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Capital

"Optei por matar do que bater", alega ex-marido preso

Há 2 dias, homem matou ex-esposa no Bairro Parque do Lageado e foi preso hoje em Ribas do Rio Pardo

Dayene Paz e Ana Beatriz Rodrigues | 18/03/2022 16:22



Sem demonstrar arrependimento e tranquilo, Fabiano Querino dos Santos, de 35 anos, confessou o assassinato da ex-esposa, Eloísa Rodrigues de Oliveira, de 36 anos, ao ser interrogado na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), na tarde desta sexta-feira (18). O crime ocorreu na última quarta-feira (16), no Bairro Parque do Lageado, em Campo Grande. "Eu optei por matar do que bater", disse para a polícia.

Fabiano foi encontrado nesta manhã, escondido em uma residência na cidade de Ribas do Rio Pardo, a 98 quilômetros da Capital. Segundo a delegada Elaine Benicasa, titular da Deam, ele será mantido atrás das grades por força de um mandado de prisão preventiva, pedido ontem e acatado pela Justiça.

Fabiano foi preso e levado para a Deam, onde foi ouvido pela polícia. (Foto: Paulo Francis)
Fabiano foi preso e levado para a Deam, onde foi ouvido pela polícia. (Foto: Paulo Francis)

Ao ser ouvido, além de alegar que Eloísa mantinha relação com outro homem - que seria um dos motivos para o crime - Fabiano também descreveu que agiu por não ter que se sentir covarde. "Na hora que estava golpeando a vítima afirmou que sentia revolta, porque estava ofendido pelos boletins de ocorrência feitos por ela, que se sentiu constrangido pela família e conhecidos", revelou Benicasa. Disse que ao invés de bater, decidiu matá-la, pois se sentiria menos covarde.

Para a delegada, mentiras criadas por ele para tentar tirar a culpa do crime. "Afirmou que nunca encostou o dedo nela. Que houve agressão verbal e nunca física, que todos os boletins registrados pela vítima são mentiras", revelou Elaine Benicasa.

Sobre a prisão, a delegada Maíra Machado revela ser a terceira envolvendo feminicídio em Campo Grande. "Isso não traz as vítimas de volta, mas mostra o quanto a delegacia se esforça para solucionar os casos de feminicídio", ponderou.

Delegada Maíra, à esquerda, e titular da Deam, Elaine Benicasa. (Foto: Paulo Francis)
Delegada Maíra, à esquerda, e titular da Deam, Elaine Benicasa. (Foto: Paulo Francis)

O crime - Eloísa foi esfaqueada na frente dos três filhos na casa onde morava, na Rua Manoel Marcelino Rodrigues, no Bairro Parque do Lageado, na noite da última quarta-feira (16). Uma das filhas, de 5 anos, foi quem saiu na rua pedindo socorro. Logo em seguida, a mulher saiu ensanguentada da casa. Pouco antes, Fabiano fugiu do local.

Eloísa foi socorrida por uma vizinha, que tentou estancar os ferimentos até a chegada da ambulância. Depois, foi levada para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no início da tarde de ontem (17).

Pouco antes da morte de Eloísa, Fabiano chegou a ser visto na rua na manhã de ontem, cuidando o local. Moradores acreditam que Fabiano foi confirmar se Eloísa havia morrido.

Ciclo de violência - Ele já havia ameaçado a ex-mulher, afirmando que iria decapitá-la e jogaria o corpo na rua para que todos os moradores vissem. Fabiano também já chegou a trancá-la em casa com os filhos, depois de cortar a mangueira do gás.

A vítima já havia registrado inúmeros boletins de ocorrência contra o agressor. Ela conheceu Fabiano em agosto de 2019, durante pregações que a mulher fazia nos terminais de ônibus da Capital. Foram apenas três meses para que ele demonstrasse ser uma pessoa violenta. "No dia 7 de novembro de 2019, procurou a polícia relatando lesões, ameaças e injúria", revelou Benicasa.

Foram cinco boletins de ocorrência a partir daí, até a morte de Eloísa há dois dias. O último boletim foi registrado no dia 3 de março, depois da mulher ser agredida por Fabiano.

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