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Capital

Na rua com 25 crianças, moradora lamenta corte de luz: "Necessidade básica"

Terreno é irregular, mas quem perdeu “gatos” pede que os serviços essenciais sejam regularizados

Aline dos Santos e Mirian Machado | 11/07/2019 11:34
Mulheres e crianças formam a maior parte das famílias que moram em área invadida no Jardim Centro-Oeste. (Foto: Henrique Kawaminami)
Mulheres e crianças formam a maior parte das famílias que moram em área invadida no Jardim Centro-Oeste. (Foto: Henrique Kawaminami)

O endereço é irregular, uma invasão da massa falida da construtora Homex, no Jardim Centro-Oeste, mas quem teve a energia cortada hoje em ação de combate a “gatos” pede que os serviços essenciais sejam regularizados pelas concessionárias de energia elétrica e abastecimento de água.

“A rua tem 25 crianças, não tem como ficar sem luz, é uma necessidade básica. A gente não está aqui porque quer, mas porque a gente precisa”, afirma a dona de casa Rosângela Alves Soares, 49 anos. Ela mora na área de invasão há dois anos e oito meses. A moradia é compartilhada com esposo e neto. Enquanto no entorno, residem as filhas, uma delas com quatro crianças. A água que abastece as casas vem do poço.

“A luz oscila muito e já chegou a queimar duas geladeira. Sabemos que é difícil para a empresa, traz prejuízo, mas a gente não está se recusando a pagar”, diz Rosângela. Ela relata que gastou R$ 700 em fios para fazer a ligação irregular.

Esposa do presidente do bairro, Elizangela Madalena Prudêncio, 40 anos, afirma que o local tem 2.448 famílias. Ela também pede para que o fornecimento de água e luz seja feito de forma regular. “Mesmo que a gente não possa ficar aqui, uma área particular. Podemos ir pagando água e luz”, diz.

A dona de casa Adriana Freitas, 33 anos, lamenta a situação das crianças. “Na esquina, tem um bebê de 16 dias. Tem criança que precisa de energia para fazer inalação”.

"A rua tem 25 crianças, não tem como ficar sem luz", diz Rosângela. (Foto: Henrique Kawaminami)
"A rua tem 25 crianças, não tem como ficar sem luz", diz Rosângela. (Foto: Henrique Kawaminami)
"Podemos ir pagando água e luz”, sugere Elizangela. (Foto: Henrique Kawaminami)
"Podemos ir pagando água e luz”, sugere Elizangela. (Foto: Henrique Kawaminami)

De acordo com o gerente comercial da Energisa, Ercílio Diniz Flores, são cerca de 80 pontos de ligação clandestina e que o problema se arrasta por mais de dois anos. “Não é uma ação de combate ao furto de energia, mas para preservar a vida. Temos vários princípios de incêndio nessa região. A cada quinze dias, queima de três a quatro transformadores”.

A ação envolve 120 pessoas, com um exército de eletricistas, 70 veículos da Energisa e equipes da PM (Polícia Militar) e do Batalhão de Choque. Antes da invasão, era fornecido um megawatts hora/mês e depois da ocupação, o consumo cresceu para 150 megawatss hora/mês.

Histórico - A área invadida é remanescente do projeto milionário da Homex, que veio a Campo Grande com a promessa de construir três mil casas.

A chegada foi precedida por tensão entre a prefeitura e a Câmara Municipal. O ano era 2010 e um projeto para permitir a vinda do grupo, que anunciou investimento de R$ 200 milhões, foi votado com trâmite acelerado.

As mudanças eram para reduzir o tamanho mínimo do terreno, passando de 360 para 250 metros quadrados e aumento da quantidade de casas por condomínio. Mas, já em 2013, o projeto foi abandonado. E os terrenos da empresa, que receberiam os residenciais, foram invadidos. Imóveis ainda no térreo logo foram ocupados e servem de moradia e comércio, como salão de cabeleireiro e conveniência.

Quem comprou os apartamentos e mora nos imóveis concluídos também enfrentou problemas e ações cobram indenização da Homex e da Caixa Econômica Federal.

Funcionário da Energisa leva fios em ação de combate a "gatos". (Foto: Henrique Kawaminami)
Funcionário da Energisa leva fios em ação de combate a "gatos". (Foto: Henrique Kawaminami)
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