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Capital

Nova Campo Grande foi o bairro mais bombástico da cidade

Aline dos Santos | 29/12/2012 08:28
Nova Campo Grande foi o bairro mais bombástico da cidade
Há 15 anos com família, bomba já era de casa (Foto: Pedro Peralta)
Há 15 anos com família, bomba já era de casa (Foto: Pedro Peralta)

O bairro Nova Campo Grande foi o mais explosivo da cidade em 2012. A fama e o perigo vieram à tona em 28 de abril. Era tarde de sábado quando um operário encontrou o primeiro artefato em uma obra do grupo Brookfield.

“Fui e lavei. Não sabia o que era. Fiquei desfilando com ela não mão”, contou José Ronaldo de Souza Ferreira, de 26 anos, que escavava quando encontrou o artefato. A bomba foi detonada por uma equipe da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais). Mas o que seria um caso isolado, logo se mostrou corriqueiro.

O alerta veio na voz de um menino, que ia e vinha de bicicleta, pedindo que a reportagem fosse a um imóvel na mesma rua. Ele jurava que a “na casa da mulher também tem uma bomba”. Dito e feito.

Na rua Cinco, a poucos metros, do canteiro de obras, uma família, sem saber, morou por 15 anos com uma bala de canhão. O artefato militar, literalmente, era de casa: servia para segurar portas, amassar latinhas.
Jerusa Pereira dos Santos, de 40 anos, contou que o único cuidado era sempre bater só a base do material, sem mexer na ponta. A bomba foi descoberta durante a abertura de uma fossa no quintal.

A história da família que morava com a bomba há mais de uma década repercutiu do Campo Grande News para a mídia nacional. O artefato foi retirado do imóvel pela Cigcoe. Muito antigo, não foi localizado nos catálogos internacionais de munição.

José Ronaldo conta que "desfilou" com artefato. (Foto: Pedro Peralta)
José Ronaldo conta que "desfilou" com artefato. (Foto: Pedro Peralta)
Jerusa usava  bomba para amassar latinhas(Foto: Pedro Peralta)
Jerusa usava bomba para amassar latinhas(Foto: Pedro Peralta)

O subcomandante da Cigcoe, major Vagner Ferreira da Silva, explicou que a família corria o risco com o artefato dentro da casa. A munição tem raio de letalidade de 20 metros. Pelo bairro, o zum-zum-zum correu solto. Correu até o boato de que os artefatos eram remanescentes da Guerra do Paraguai.

O Exército, por sua vez, foi sucinto na explicação. De acordo com o CMO (Comando Militar do Oeste), nas décadas de 20 e 30 a região do bairro Nova Campo Grande era usada para exercícios militares. Na época, a área era particular e somente depois houve o loteamento.

No decorrer de 2012, outros dois artefatos foram encontrados por operários no canteiro de obra da Brookfield : um em 21 de maio e o outro em 13 de dezembro. Ainda no final de abril, outra munição militar foi descoberta em Campo Grande. Desta vez, o achado foi no bairro Los Angeles.

O morador se deu conta de que armazenava um explosivo em casa depois que a imprensa veiculou os primeiros casos.
No começo de maio, a Cigcoe recolheu artefatos militares em Bonito e Miranda.

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