa de botão com bolsos (Foto: Arquivo Pessoal)

Ela ainda completa que ele não permitia de forma nenhuma que dessem banho nele, mesmo durante os últimos dias, quando já estava bastante debilitado. Ele mantinha a calça com um cinto bastante apertado e nos seios uma faixa que, por ser usada por muito tempo, acabou causando ferimentos no corpo.

As investigações - No início de outubro Lourival morreu depois de um infarto e, quando o corpo foi encaminhado ao IMOL (Instituto Médico Odontológico Legal), descobriu-se que era de uma mulher.

“A cuidadora que morava com ele disse que descobriu tudo uns cinco dias antes dele morrer. Ela queria dar banho nele a todo custo, porque ele não gostava e as feridas da mama já estavam começando a feder, quando ela puxou a blusa viu os seios dele e ficou se sentindo traída”, explica a delegada.

Ela ainda completa dizendo que, no dia 29 de setembro Lourival revelou seu nome de registro como sendo Enedina Maria de Jesus, e que era natural de Bom Conselho, em Pernambuco, mas nada foi encontrado sobre essa mulher.

Lourival e a primeira esposa, Maria Odélia, e dois dos quatro filhos registrados pelo casal (Foto: Arquivo Pessoal)
Lourival e a primeira esposa, Maria Odélia, e dois dos quatro filhos registrados pelo casal (Foto: Arquivo Pessoal)

O que se sabe até agora é que, em 1968 foi feito um RG no estado de Goiás em nome de Lourival e que, ao que aponta as investigações, teria sido essa mulher quem teria tirado o documento. A polícia já acionou o cartório, igreja e até as rádios da cidade pernambucana, segundo a delegada, mas até agora não houve nenhuma resposta positiva.

“O que causa estranheza é que hoje em dia é mais comum a troca de registro de uma pessoa que nasceu mulher e que se identifica como homem, mas em 1968 não”, afirma a delegada. Ela ainda completa dizendo que há muitas hipóteses para que essa mulher tenha passado a se apresentar como homem, desde oportunidade de trabalho ou se identificar realmente como homem, até o fato de tentar escapar de algo que possa ter feito.

Identificação - A maior dificuldade para identificar quem seja a mulher que se apresentava como Lourival é que os registros de quando foi tirado o documento em 1968 foram extraviados, e, provavelmente, os da cidade natal dela não existam mais. “Se ainda existir, esses documentos não estarão digitalizados, isso se a gente considerar que a data de nascimento for real mesmo”, completa a delegada.

O único documento que restou de Lourival é um CPF, que, segundo a delegada não está registrado no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

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