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Capital

Mesmo sem representantes, indígenas destacam importância de votar para conselho

Eleição para o Conselho Tutelar na Capital conta com 118 candidatos, mas nenhum deles é indígena

Por Jhefferson Gamarra e Geniffer Valeriano | 01/10/2023 14:58
Cacique Josias Jordão Ramirez, líder da aldeia urbana Marçal de Souza (Foto: Alex Machado)
Cacique Josias Jordão Ramirez, líder da aldeia urbana Marçal de Souza (Foto: Alex Machado)

Neste domingo (1º), todas as cidades do Brasil realizam a eleição para o Conselho Tutelar, órgão crucial na defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Apesar da presença de 118 candidatos competindo pelas 40 vagas titulares em Campo Grande, nenhum deles representa oficialmente a comunidade indígena. Nesse contexto, o cacique Josias Jordão Ramirez, líder da aldeia urbana Marçal de Souza, enfatizou a importância do voto indígena no processo eleitoral.

"É importante a população ter sensibilidade em votar, não só para a população em geral, mas também para a população indígena. Existe uma pessoa que não é da aldeia, mas que faz um trabalho com as crianças dentro da aldeia e viemos votar nela, inclusive mandamos no WhatsApp para todo mundo participar da eleição, porque era importante. A gente sabe dos direitos das crianças e adolescentes e estamos buscando alguns resultados também com a questão indígena", destacou.

Movimento na E.M. Professora Oliva Enciso, onde votam os indígenas da aldeia urbana Marçal de Souza (Foto: Alex Machado)
Movimento na E.M. Professora Oliva Enciso, onde votam os indígenas da aldeia urbana Marçal de Souza (Foto: Alex Machado)

Dentro da aldeia, houve situações em que o conselho tutelar teve que atuar, entre eles, o cacique mencionou um caso em que uma mãe deixava seus filhos pequenos, que não tinham vaga na escola, com irmãos menores de idade, e o conselheiro tutelar ajudou a conseguir uma vaga escolar. Além disso, o conselho colaborou em um processo de guarda infantil em outra ocasião.

O líder enfatizou a importância de conhecer os candidatos disponíveis para votação e expressou sua satisfação com a participação da comunidade na eleição. “É bom conhecer quem está disponível para votação e tenho percebido que está indo bastante gente da comunidade votar. É um trabalho difícil e a preocupação é sempre com os pequenos, mas esse trabalho deve começar em casa em conjunto com a escola e o conselho”, reforçou a liderança.

A ausência de representantes indígenas nas eleições do Conselho Tutelar de Campo Grande ressalta a importância da sensibilização da comunidade em apoiar candidatos comprometidos com a causa indígena e o bem-estar de todas as crianças e adolescentes, independentemente de sua origem étnica.

Atair Mendonça, 56 anos, indígena da Marçal de Souza (Foto: Alex Machado)
Atair Mendonça, 56 anos, indígena da Marçal de Souza (Foto: Alex Machado)

Atair Mendonça, 56 anos, indígena da Marçal de Souza, não sabia da votação até ser avisado por um amigo, quando soube fez questão de ir registrar o voto em uma pessoa de sua confiança, que poderá ser cobrada futuramente.

 "Um amigo me avisou que estava tendo a votação, não sabia, mas acho importante essa votação para saber quem é de verdade. Já presenciei muitas situações na aldeia em que as pessoas 'passam pano' e fica por isso mesmo, precisa de mais ações dentro da aldeia. A eleição vem como esperança e como votei em quem conheço, tem como cobrar depois", frisou.

Indígena da comunidade Marçal de Souza, Genésia Barbosa, 64 anos (Foto: Alex Machado)
Indígena da comunidade Marçal de Souza, Genésia Barbosa, 64 anos (Foto: Alex Machado)

Também indígena da comunidade Marçal de Souza, Genésia Barbosa, 64 anos, conta que antigamente o acesso da comunidade indígena aos serviços dos conselhos tutelares era difícil, mas melhorou com o tempo. Ela enxerga no processo de votação uma oportunidade de diminuir a distancia da aldeia com os conselheiros, mesmo não tendo representantes.

"No começo quando precisávamos acionar o conselho tutelar, eles falavam que estava indo, mas nunca chegava. Agora melhorou, a gente conta com um apoio, mas precisa ser maior. Estou votando em alguém que não é da aldeia, mas a eleição é uma forma da gente ter mais acesso aos serviços e denunciar casos de maus-tratos, é uma oportunidade de evolução", comentou

 Votação - Para participar da eleição do Conselho Tutelar, os eleitores precisam estar em situação regular com a Justiça Eleitoral. É necessário comparecer a um dos 56 pontos de votação em Campo Grande, levando o título de eleitor e um documento oficial com foto, como RG, CNH, passaporte ou Carteira Profissional.

O horário de votação é das 8h às 17h. Qualquer denúncia relacionada ao processo eleitoral deve ser comunicada imediatamente ao CMDCA, pelo telefone 2020-1204 ou pelo e-mail cmdcacampogrande@gmail.com.

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