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Capital

Médicos da Santa Casa protestam contra cinco meses de salários atrasados

Mais de 400 médicos PJ estão sem pagamentos; atendimento eletivo segue paralisado em algumas especialidades

Por Viviane Oliveira e Raíssa Rojas | 27/10/2025 12:26
Médicos da Santa Casa protestam contra cinco meses de salários atrasados
Médicos protestando com faíxas na manhã deste segunda-feira na Santa Casa (Foto: Raíssa Rojas)

Cerca de 20 médicos protestaram na recepção do Hospital Santa Casa na manhã desta segunda-feira (27) contra o atraso nos salários. A diretora clínica do hospital, a cardiologista Izabel Falcão, que representa os médicos, explicou que a situação afeta profissionais contratados como PJ (pessoa jurídica).

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Cerca de 20 médicos protestaram na Santa Casa de Campo Grande contra o atraso de cinco meses nos salários. A situação afeta mais de 400 profissionais contratados como pessoa jurídica, acumulando uma dívida de aproximadamente R$ 35 milhões.Diversas especialidades, como cirurgia cardíaca, pediátrica e anestesia, paralisaram atendimentos eletivos desde agosto. A diretora-presidente Alir Terra reconhece a legitimidade do protesto e atribui o déficit à falta de reajuste do contrato com o município há dois anos, já que 90% dos atendimentos são pelo SUS.

Segundo Izabel, mais de 400 médicos PJ estão com salários atrasados há cinco meses. “Devido aos atrasos, algumas especialidades paralisaram atendimentos eletivos e ambulatoriais desde agosto”, explicou. O contrato desses médicos prevê que, após dois a três meses de atraso, é possível a suspensão de serviços, e órgãos como o CRM (Conselho Regional de Medicina), o Ministério Público e a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) foram notificados há três meses.

Entre as especialidades afetadas estão cirurgia cardíaca, pediátrica, vascular, plástica, urologia, anestesia, ortopedia e radiologia. Hematologia e oncologia seguem atendendo normalmente. A paralisação da equipe de anestesia teve grande impacto, mas a Santa Casa informa que prioridades cirúrgicas continuam sendo definidas pela diretoria, garantindo o atendimento de urgências e emergências.

A médica ressaltou que os médicos PJ já emitiram nota fiscal e pagaram os impostos sobre os valores não recebidos. “Muitas dessas especialidades trabalham exclusivamente na Santa Casa, como a cirurgia cardíaca pediátrica, e não têm outra fonte de renda”, afirmou. A dívida da instituição com esses médicos chega a R$ 7,5 milhões por mês, totalizando aproximadamente R$ 35 milhões.

O cirurgião geral Paulo Stanke também comentou a situação afirmando que há cinco meses não é feito o pagamento. “Mesmo assim, ainda continuamos com o atendimento, assistência à população sul-mato-grossense. Porém, é inviável você trabalhar todo esse tempo sem ter um retorno. Ou pelo menos um ajuste de conta, um compromisso. Porque todas as vezes que tem uma reunião, sempre a culpa é que alguém não passou o dinheiro. O dinheiro está retido em algum lugar e nisso a gente vai trabalhando ainda sem nenhum compromisso”.

O presidente do SinMed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana Silveira, afirmou que a falta de pagamento decorre do atraso nos repasses municipais e estaduais à Santa Casa, que recebe recursos por meio de emendas parlamentares. “Essa situação se arrasta há décadas, mas a responsabilidade pelo pagamento é da Santa Casa. O sindicato está à disposição para auxiliar na regularização dos salários”, disse.

A diretora-presidente Alir Terra afirmou considerar justa a manifestação dos médicos. Ela explicou que o hospital atende cerca de 90% dos pacientes pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas que o contrato com o município não sofre reajuste há dois anos, o que gera o déficit financeiro. “A Santa Casa judicializou a situação e aguarda uma decisão para que os entes públicos negociem uma solução. Quem mais sofre com os atrasos é a população. Esperamos que isso seja resolvido o quanto antes”, destacou.

A reportagem entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para comentar a declaração da diretora-presidente sobre o déficit financeiro e aguarda retorno.

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