Nem cadeado impede acesso à lagoa onde menino se afogou na Moreninha
A lagoa fica na Rua Sonei Tomi, no residencial José Maksoud, na Moreninha 4, região sul de Campo Grande
Cercado, com portão e cadeado. Mesmo assim, crianças e adultos conseguem ter acesso à lagoa, onde Hiago Ryan Cardoso Aguirre, de 9 anos, se afogou na tarde de terça-feira (dia 26), na Rua Sonei Tomi, no residencial José Maksoud, na Moreninha 4, região sul de Campo Grande. A criança está internada em estado grave na Santa Casa.
Segundo o aposentado Alírio Rodrigues, 78 anos, no dia do acidente o portão estava aberto, porque dias atrás arrebentaram cadeado e abriram buraco na grade. “Não adianta arrumar. Vão estragar de novo. A água é de esgoto. Mesmo assim tomam banho e pescam aqui. Não pode deixar as crianças a deus-dará, ainda mais em uma área perigosa dessa”, diz.
Compartilha da mesma opinião, Gabriela Rodrigues de Lima Silva, 27 anos. Ela mora no entorno há 24 anos. “Sempre tem criança brincando aqui. Não tem espaço para lazer no bairro. A 400 metro daqui, no Parques Jaques da Luz, há duas piscinas, mas estão desativadas por falta de manutenção”, lamenta.
Outra vizinha, que pediu para não ser identificada, contou que a área parece 'praia' no fim de semana. “Aqui é cheio. Tanto de adulto quanto de criança”, conta. Os moradores afirmam que o espaço pertence a Águas Guariroba - empresa de água e esgoto. A concessionária nega.
Estado de saúde - Segundo a assessoria de imprensa do hospital, foi realizada a primeira etapa do protocolo de morte encefálica de Hiago. No entanto, devido a instabilidade no quadro do paciente, os médicos não conseguem realizar todos os testes.
Os pais de Hiago são separados. A criança mora com o pai há cinco anos no bairro Moreninha 3. Ele se afogou na lagoa, que fica perto da residência da mãe, onde passava alguns dias. Segundo a família, o menino foi empurrado no reservatório e bateu a cabeça em um cano de concreto. Hiago foi retirado da água por um vizinho, reanimado pelos socorristas do Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência) e levado para o hospital.
Afogamentos - De janeiro até agora, já foram registrados 52 casos de afogamentos, 36% a mais que no mesmo período do ano passado, quando foram 38 ocorrências registradas pelo Corpo de Bombeiros em todo Estado.
No mesmo dia em que Hiago se afogou, uma menina de 2 anos e 7 meses também se afogou durante o banho. O caso ocorreu em uma residência na Rua Elivino José de Souza, no Los Angeles. Segundo a vizinha Elizângela Santana, 37 anos, a mãe da criança havia aquecido água em um balde para dar banho na filha e a deixou sozinha por poucos instantes, quando voltou encontrou a criança com sinais de afogamento e passou a gritar por ajuda. A menina foi levada consciente para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário.
Em setembro, os gêmeos Gabriel e Guilherme, de dois anos, morreram após se afogarem na piscina da casa da família, em Três Lagoas, distante 338 quilômetros da Capital.
Orientação - Em razão das férias, período em que acidentes envolvendo crianças aumentam, o Corpo de Bombeiros dá algumas orientações que podem salvar vidas: Caso presencie afogamento, só tente salvar a vítima se estiver em boas condições físicas; caso contrário, se for possível a aproximação, lance objeto flutuante (boia, isopor, prancha) que ajude a flutuação ou que possa ser aguarrado.
Acione o guarda-vidas ou o Corpo de Bombeiros pelo telefone “193”. Piscinas de clubes e condomínios devem ter acessos restritos e placas com informações. Cuidado com às crianças é fundamental, pois guarda-vidas não substitui a atenção e responsabilidade dos pais.
Não faça uso de bebidas alcoólicas antes ou durante a permanência na água. Obedeça às orientações e determinações dos guarda-vidas. Evite brincadeiras que coloquem a segurança em risco. Evite mergulhos “de ponta”. Não entre em locais que não sejam adequados para banho, como a lagoa no residencial José Maksoud.