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Capital

Mãe é libertada e defesa desabafa: "Ela sustenta os filhos sem nenhuma ajuda"

Mãe foi presa após deixar três crianças sozinhas em apartamento de onde bebê acabou caindo do 3º andar

Por Dayene Paz e Antonio Bispo | 14/12/2023 09:06
Mãe das crianças chegando na DEPCA. (Foto: Henrique Kawaminami)
Mãe das crianças chegando na DEPCA. (Foto: Henrique Kawaminami)

Em audiência de custódia, na manhã desta quinta-feira (14), a Justiça de Mato Grosso do Sul determinou a soltura da mãe da bebê de 4 meses, que caiu do terceiro andar de um prédio, no Condomínio Residencial CH8, localizado no Bairro Aero Rancho, em Campo Grande. Ao Campo Grande News, o advogado Alfio Leão afirmou que pediu assistência à jovem, que cuida dos três filhos sozinha, sem qualquer ajuda dos pais das crianças.

Alfio explicou que a liberdade provisória foi concedida com medidas cautelares. "Ou seja, ela não pode se ausentar da cidade, nem frequentar determinados locais, também não pode sair após às 20h e estar à disposição da justiça", explicou.

Diante da situação de desassistência, Alfio também pediu que a Justiça acione os órgãos sociais e os pais das crianças. "Ela é totalmente desassistida. Tem 23 anos, foi mãe com 16 e cuidava de três crianças sozinha, só com salário de R$ 1,3 mil. Estava de licença maternidade e iria voltar ao trabalho agora, de serviços gerais na Feira Central", disse o defensor.

Advogado Alfio Leão, que atende a mãe das crianças, enquanto conversava com equipe de reportagem em frente ao Fórum. (Foto: Henrique Kawaminami)
Advogado Alfio Leão, que atende a mãe das crianças, enquanto conversava com equipe de reportagem em frente ao Fórum. (Foto: Henrique Kawaminami)

Sobre o abandono das três crianças em casa, que ocasionou no acidente grave na noite de terça-feira (12), o advogado explicou que a mãe havia contratado uma babá. "Mas como estava de licença, ela ficava com as crianças". Segundo ele, a mãe saiu para pagar uma conta, quando ocorreu a queda da bebê. "Por questão de 15 minutos, se ausentou e houve a tragédia. Isso foi bem enfatizado pela juíza, que entendeu ser uma tragédia. Não foi ela que ocasionou e nem cometeu violência", enfatizou.

"Agora, a preocupação maior dela é com a bebê, que está internada e as crianças no abrigo", concluiu o advogado. O alvará de soltura deve sair ainda nesta manhã.

Entenda - Na noite de terça-feira (12), a criança de 7 anos ficou tomando conta dos irmãos mais novos - a bebê de 4 meses e o irmão de 3 anos - na ausência da mãe, de 23 anos.

"Com o objetivo de acalmar a bebê, a criança de 7 anos subiu na cama com ela no colo para ver a janela e deixou 'em pé'. Em determinado momento no parapeito, a criança empurrou com os pés a irmã, coisas que bebês fazem, e como estavam em cima da cama sem equilíbrio, foi o suficiente para ela cair ao solo", explicou o delegado Gabriel Desterro.

Peritos fazendo análise em frente ao prédio de onde bebê caiu. (Foto: Osmar Daniel)
Peritos fazendo análise em frente ao prédio de onde bebê caiu. (Foto: Osmar Daniel)

Quando a polícia chegou, a mãe já estava com a bebê no Hospital Regional, primeira unidade para qual foi levada com ajuda de vizinhos do condomínio. Na sequência, a vítima foi encaminhada para a Santa Casa em estado grave.

A polícia constatou que a mãe deixava as filhas sozinhas com frequência. "Pela análise das testemunhas, exame de local, foi observada uma situação de abandono e um ambiente inapropriado para as crianças", ponderou Desterro. Diante da situação, ela foi presa por abandono de incapaz qualificado pelo resultado lesão corporal de natureza grave.

Evasão escolar - Documento obtido pelo Campo Grande News mostra que a criança de 7 anos não frequentava a escola. No ano passado ela estava na pré-escola e neste ano no 1º ano da educação infantil na Escola Municipal Professora Maria Lúcia Passarelli. A unidade de ensino fez denúncia ao Conselho Tutelar.

A mãe das crianças admitiu que tirou a filha da escola antes do meio ano. Ao registrar o boletim de ocorrência, a conselheira tutelar disse acreditar que a saída da menina da escola era para que ajudasse no cuidado dos outros dois irmãos. Mesmo a mãe admitindo, o advogado garante que não procede a evasão escolar.

Guarda - Após o acidente, a avó procurou a polícia. Ela pediu informações sobre o quadro de saúde da bebê e está empenhada em conseguir a guarda das outras duas crianças, que estão em um abrigo. Além da avó, o pai da bebê procurou o Conselho Tutelar. Apesar de se apresentar como pai, o nome do homem não consta na certidão de nascimento. Diante disso, ele foi orientado a regularizar a situação junto à Defensoria Pública.

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