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Capital

No olhar de uma mãe, a esperança é superar o sofrimento de perder o filho

Nyelder Rodrigues | 12/08/2017 19:17
No sofrimento de Janete, dividido tantas vezes por várias mães, surge também a esperança (Foto: Nyelder Rodrigues)
No sofrimento de Janete, dividido tantas vezes por várias mães, surge também a esperança (Foto: Nyelder Rodrigues)

Perder um filho não é nada fácil, seja a forma como aconteça. Em inúmeras reportagens a situação já foi relatada. Há dois meses Janete dos Santos Andrade, de 35 anos, procura pelo filho, Kauan Andrade Soares dos Santos, de nove anos. Mesmo ainda sem ser o encontrado, a certeza de sua morte é dolorosa.

Entre as informações fornecidas pela polícia, que investiga o paradeiro do corpo do garoto, e as buscas oficiais, Janete, amigos e família resolveram também procurar o que restou de Kauan por conta própria. E não há nada mais justo do que uma mãe querer enterrar seu filho - no caso de Janete, seu segundo filho.

"Queremos uma solução. Queremos enterrar o corpo do meu irmão. Já é o segundo filho que minha mãe perde", comenta a irmã de Kauan, Leandra Andrade Soares dos Santos, de 18 anos. Ela foi uma das cerca de 40 pessoas que foram à Praça do Rádio Clube nesta tarde de sábado (12) participar de uma manifestação.

A ação girou em torno do caso de Kauan, mas pediu justiça e o fim da violência de uma forma geral. Amigos e família prestaram apoio. Lá, também estava Ilda Cardoso, mãe da musicista Mayara Amaral, e Eliane Aparecida Nascimento Martins, mãe do garoto Luiz Eduardo, o Dudu que morreu de forma parecida ainda com 10 anos, no fim de 2007.

"No meu caso foram 390 dias até resolver tudo. Não podemos deixar que isso aconteça de novo", frisa Eliane, que não pode deixar de apoiar Janete no momento de dor. "Fui até a casa dela conversa. Fui levar um pouco de esperança para ela".

Protesto aconteceu nesta tarde de sábado, no cruzamento da Afonso Pena com a rua Padre João Crippa (Foto: Nyelder Rodrigues)
Protesto aconteceu nesta tarde de sábado, no cruzamento da Afonso Pena com a rua Padre João Crippa (Foto: Nyelder Rodrigues)

Semelhança e esperança - A semelhança entre os casos de Kauan e Dudu faz com que comparações sejam inevitáveis. E, após uma pausa para suspirar, Eliane concordou. "Foi um choque, pois é um caso muito parecido e até perto de onde aconteceu com o Dudu [morto pelo ex-marido de Eliane no Aero Rancho]".

E muito pela semelhança entre os casos, Eliane sabe que a esperança é o sentimento para superar o sofrimento enfrentado por Janete. Infelizmente, agora, é a esperança de apenas encontrar o corpo de Kauan e enterrá-lo. A esperança que a Justiça seja feita e os autores condenados com rigor.

"Não é nada fácil. Não aguentamos mais isso, é tanta saudade. Minha mãe desabafou comigo e já até falou em se matar. Precisamos de força", comenta Leandra, sobre o estado emocional da mãe.

Janete teve nove filhos, dois deles já falecidos. O primeiro morreu em Ponta Porã, atropelado. Agora, Kauan foi vítima da crueldade. "Pode ter dez crianças ali, mas ele sempre vai fazer falta", desabafa, prosseguindo. "Eu não como, não bebo e não durmo", revela, ao falar sobre o impasse que se tornou o caso Kauan, já há dois meses, e a esperança de o encontrá-lo.

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