Mesmo sem representantes, indígenas destacam importância de votar para conselho
Eleição para o Conselho Tutelar na Capital conta com 118 candidatos, mas nenhum deles é indígena
Neste domingo (1º), todas as cidades do Brasil realizam a eleição para o Conselho Tutelar, órgão crucial na defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Apesar da presença de 118 candidatos competindo pelas 40 vagas titulares em Campo Grande, nenhum deles representa oficialmente a comunidade indígena. Nesse contexto, o cacique Josias Jordão Ramirez, líder da aldeia urbana Marçal de Souza, enfatizou a importância do voto indígena no processo eleitoral.
"É importante a população ter sensibilidade em votar, não só para a população em geral, mas também para a população indígena. Existe uma pessoa que não é da aldeia, mas que faz um trabalho com as crianças dentro da aldeia e viemos votar nela, inclusive mandamos no WhatsApp para todo mundo participar da eleição, porque era importante. A gente sabe dos direitos das crianças e adolescentes e estamos buscando alguns resultados também com a questão indígena", destacou.
Dentro da aldeia, houve situações em que o conselho tutelar teve que atuar, entre eles, o cacique mencionou um caso em que uma mãe deixava seus filhos pequenos, que não tinham vaga na escola, com irmãos menores de idade, e o conselheiro tutelar ajudou a conseguir uma vaga escolar. Além disso, o conselho colaborou em um processo de guarda infantil em outra ocasião.
O líder enfatizou a importância de conhecer os candidatos disponíveis para votação e expressou sua satisfação com a participação da comunidade na eleição. “É bom conhecer quem está disponível para votação e tenho percebido que está indo bastante gente da comunidade votar. É um trabalho difícil e a preocupação é sempre com os pequenos, mas esse trabalho deve começar em casa em conjunto com a escola e o conselho”, reforçou a liderança.
A ausência de representantes indígenas nas eleições do Conselho Tutelar de Campo Grande ressalta a importância da sensibilização da comunidade em apoiar candidatos comprometidos com a causa indígena e o bem-estar de todas as crianças e adolescentes, independentemente de sua origem étnica.
Atair Mendonça, 56 anos, indígena da Marçal de Souza, não sabia da votação até ser avisado por um amigo, quando soube fez questão de ir registrar o voto em uma pessoa de sua confiança, que poderá ser cobrada futuramente.
"Um amigo me avisou que estava tendo a votação, não sabia, mas acho importante essa votação para saber quem é de verdade. Já presenciei muitas situações na aldeia em que as pessoas 'passam pano' e fica por isso mesmo, precisa de mais ações dentro da aldeia. A eleição vem como esperança e como votei em quem conheço, tem como cobrar depois", frisou.
Também indígena da comunidade Marçal de Souza, Genésia Barbosa, 64 anos, conta que antigamente o acesso da comunidade indígena aos serviços dos conselhos tutelares era difícil, mas melhorou com o tempo. Ela enxerga no processo de votação uma oportunidade de diminuir a distancia da aldeia com os conselheiros, mesmo não tendo representantes.
"No começo quando precisávamos acionar o conselho tutelar, eles falavam que estava indo, mas nunca chegava. Agora melhorou, a gente conta com um apoio, mas precisa ser maior. Estou votando em alguém que não é da aldeia, mas a eleição é uma forma da gente ter mais acesso aos serviços e denunciar casos de maus-tratos, é uma oportunidade de evolução", comentou
Votação - Para participar da eleição do Conselho Tutelar, os eleitores precisam estar em situação regular com a Justiça Eleitoral. É necessário comparecer a um dos 56 pontos de votação em Campo Grande, levando o título de eleitor e um documento oficial com foto, como RG, CNH, passaporte ou Carteira Profissional.
O horário de votação é das 8h às 17h. Qualquer denúncia relacionada ao processo eleitoral deve ser comunicada imediatamente ao CMDCA, pelo telefone 2020-1204 ou pelo e-mail cmdcacampogrande@gmail.com.