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Capital

No Caiobá, "acumulador assumido" não vê problema em transformar quintal em lixão

Figura é conhecida por fazer limpeza nas residências e descartar o lixo no quintal da própria casa

Por Idaicy Solano | 22/10/2023 09:29
Homem de 47 anos vive em meio à sujeira há oito anos no Caiobá II (Foto: Paulo Francis)
Homem de 47 anos vive em meio à sujeira há oito anos no Caiobá II (Foto: Paulo Francis)

Em um terreno na Rua Diógenes Inácio de Souza, no Bairro Portal Caiobá II, em Campo Grande, a pequena construção de tijolos sem reboco e com as portas e janelas danificadas abriga um homem de 47 anos, figura conhecida na região por realizar qualquer tipo de limpeza nas residências e descartar o lixo no quintal da própria casa.

A moradia modesta se tornou epicentro de acúmulo de lixo na região. Montanhas de embalagens plásticas, camas quebradas, tijolos, restos de comida e até seringas podem ser encontrados no local.

A quantidade expressiva de lixo registrada nas imagens é resultado de oito anos de acúmulo. No interior da construção, já não é possível ver o piso da casa, pois o espaço está tomado de lixo, potes com restos de comida estragada e uma montanha de roupas sujas.

A cena chama atenção e assusta quem passa, menos o morador da residência, que segue vivendo dia após dia no meio da sujeira. “Quando eu estou meio louco de cabeça, durmo em cima desse negócio aqui, não tenho medo de bicho nenhum”.

Eu gosto de mim do jeito que eu sou. Eu me considero isso [um acumulador]. Eu já falei para os outros. Eu acumulo mesmo”, diz o homem, que não quis se identificar.

Interior da residência está cheio do de lixo, roupas, garafas e móveis danificados (Foto: Paulo Francis)
Interior da residência está cheio do de lixo, roupas, garafas e móveis danificados (Foto: Paulo Francis)

Conformado com a realidade em que vive, o morador é convencido de que o “lixão particular” é “útil” para a vizinhança. “Sempre tem um negócio que tem aqui dentro que serve pra uma pessoa”, garante.

Questionado a respeito da saúde, em relação às doenças que podem ser causadas com o acúmulo de lixo, o homem apenas diz: “há oito anos mexendo nesse negócio, se fosse pra dar doença, já era pra ter me matado”.

O presidente do bairro, Wesley Neris, diz que já conseguiu fazer seis limpezas no terreno, com auxílio da Prefeitura de Campo Grande, mas o morador voltou a acumular lixo. “Ele continua do mesmo jeito, e ninguém toma uma atitude com relação a uma internação, alguma coisa assim. É complicado. Os vizinhos sofrem muito. Ele mesmo fala ‘eu sou acumulador, não dá nada não, eu sou assim mesmo’. Isso aí já se arrasta por um bom tempo”.

Denúncia - A fiscalização de terrenos sujos é feita pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), e a situação pode ser denunciada para a prefeitura através do número 153. A multa varia entre R$ 2.727,50 e R$ 10.910,00, com base na Lei n° 2909.

De acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o flagrante de acumuladores pode ser denunciado na ouvidoria da secretaria pelo telefone 3314-9955. A pasta ressalta que os casos conhecidos de acumuladores de Campo Grande são acompanhados pela equipe da Vigilância Ambiental.

A SAS (Secretaria de Assistência Social) informa que presta atendimento à pessoa que se enquadre como um indivíduo em risco por violação de direitos ou em vulnerabilidade social, incluindo acumuladores. "Para isso é preciso que ocorra uma denúncia de vizinhos, familiares, agentes comunitários de saúde, busca ativa ou espontânea da própria pessoa".

A SAS informou ainda que vai enviar equipe até a residência para fazer a análise da situação e, se necessário, acionar os demais serviços da rede de atendimento, como a Sesau, por exemplo.

O nome do morador foi preservado por se tratar de pessoas em situação vulnerável, vivendo com dependência química.

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