Mãe é libertada e defesa desabafa: "Ela sustenta os filhos sem nenhuma ajuda"
Mãe foi presa após deixar três crianças sozinhas em apartamento de onde bebê acabou caindo do 3º andar
Em audiência de custódia, na manhã desta quinta-feira (14), a Justiça de Mato Grosso do Sul determinou a soltura da mãe da bebê de 4 meses, que caiu do terceiro andar de um prédio, no Condomínio Residencial CH8, localizado no Bairro Aero Rancho, em Campo Grande. Ao Campo Grande News, o advogado Alfio Leão afirmou que pediu assistência à jovem, que cuida dos três filhos sozinha, sem qualquer ajuda dos pais das crianças.
Alfio explicou que a liberdade provisória foi concedida com medidas cautelares. "Ou seja, ela não pode se ausentar da cidade, nem frequentar determinados locais, também não pode sair após às 20h e estar à disposição da justiça", explicou.
Diante da situação de desassistência, Alfio também pediu que a Justiça acione os órgãos sociais e os pais das crianças. "Ela é totalmente desassistida. Tem 23 anos, foi mãe com 16 e cuidava de três crianças sozinha, só com salário de R$ 1,3 mil. Estava de licença maternidade e iria voltar ao trabalho agora, de serviços gerais na Feira Central", disse o defensor.
Sobre o abandono das três crianças em casa, que ocasionou no acidente grave na noite de terça-feira (12), o advogado explicou que a mãe havia contratado uma babá. "Mas como estava de licença, ela ficava com as crianças". Segundo ele, a mãe saiu para pagar uma conta, quando ocorreu a queda da bebê. "Por questão de 15 minutos, se ausentou e houve a tragédia. Isso foi bem enfatizado pela juíza, que entendeu ser uma tragédia. Não foi ela que ocasionou e nem cometeu violência", enfatizou.
"Agora, a preocupação maior dela é com a bebê, que está internada e as crianças no abrigo", concluiu o advogado. O alvará de soltura deve sair ainda nesta manhã.
Entenda - Na noite de terça-feira (12), a criança de 7 anos ficou tomando conta dos irmãos mais novos - a bebê de 4 meses e o irmão de 3 anos - na ausência da mãe, de 23 anos.
"Com o objetivo de acalmar a bebê, a criança de 7 anos subiu na cama com ela no colo para ver a janela e deixou 'em pé'. Em determinado momento no parapeito, a criança empurrou com os pés a irmã, coisas que bebês fazem, e como estavam em cima da cama sem equilíbrio, foi o suficiente para ela cair ao solo", explicou o delegado Gabriel Desterro.
Quando a polícia chegou, a mãe já estava com a bebê no Hospital Regional, primeira unidade para qual foi levada com ajuda de vizinhos do condomínio. Na sequência, a vítima foi encaminhada para a Santa Casa em estado grave.
A polícia constatou que a mãe deixava as filhas sozinhas com frequência. "Pela análise das testemunhas, exame de local, foi observada uma situação de abandono e um ambiente inapropriado para as crianças", ponderou Desterro. Diante da situação, ela foi presa por abandono de incapaz qualificado pelo resultado lesão corporal de natureza grave.
Evasão escolar - Documento obtido pelo Campo Grande News mostra que a criança de 7 anos não frequentava a escola. No ano passado ela estava na pré-escola e neste ano no 1º ano da educação infantil na Escola Municipal Professora Maria Lúcia Passarelli. A unidade de ensino fez denúncia ao Conselho Tutelar.
A mãe das crianças admitiu que tirou a filha da escola antes do meio ano. Ao registrar o boletim de ocorrência, a conselheira tutelar disse acreditar que a saída da menina da escola era para que ajudasse no cuidado dos outros dois irmãos. Mesmo a mãe admitindo, o advogado garante que não procede a evasão escolar.
Guarda - Após o acidente, a avó procurou a polícia. Ela pediu informações sobre o quadro de saúde da bebê e está empenhada em conseguir a guarda das outras duas crianças, que estão em um abrigo. Além da avó, o pai da bebê procurou o Conselho Tutelar. Apesar de se apresentar como pai, o nome do homem não consta na certidão de nascimento. Diante disso, ele foi orientado a regularizar a situação junto à Defensoria Pública.
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