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Capital

Machismo torturou e matou em MS, o 5º estado com mais violência contra a mulher

Do dia 1º de janeiro a 26 de dezembro, 30 mulheres foram mortas em Mato Grosso do Sul

Kerolyn Araújo | 29/12/2019 09:27
Regianni, Érica e Nathália foram 3 das 30 vítimas de feminicídio no Estado. (Foto: Reprodução/Redes sociais)
Regianni, Érica e Nathália foram 3 das 30 vítimas de feminicídio no Estado. (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Mato Grosso do Sul ocupa o 5º lugar no ranking brasileiro por mortes violentas de mulheres. Neste ano, no período de 1º de janeiro a 26 de dezembro, 30 mulheres foram vítimas de feminicídio no Estado, segundo dados divulgados pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). Em algumas das ocorrências, a crueldade com que a vítimas foram torturadas antes de perderem a vida impressiona. Crimes instigados pelo machismo, impregnado inclusive nas próprias mulheres.

As várias faces da violência de gênero, imposta pelo conceito de que o homem é superior à mulher, foram escancaradas. Tanto é que parte dos casos que resultaram em morte têm como pano de fundo o sentimento de posse, o assassino que não aceita o fim do relacionamento.

Em julho, um crime bárbaro chocou todo o Estado e aconteceu em Porto Murtinho, cidade distante a 431 quilômetros de Campo Grande. A servidora pública Nathália Alves Corrêa Baptista, 27 anos, foi dopada antes de ser assassinada a golpes de barra de ferro na cabeça, por José Romero e Regiane Marcondes Machado, como "prova de amor" um pelo outro. José mantinha um relacionamento extraconjugal com as duas mulheres. Regiane também era casada. A dupla queimou o corpo de Nathália e jogou as cinzas no Rio Paraguai.

No dia 7 de outubro, uma denúncia de traição terminou com um duplo homicídio em Paranaíba, distante a 422 quilômetros da Capital. Regianni Araújo, 32 anos, e Fernando Enrique Freitas, 31 anos, foram mortos a tiros pelo PMA (Policial Militar Ambiental) Lúcio Roberto Queiroz Silva, 36 anos. Após encontrara mensagens trocadas entre o marido e Regianni, que era esposa de Lúcio, a mulher de Fernando ligou e contou o caso ao militar. Ele foi até a casa do casal e matou Fernando a tiros. Depois, foi para a casa dos sogros, onde Regianni estava, e também matou a mulher com três disparos.

Outros casos - Em uma única semana, entre o final do mês de março e começo de abril, quatro mulheres foram mortas pelos companheiros em Mato Grosso do Sul.

No dia 29 de março, a adolescente Jheniffer Cáceres de Oliveira, 17 anos, foi esganada até a morte com uma coleira de cachorro pelo marido Paulo Eduardo dos Santos, 18 anos, em Sidrolândia. À polícia, o assassino contou que matou a vítima após ser agredido com uma cabo de vassoura durante a discussão. O corpo da vítima foi encontrado enrolado em uma coberta três dias depois em estado de decomposição.

Jheniffer Cáceres de Oliveira e o marido Paulo Eduardo dos Santos. (Foto: Reprodução/Facebook)
Jheniffer Cáceres de Oliveira e o marido Paulo Eduardo dos Santos. (Foto: Reprodução/Facebook)
Nilce Elias da Rocha Bento foi morta pelo ex-marido Aderval Bento. (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Nilce Elias da Rocha Bento foi morta pelo ex-marido Aderval Bento. (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

No dia 31 de março, o mecânico Reinaldo Filisbino de Souza espancou a esposa Neuricleia Martins da Silva, 41 anos, até a morte. Ela foi agredida com golpes de panela elétrica na cabeça. Reinaldo fugiu no dia do crime, mas se apresentou à polícia um dia depois. O caso ocorreu na cidade de Costa Rica.

A terceira vítima, na manhã do dia 1º de abril, foi Maria das Graças da Hora Pereira, 50 anos, em Terenos, cidade distante a 25 quilômetros de Campo Grande. O namorado dela, Laércio Pereira de Souza, 63 anos, também foi morto. O autor do duplo homicídio foi Maurílio Francisco da Silva, 54 anos, ex-marido de Maria. Ele não aceitava o fim do relacionamento. A mulher foi morta com 20 facadas e o namorado a tiros.

O último caso da semana ocorreu no dia de 3 de abril. Nilce Elias da Rocha Bento, 56 anos, foi morta a golpes de faca, na Avenida Caarapó, no Centro de Naviraí, distante 366 quilômetros de Campo Grande. O crime foi cometido por Aderval Bento, ex-marido da vítima, que não aceitava o fim do relacionamento.

Vítima Silvana Tertuliana Pereira (Foto: Reprodução Facebook)
Vítima Silvana Tertuliana Pereira (Foto: Reprodução Facebook)
Eríca posa para foto em momento de lazer (Foto: reprodução/Facebook)
Eríca posa para foto em momento de lazer (Foto: reprodução/Facebook)

Capital - Na Capital, dois crimes tiveram grandes repercussões. O primeiro caso aconteceu no Portal Caiobá no dia 9 de janeiro. A merendeira Silvana Tertuliano Pereira, 42 anos, foi morta com quatro facadas por Jesus Ajala da Silva, 46 anos, o "Palhaço Sabiá". Ele não aceitava o fim do relacionamento. A vítima foi morta em uma quitinete na Rua das Valquírias e o corpo foi encontrado dois dias depois enrolado em cobertores em terreno baldio próximo ao local.

Em julho, a diarista Érica Aguilar Pereira, 38 anos, foi esganada até a morte pelo namorado Fábio Braga do Amaral, 39 anos. O crime ocorreu no dia 11 no apartamento da vítima, no Residencial Reinaldo Busaneli 2, no Jardim Ramez Tebet. Ela teve as mãos amarradas e foi esganada até a morte. Depois de matá-la, Fábio também tentou esganar a enteada, de 15 anos. Ele foi encontrado morto em cela da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) depois de preso.

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