Ônibus retornam, mas incerteza faz usuários dependerem de caronas
Usuários gastam orçamento com aplicativos enquanto transporte coletivo se regulariza

Após a retomada parcial do transporte coletivo em Campo Grande nesta quinta-feira (18), muitos passageiros ainda enfrentam incerteza sobre os horários dos ônibus e recorreram a alternativas como transporte por aplicativo ou caronas de empregadores.
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A paralisação do transporte coletivo em Campo Grande, que durou desde segunda-feira, foi encerrada após antecipação de R$ 3,3 milhões pelo Governo do Estado. O valor permitiu o pagamento de 50% dos salários atrasados e do 13º dos funcionários do setor. No entanto, mesmo com a retomada parcial do serviço, usuários ainda enfrentam incertezas. Durante a paralisação, passageiros recorreram a alternativas como Uber e caronas de empregadores, enfrentando aumento significativo nos preços dos aplicativos de transporte. Trabalhadores relatam que grande parte de seus rendimentos foi destinada ao pagamento de transporte alternativo, comprometendo orçamentos previstos para compras de fim de ano.
A paralisação das empresas de transporte começou na segunda-feira e só terminou após a antecipação de R$ 3,3 milhões pelo Governo do Estado, permitindo a quitação de 50% dos salários atrasados e do 13º dos funcionários. Apesar da liberação dos ônibus, usuários relatam que a volta completa das linhas depende da normalização gradual da frota.
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Marli Trindade Barros, 52 anos, trabalha com limpeza e precisou da ajuda do patrão desde o início da greve. “Não sou contra a greve dos trabalhadores, mas acabou atrapalhando a gente para vir ao trabalho. Os preços do Uber aumentaram bastante e querendo ou não a gente depende dos ônibus diariamente para trabalhar”, contou. Ela detalhou que precisa pegar três ônibus diferentes para chegar em casa, passando pelo Terminal General Zona, e que a situação se tornou ainda mais complicada pelo aumento de passageiros e pela limitação de veículos.
Paulo Guedes, 51 anos, costureiro, relatou que os aplicativos de transporte ficaram caros e instáveis durante a paralisação. “Meus chefes estão me levando porque o Uber estava muito caro e o aplicativo cancelava direto. Agora, a possibilidade de os ônibus voltarem ajuda bastante”, disse. Ele reforçou que dependia das caronas para cumprir horários e que os aumentos nas tarifas dificultaram ainda mais a rotina diária.
Duas colegas de trabalho, Maria Conegundes, 53 anos, e Luisa Rodrigues, 46, enfrentaram situação semelhante e tiveram de dividir corridas de Uber para economizar. “Infelizmente, estamos atravessando um momento difícil, principalmente próximo ao Natal. Os valores estão altos, entre R$40 e R$60, e dividimos a corrida porque a casa dela fica no caminho”, contou Maria. Ela acrescentou que grande parte do que ganharam esta semana foi destinada a pagar transporte, reduzindo o orçamento para compras de fim de ano.
As entrevistadas também destacaram a incerteza mesmo após a retomada dos ônibus. “Contamos com a possibilidade de que as autoridades tomem providências logo, porque a situação está caótica. Estamos trabalhando apenas para pagar Uber e o dinheiro que seria usado para compras extras já não será suficiente”, afirmou Luisa. Elas estavam no ponto da praça Ary Coelho, mas optaram por sair de Uber por não terem segurança sobre a passagem dos coletivos.
A greve afetou passageiros de diferentes regiões da cidade, obrigando trabalhadores a reorganizar horários e trajetos para cumprir compromissos. Marli relatou que, mesmo com a ajuda do patrão, a logística diária ficou complicada. Paulo contou que precisou pedir carona para outra localidade de seu serviço, e que o cancelamento frequente de corridas por aplicativo aumentou ainda mais o transtorno.
O aumento do preço de aplicativos se tornou um problema adicional para os usuários do transporte público. Maria e Luisa explicaram que os valores cobrados para ir e voltar do trabalho consumiram a maior parte do orçamento da semana. “Estamos trabalhando apenas para pagar Uber. O dinheiro que seria usado para compras extras já não vai ser suficiente”, disse Maria. Elas destacaram que a situação prejudicou diretamente a rotina de trabalhadores autônomos e do comércio local.
Entenda - Os trabalhadores do transporte coletivo suspenderam a paralisação depois da liberação de 50% dos salários atrasados e do 13º. O pagamento foi possível graças a antecipação feita pelo Governo de Mato Grosso do Sul, que depositou R$ 3,3 milhões referentes a repasse do mês de janeiro. O Consórcio precisava de R$ 1,5 milhão para quitar 50% da folha salarial em atraso, além do valor do 13º para mais de 1.100 trabalhadores, sendo 750 motoristas.
No início da manhã, uma reunião na Câmara de Vereadores selou o acordo com a diretoria do Sindicato. Antes, o governador Eduardo Riedel (PP) informou que, após conversas com a prefeita Adriane Lopes (PP) e com o presidente da Câmara, Epaminondas Papy, na quarta-feira, foi acertada a ajuda do Estado.
Demétrio Freitas, presidente do STTCU (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande), afirmou que está certo o retorno, desde que o Consórcio Guaicurus cumpra a parte dele no acordo, com pagamento de 50% que ficaram faltando dos salários de novembro e do 13º, que vence amanhã.
"Não adianta pagar hoje e amanhã atrasar de novo. Precisamos que tudo seja pago para que o trabalhador volte com tranquilidade. A gente assume o compromisso de que, se fizer o pagamento, o trabalhador volta imediatamente. Já convoquei eles para comunicar e pode ter certeza que isso acontecer no decorrer do dia, os ônibus voltam hoje ainda."



