Novo acesso às Moreninhas tem cobrança por agilidade e temor sobre moradia
Em uma ponta, moradores querem que a obra avance logo; na outra, eles temem desapropriações
A obra para novo acesso às Moreninhas, um dos mais populosos de Campo Grande, vai ganhando forma aos fundos do conjunto, mas tem reclamação de demora por moradores da Avenida Alto da Serra (Moreninha II), uma das pontas da ligação, enquanto na Rua Salomão Abdalla (Jardim Itamaracá), o trecho final, o temor é sobre o futuro da moradia, pois a previsão é de que imóveis sejam desapropriados para abrir caminho.
“Está demorando muito, são três meses que mexem, mexem e não avançam. Para a tubulação de esgoto, abriram um buraco que deixa terra na frente da minha casa. Cuido do meu ex-marido, que é cadeirante. É complicado para entrar e sair de casa, principalmente na chuva, porque ficamos ilhados”, afirma a dona de casa Edilene Rocha Santos, que convive com um misto de expectativa com a melhoria e incômodo pelo transtorno gerado.
Moradora na Avenida Alto da Serra, ela afirma que a obra tem realidade bem diferente na Vila Cidade Morena. “Lá já está quase tudo asfaltado, quase perfeito. Quando terminar, o resultado vai ajudar porque vai valorizar nosso bairro, mas está difícil. Essa parte da Moreninha aqui é a pior”, reclama Edilene.
Também morador da região, Nilton Amaral, de 66 anos, disse que a obra já foi mais movimentada, mas teve a impressão que o ritmo desacelerou nas últimas semanas. Assim como Edilene, ele também aponta a situação difícil quando chove e disse que aguarda a entrega da obra. “Espero que até o meio do próximo ano já esteja tudo terminado”
A região dos fundos das Moreninhas de fato já teve mais movimentação, com a instalação da rede de drenagem e nivelamento de ruas. O projeto incluiu a pavimentação em trechos de 15 vias no conjunto e os trabalhos seguem com a extensão da Altos da Serra, que é a parte aguardada pelos moradores. Mais recente, o trabalho está a cargo da Águas Guariroba, com rebaixamento de tubulação para, depois, a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul) implantar a pavimentação. Esse trecho no lado das Moreninhas está estimado em R$ 41,3 milhões.
Trecho final - No Jardim Itamaracá, a Rua Salomão Abdalla, que vai ser o caminho para ligar com as Moreninhas, a via está intransitável. Com declive, a rua tem grandes valetas causadas pela enxurrada, que os moradores encobrem com descarte de lixo e entulhos.
O aposentado Arnoldo Miranda, de 65 anos, morador desde 2010 no Itamaracá, está no grupo de proprietários da Salomão Abdalla que aguardam definição sobre a desapropriação para o alargamento e pavimentação da via até o encontro com a Avenida Guaicurus. Ele contou à reportagem que seu terreno foi avaliado em R$ 300 mil, valor que espera ser indenizado como condição para deixar a casa. No começo do ano, foi publicado decreto incluindo uma série de imóveis a serem desapropriados para a passagem da obra.
“Faz duas semanas que veio um técnico da prefeitura aqui e tirou a medida do terreno. No meu caso a avenida não pegaria na estrutura da casa, mas eu não vou ficar aqui quando as obras começarem, porque as máquinas são grandes e vão destruir minha casa, deixar muita rachadura. Então ou a prefeitura compra todo o terreno ou não compra nada”, sentencia. Ele revelou que não vê problema em deixar a casa depois de tantos anos. “Se precisar sair eu saio daqui tranquilamente, pelo menos essa rua vai ajudar toda a população”.
Há moradores também que se preocupam em ficar sem teto. Por lá, quem tem imóvel pelo regime de comodato sonha em ganhar um lar do poder público.
“Ouvi falar que vamos receber casas, que a prefeitura vai oferecer. Para a gente, receber uma casa dessa é muito melhor do que ficar na situação que estamos vivendo agora. Se o governo quiser dar casa para gente, vamos aceitar de bom grado”, afirma Sebastiana Velasque, 54 anos.
No levantamento mais recente, a Agesul estimou ter ultrapassado um terço da obra para criar o acesso entre as Moreninhas e as avenidas Rita Vieira de Andrade e Eduardo Elias Zahran. Para a parte final, a estimativa é de investir R$ 32 milhões. A informação repassada é que a parceria do Executivo Estadual com a Prefeitura da Capital inclui o repasse de valores para as indenizações de moradores do Itamaracá quando os trâmites da desapropriação estiverem concluídos. Conforme repassado pela Agesul, a obra está dentro do cronograma de previsão de entrega na metade do ano que vem.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News.