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Capital

Moradores defendem PM em ação que usou gás contra universitários

Filipe Prado, Ricardo Campos Jr. e Aline dos Santos | 21/03/2015 08:49
Cápsulas das bombas de gás permanecem no local da confusão (Foto: Simão Nogueira)
Cápsulas das bombas de gás permanecem no local da confusão (Foto: Simão Nogueira)

Moradores no entorno dos bares Escobar e Lunáticos, localizados na rua Trindade, próximos à UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), reclamam com frequência da aglomeração de estudantes nos estabelecimentos, principalmente às sextas-feiras.

A situação atingiu o limite durante a noite de ontem, quando a Polícia Militar recebeu ligações denunciando barulho e obstrução da via pública, motivando ação do BPChoque (Batalhão de Choque da Polícia Militar), que chegou ao extremo nunca visto em situações do tipo em Campo Grande. Envolveu bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão e terminou com uma pessoa detida por desacato.

O sargento Orlando Matos, do BPChoque, contradiz informação repassada por alunos e garante que os agentes conversaram com os frequentadores pedindo que eles desocupassem a via, antes de tomarem a decisão radical. Como continuaram no local, segundo ele, foi necessária uma intervenção mais drástica.

Ele nega exageros da PM e considera a ação necessária. “Ali na Trindade é um corredor. Quem vem da região sul passa por ali para acessar a Rui Barbosa. É uma rua de grande movimento”, afirma. O tumulto, ainda conforme a polícia, ocorreu no início da noite, horário de aula para alguns cursos noturnos da instituição.

Segundo o sargento, essa situação não é restrita à região da UFMS e se repete em bares próximos à Uniderp, por exemplo. No entanto, nesse caso, os estabelecimentos ficam em ruas de menor movimento.

O dono do Bar Escobar, que não quis se identificar ou conceder entrevista, disse apenas que a situação foi desencadeada por uma briga no bar vizinho, quando acadêmicos chamaram a polícia. Mas até os universitários negam essa versão.

Intempestiva – A estudante do 7º semestre de jornalismo da Universidade Federal Amanda Rodrigues garante que não houve conversa com os agentes do BPChoque no momento da confusão. Segundo ela, os frequentadores dos bares viram os policiais falando com a dona de um dos estabelecimentos, chegaram a se aproximar para saber o que estava acontecendo.

“Escutamos um policial dizer: ‘Se você não der um jeito, a gente dispersa com gás”, contou a universitária.

Em seguida, de acordo com ela, os PMs foram para o meio da rua e passaram a atirar bombas de gás lacrimogêneo em direção aos acadêmicos.

Para ela, a ação foi absurda, exagerada diante da situação. “Eu nunca vi uma situação como essa. A Tropa de Choque chegou sem manter nenhum diálogo com qualquer universitário. Em nenhum momento eles pediram para que qualquer pessoa saísse da rua. Foi uma violência totalmente gratuita. E nem estávamos fechando a rua!”, relatou Amanda, que gravou o vídeo da ação em seu celular e divulgou-o nas redes sociais.

Vizinhos - A comerciante Vânia Santos, 47 anos, relatou ao Campo Grande News que família dela mora na região há 53 anos e há 15 sofrem com as festas dos estudantes. “Os universitários bloqueiam a rua e não deixam ninguém passar. Não ouvem ninguém”, contou.

O autônomo Ricardo José dos Santos, 32, afirmou que em todas as sextas-feiras a situação é a mesma. “Tem festa, eles bebem e não deixam passar carros”, contou. Ainda revelou que os estudantes estacionam em frente às casas dos outros moradores e urinam nos muros. “Eles tinham que parar um pouco”, analisou.

A situação deixa quem mora no entorno indignado. Como é o caso do universitário Ricardo Cáceres, 42 anos, que considerou a atitude da polícia correta. “Nós perdemos quase meia hora para cruzar a rua”.

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