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Capital

Na cartada final, defesa dos réus insiste na falta de provas para condenação

Advogados voltaram à carga, dizendo que provas são emprestas de outros processos, ainda em andamento

Silvia Frias e Jhefferson Gamarra | 19/07/2023 21:13
Jamil Name Filho, Vladenilson Olmedo e Marcelo Rios no banco dos réus (Foto: Henrique Kawaminami)
Jamil Name Filho, Vladenilson Olmedo e Marcelo Rios no banco dos réus (Foto: Henrique Kawaminami)

Às 21h, depois de três dias de julgamento, foi encerrada há pouco a fase de debate entre os promotores e advogados no caso da execução do estudante Matheus Coutinho Xavier. No embate direito, a acusação insistiu na tese de provas que indicam a conexão entre os réus, enquanto as defesas de todos dizem que se tratam apenas de indícios, insuficiente para condenação.

Os promotores tiveram 2h30 para acusação e os advogados também tiveram o mesmo tempo. A réplica e a tréplica, usadas pelas partes, foram mais 4h de embate. Veja abaixo como os advogados dos réus usaram o tempo de tréplica para convencer os jurados da inocência de Jamil Name Filho, Vladenilson Olmedo e Marcelo Rios.

Vladenilson Olmedo
Na fase da tréplica, os advogados Ewerton Bellinati e Alexadre Padilhas rebateram os “vínculos cabais” apontados pelo promotor Moisés Casarotto.

Afirmaram que o cliente nem chegou a ser denunciado pelo crime de extorsão referente ao ex-dono da casa no Bairro Monte Líbano e ainda foi absolvido em outro, de obstrução de justiça.

Alexandre Padilhas e Ewerton Belinatti durante julgamento, hoje (Foto: Henrique Kawaminami)
Alexandre Padilhas e Ewerton Belinatti durante julgamento, hoje (Foto: Henrique Kawaminami)

Os advogados afirmaram que não há ilegalidade nos diálogos travados entre Olmedo e que foram interceptados pela investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Mesmo a conversa captada em que Marcelo Rios é citado é desconsiderada, por não demonstrar qualquer vínculo com arsenal.

O fato de o policial aposentado estar na casa dos Name também não poderia ser usado como elemento de acusação, já que ele mesmo admitiu que trabalhava para a família.

A defesa de Olmedo desqualificou novamente o depoimento, como informante, da advogada que liga Olmedo a um dos acusados da execução do estudante.

A movimentação financeira mostrada pelo promotor Moisés Casarotto, segundo os advogados, não consta nos autos, sendo apenas um print nas alegações finais do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Por isso, não há como saber se a empresa que depositou é ou não ligada ao setor de armamento. “Eu não sei, não tem isso nos autos”, disse Padilhas.

Padilhas leu os quesitos que serão apresentados aos jurados na fase da votação e pediu que dissessem não para os que perguntam se Olmedo tem envolvimento na execução de Matheus Coutinho, na ocultação da arma e na intermediação do carro usado no crime.

Marcelo Rios
Nas alegações finais, a defesa o ex-guarda municipal, formada pelos advogados Luiz Rene Gonçalves do Amaral e Marcio de Campos Widal Filho, voltou todas as atenções ao corpo de jurados para pedir a absolvição, tentando desvencilhar as outras condenações de seu cliente da execução de Matheus Coutinho Xavier.

Marcelo Rios, que cumpre pena por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e é assumidamente responsável pelo arsenal apreendido em uma casa, no dia 19 de maio de 2019, em Campo Grande, é acusado de contratar Juanil e Zezinho, emprestar o veículo e o fuzil usado na execução do jovem, morto no lugar do pai, tese refutada pela defesa.

Advogados Luiz Rene Gonçalves do Amaral e Marcio de Campos Widal Filho que defendem Marcelo Rios no processo (Foto: Henrique Kawaminami)
Advogados Luiz Rene Gonçalves do Amaral e Marcio de Campos Widal Filho que defendem Marcelo Rios no processo (Foto: Henrique Kawaminami)

 
“Independente do resultado, Marcelo Rios não vai embora para casa, vai voltar pra Mossoró algemado, distante de tudo e todos em um dos regimes mais severo que há em nosso país. Isso é justo porque ele tem uma decisão condenatória, nesse momento ele compreende e não se sente injustiçado porque admitiu a posse do arsenal, ele também vai voltar para cumprir também a pena de associação criminosa”, explicou o criminalista Widal Filho.

Na sequência, o advogado sugeriu que o corpo de jurados faça um “exercício mental” para chegar a uma conclusão justa, sem levar em consideração o passado de Rios. “Reflitam se há certeza de que ele entregou a arma, o carro e escolheu Zezinho e Juanil para matar Matheus Coutinho. Peço a absolvição se houver dúvida por falta de provas”, argumentou a defesa.

Jamil Name
Na explanação, Nefi Cordeiro voltou a falar que não há prova que determine que a execução tenha sido ordem de Jamilzinho. “Não há documento, não há testemunha”, afirmou.

Cordeiro comentou que das seis testemunhas de acusação, cinco eram delegados e um era o pai da vítima, o ex-policial Paulo Roberto Teixeira Xavier, que prestou depoimento como informante, por conta do parentesco e sendo classificação que não tem o mesmo compromisso que a testemunha formal.

Eugênio Malavasi e Nefi Cordeiro fizeram a defesa de Jamil Name Filho (Foto: Henrique Kawaminami)
Eugênio Malavasi e Nefi Cordeiro fizeram a defesa de Jamil Name Filho (Foto: Henrique Kawaminami)

A outra fala de acusação é da advogada Laura Cândia, que não foi convocada para o júri e teve o depoimento questionado por todos os advogados.

O advogado relatou que as provas apresentadas fazem parte de outros processos, que estão em fase de recurso ou ainda em trâmite, sem qualquer sentença. “O que sobra para cá? Sobre Jamil ser mandante deste crime? Não temos essa prova”.

Cordeiro voltou a falar que a motivação do crime, de traição por parte de Paulo Xavier, não encontra respaldo, já que o advogado Antônio Augusto de Souza Coelho, que estaria envolvido na briga, não relatou desavenças posteriores, segundo a defesa. “Por onde quer que se analise, por onde quer se observe, se constante, não há elemento de prova idônea”.

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