"Mestre" do PCC, defensor público tem sigilo de dados quebrado pela Justiça
Defensor ocupa uma das celas do Presídio Militar, em Campo Grande
A Justiça deferiu quebra de sigilo de dados de celulares e computadores pertencentes ao defensor público Helkis Clark Ghizzi, preso preventivamente nesta terça-feira (14), durante a segunda fase da Operação Courrier, chamada de "Maître", deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). A investigação aponta que Ghizzi integra o PCC (Primeiro Comando da Capital) e era chamado de "Mestre".
Segundo o juiz Eduardo Eugênio Siravegna Júnior, da 2ª Vara Criminal, fica permitido o acesso de conversas em aplicativos de mensagens, inclusive armazenadas em nuvem. No Diário da Justiça, publicação desta quarta-feira (15), o juiz também autoriza que provas obtidas sejam utilizadas em outros procedimentos investigatórios do Gaeco e "dos demais órgãos do Ministério Público (GACEP, Promotorias de Justiça, entre outros), da Polícia Civil e Polícia Federal, da Defensoria Pública, OAB, a depender da matéria e dos envolvidos".
O defensor público já havia sido afastado durante a deflagração da operação, no dia 1º de março deste ano, na Capital. Na data, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, sendo apreendido diversos documentos e computadores. Na ocasião, o defensor não quis entregar o aparelho de telefone, assim como aconteceu nesta terça-feira (14), quando afirmou não ter celular.
O Gaeco apura crimes de associação criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e violação de sigilo funcional qualificada, atribuídos a um advogado apontado como “gravata” do PCC (Primeiro Comando da Capital) - que já se encontra custodiado preventivamente -, o defensor público e seu ex-assessor, também advogado.
O nome da operação "Maître", inclusive, faz alusão à forma que os demais integrantes da associação se referiam ao defensor público, denominado como “Mestre”, tratamento conferido aos operadores do Direito.
Conforme o Gaeco, as investigações, que começaram no início do ano passado, apontaram a formação do núcleo “Sintonia dos Gravatas”, célula do PCC, na qual advogados valiam-se, criminosamente, de suas prerrogativas constitucionais para transmitirem recados de faccionados presos a outros membros da organização criminosa, inclusive sobre planejamento de atentados contra a vida de agentes públicos: um juiz e um promotor.