Justiça de MS decreta prisão preventiva de condenado a 80 anos por mortes no PR
Foragido da Justiça condenado a mais de 80 anos de prisão, homem foi preso na fronteira com documento falso
A Justiça de Mato Grosso do Sul decretou a prisão preventiva de Luccas Abagge, de 32 anos, flagrado utilizando uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) falsa na noite de sábado (18), quando ingressava para Ponta Porã, cidade a 313 quilômetros de Campo Grande. Luccas é foragido da Justiça, condenado a pena de 80 anos por assassinatos no Paraná, também é filho de Beatriz Cordeiro Abagge, investigada nos anos 90 pela morte de um menino de seis anos em ritual de magia negra.
Luccas foi abordado e durante checagem, seu nervosismo levantou suspeita dos policiais militares. Ele utilizava documento falso em nome de Evandro Oliveira Ribeiro, mas foi descoberto durante checagem minuciosa.
Luccas foi levado para a delegacia e durante interrogatório afirmou não ser criminoso e que cruzou a fronteira de Ponta Porã com o Paraguai para buscar a esposa em um shopping. Inclusive, o preso não assinou nenhum documento em nome de Luccas Abagge. A esposa disse que o conhecia como Evandro, sem saber de condutas criminosas.
Logo após ouvi-lo, a Polícia Civil pediu vaga com urgência no presídio, considerando a alta periculosidade e histórico de fugas cinematográficas. Ele deve ser levado para a penitenciária de Ponta Porã no período da tarde.
Em janeiro de 2019, Luccas foi condenado a 54 anos por homicídio, pena posteriormente reduzida para 48 anos. Após o crime por disputa por ponto de vendas de drogas em Curitiba, a sua fuga envolveu o roubo de três veículos.
Em julho de 2019, nova condenação: a 32 anos por matar um adolescente em Curitiba. Um segundo adolescente ficou ferido. Em 2016, ele fugiu da Penitenciária Central do Estado, na Região Metropolitana da capital paranaense.
Caso Evandro - Luccas Abagge é filho de Beatriz Cordeiro Abagge, uma das condenadas pela morte do menino Evandro Caetano. Numa série documental, ela relata ter sofrido tortura para confessar o crime e recebeu pedidos de perdão do Estado do Paraná.
Evandro Ramos Caetano, então com 6 anos, desapareceu no dia 6 de abril de 1992. Seu corpo foi encontrado em 11 de abril, em um matagal da cidade litorânea de Guaratuba, no Paraná, sem vários órgãos, com mãos e pés amputados, e vísceras e coração arrancadas.
A promotoria pública do Paraná indiciou Beatriz Cordeiro Abagge e sua mãe, Celina Abagge (então primeira dama do município), como mentoras do sequestro e morte de Evandro. A alegação foi de sequestro e utilização da criança em suposto ritual de magia negra para obtenção de benefícios materiais junto a espíritos satânicos.
Em 23 de março de 1998, Beatriz e Celina foram julgadas pela primeira vez, em processo que é o mais longo júri da história da justiça brasileira - 34 dias de julgamento. No veredito foram consideradas inocentes. Em 1999 o júri foi anulado, com novo julgamento realizado 13 anos depois, em 28 de maio de 2011.
Outros acusados de envolvimento no suposto assassinato também foram julgados pelo crime: o pai-de-santo Osvaldo Marcineiro, o pintor Vicente de Paula Ferreira e o artesão Davi dos Santos Soares. Os três foram condenados em 2004. Os outros acusados, Francisco Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos, foram absolvidos em 2005.
No segundo julgamento Beatriz foi condenada a 21 anos e 4 meses de prisão. Em 17 de abril de 2016, o Tribunal de Justiça do Paraná concedeu perdão de pena para Beatriz Abagge.