“Ele parecia estar com o diabo no corpo”, diz mãe de crianças esfaqueadas
Mãe diz que fugiu porque sabia que o ex-marido iria matá-la e não imaginava que filhos estivessem sendo esfaqueados
Relembrando o terror vivido na madrugada de domingo (14), Lucimar Barros Giroto, de 30 anos, diz que “parecia um filme de sexta-feira 13”. Seus dois filhos, de 11 e 3 anos, e a mãe, de 53 anos, foram agredidos com socos e facadas pelo seu ex-marido, Izaelso Júnior Soares de Moraes, de 26 anos.
Ela só saiu ilesa porque ficou escondida no banheiro durante o ataque. No entanto, ela diz que não fugiu ou se escondeu, mas sim, quis proteger a vida. “Sabia que ele queria me matar, se saísse ele ia me matar. Penso que ele achou que eu não estava em casa e por isso agrediu meu filhos e minha mãe, na tentativa de me deixar sem nada”, afirma.
Enquanto estava no banheiro, Lucimar conta que escutava a filha gritando por socorro e a mãe pedindo para Izaelso parar com as agressões. Mas garante que não imaginava que as vítimas estivessem sendo esfaqueadas, “achei que era só agressão”.
A mulher detalha que entrou no cômodo logo que escutou a mãe dizendo que Izaelso estava na casa. Segundo ela, tudo foi muito rápido e não deu tempo de proteger ao menos os filhos, que estavam dormindo em um quarto.
“Em 15 minutos ele fez todo esse estrago. Parecia um animal, que tava com o diabo no corpo. Eles pediam socorro e ele não falava nada”, conta.
Após o ataque, ela encontrou a filha de 11 anos, que levou 9 facadas, com a roupa “lavada” de sangue. A menina mesmo ferida disse que tentou impedir a agressão ao irmão e a avó. Ela desmaiou quando Izaelso bateu sua cabeça em uma mureta.
O menino de 3 anos foi atingido com quatro facadas, sendo uma no braço e três nas costas. Já a avó, Dinorá Barros Giroto, 53 anos, ficou em estado mais grave. Ela levou chutes e socos, além de quatro facadas, sendo uma no peito.
As crianças foram levadas para o hospital e tiveram alta na manhã de domingo. Dinorá permanece internada na Santa Casa com quadro estável. “A boca dela esta toda deformada ela senti muito enjôo por causa das lesões na barriga”, diz.
Ciúmes - Tudo aconteceu, segundo Lucimar, por ciúmes de Izaelso. Na noite de sábado (13), ela conta que ficou até por volta da meia-noite conversando com um amigo de infância, na porta da residência. Logo após a saída do rapaz, a luz da casa foi desligada e Izaelso entregou no local.
“Ele devia estar na redondeza, observando, e esperou que meu amigo fosse embora para entrar”, acredita.
O casal estava separado há duas semanas e Lucimar afirma que o ex-marido era uma pessoa muito ciumenta, que não aceitava o fim do relacionamento de nove meses.
Na última semana, ele já havia agredido Lucimar na esquina da residência. A vítima registrou boletim de ocorrência e conseguiu na Justiça que ex-marido ficasse proibido de fazer contato ou se aproximar dela e de familiares, mantendo distância mínima de 300 metros.
O casal se conheceu no trabalho e Lucimar afirma que o agressor era uma pessoa tímida, que não aparentava ser violento. No entanto, ele trabalhava como agente de segurança e a vítima conta que ele já havia sido fuzileiro naval.
“Acho que talvez ele quis fazer com a gente aquilo que já tinha aprendido na sua formação”, desabafa.
Violência e crianças - Este não foi o primeiro relacionamento em que Lucimar foi vítima de agressão. O pai das crianças, Rafael Olmos Ortiz Espíndola, 28 anos, com quem ela ficou casada por nove anos, também foi denunciado por violência doméstica.
Rafael disse que vai pedir a guarda das crianças, mas Lucimar afirma não ter medo de que isso aconteça e está confiante, pois “os filhos devem ficar com a mãe”.
No entanto, a mãe afirma que Rafael nunca foi violento com os filhos e não acredita que ele cometeria algum ato de violência com as crianças.