No caminho do asfalto, moradores esperam por desapropriação desde 2023
A via partirá da Avenida Alto da Serra até a Rua Salomão Abdala, conectando a Guaicurus, Rita Vieira e Zahran

No caminho do asfalto, moradores da Rua Salomão Abdala, no Bairro Itamaracá, e de ruas próximas no Jardim Campo Alto, em Campo Grande, aguardam desde 2023 definição da Prefeitura sobre desapropriações. Parte das casas será retirada e outras perderão trechos dos terrenos para a conclusão da obra que, há cinco anos, promete abrir um novo acesso à região das Moreninhas.
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Em janeiro daquele ano, o Diário Oficial do Município publicou a lista de 52 imóveis que seriam afetados pela abertura das novas vias, obra considerada estratégica para melhorar a mobilidade na região sul da cidade.
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Morando há 12 anos na Rua Beethoven com a esposa e dois filhos, de 6 e 11 anos, o pedreiro Antônio conta que a prefeitura já marcou com tinta vermelha as casas que serão desapropriadas. Ele afirma que esteve na Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) há cerca de oito meses, levando o documento entregue pela própria equipe da prefeitura, e desde então aguarda uma resposta. “É todo o quadrilátero que vai ser desapropriado. Aqui é área de comodato, não tenho escritura, só água e luz no meu nome. Ainda não sei pra onde vamos”, relata.

O pensionista Arnoldo Miranda, de 67 anos, mora há 16 anos na Rua Salomão Abdala e deve perder 18 metros do terreno onde construiu sua casa, adquirida com escritura em 2009. “O engenheiro da prefeitura veio aqui e disse que, se passasse a avenida, eu perderia parte do terreno. O vizinho vai perder tudo. Disseram que vão pagar, mas a avaliação é muito baixa”, diz.

Arnoldo comprou o imóvel por R$ 17 mil e investiu outros R$ 15 mil em muro e cobertura. “O asfalto vai valorizar o bairro, mas a obra com maquinário pesado vai quebrar a casa, as paredes vão rachar. Reformar custa mais caro que construir outra”, lamenta. Ele segue aguardando um posicionamento da prefeitura sobre o destino do imóvel.
O aposentado José Jorge Rodrigues, de 67 anos, mora há mais de três décadas na Rua Salomão Abdala e também aguarda o desfecho. “Vieram medir duas vezes e estipularam R$ 182 mil no ano passado, mas ficou só na conversa. Quero mexer na casa, mas não posso, porque disseram que vai ser demolida”, reclama.
Questionada sobre o andamento das desapropriações, a Sispep (Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou que o processo é conduzido pela PGM (Procuradoria-Geral do Município), enquanto a execução da obra é de responsabilidade do Governo do Estado.

Localizado na saída para São Paulo, o bairro depende quase exclusivamente da Avenida Gury Marques como via de entrada e saída. A expectativa é que a nova ligação com a Avenida Guaicurus ajude a desafogar o trânsito e facilite o deslocamento de quem vive na região sul da Capital. Na última semana, a prefeitura confirmou que as desapropriações têm travado o andamento do projeto.
Anunciada em 2020 e iniciada em 2022, a obra integra um pacote de investimentos de R$ 32 milhões, em parceria com o Governo do Estado. A ligação parte da Avenida Alto da Serra até a Rua Salomão Abdala, conectando as avenidas Guaicurus, Rita Vieira e Eduardo Elias Zahran. A parte de desapropriação dos imóveis ficou com a Prefeitura da Capital.
Apesar do avanço na primeira fase, o trecho que deve unir a Alto da Serra à Salomão Abdala continua parado. Neste ano, a prefeita Adriane Lopes reconheceu o atraso e afirmou que o impasse se deve às negociações para desapropriação das áreas, algumas delas em processo judicial. O Governo do Estado garantiu que a obra segue em andamento. Parte dela, nas Moreninhas, já foi concluída.
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