Paciência e planejamento são aliados na hora de resgatar animais de rua
“É preciso ter certeza, se tiver dúvida, não adote”, orienta protetoras animais Andréia Costa
Encontrar um cachorro perambulando pelas ruas ou uma quadra em bairro cheia de gatos aguardando a próxima refeição não são cenas incomuns e para muita gente, o abandono dos bichinhos rende um aperto no peito. Mas, o ideal é não agir no impulso e tomar alguns cuidados quando se deseja fazer uma adoção.
Pode parecer óbvio, mas a diretora-financeira da ONG Abrigo dos Bichos alerta, por exemplo, que a primeira regra ao recolher um animal de rua é levá-lo ao veterinário. “Ainda que clinicamente você olhe para ele e não tenha feridas ou nenhum machucado, de repente, ele tem uma virose, uma bactéria que você não esteja vendo. Então, depois de adotá-lo, mesmo que ele esteja aparentemente bem, você tem que pegá-lo e levá-lo em uma clínica veterinária e fazer os exames básicos”, explica Andréia Costa, de 54 anos.
A protetora ainda reforça que o animal abandonado pode apresentar comportamentos diferentes ao serem abordados, já que muitas vezes são maltratados. Por isso, ao tentar se aproximar de um desses pets para resgatá-los é preciso ter paciência e cautela.
“Como o animalzinho está na rua às vezes ele já passou por algumas crueldades, as pessoas jogam pedras, as pessoas chutam. Alguns agem de forma agressiva quando você tenta se aproximar, outros ficam bem amedrontados, você vai apanhar e eles correm”, diz Andréia.
Fazer amizade aos poucos com o animal é outra dica dada pela protetora. Oferecer água, ração ou até mesmo um abrigo em meio a um temporal são algumas das formas de aproximação.
Ao longo dos muitos anos que atua na ONG, Andréia já ouviu muitas desculpas a respeito do motivo dos tutores abandonarem bichos as ruas. As desculpas vão desde a descoberta de gravidez até a morte do responsável do animal. Por isso, antes de tomar a decisão de recolher esses animais é preciso ter certeza de que quer cuidar do pet a longo prazo.
“Eu sempre falo, eles são como gotinhas em nossas vidas, então eu não vejo motivos para não tê-los [..] mas se não tem condições, não adote. Compre um bichinho de pelúcia para não precisar abandonar. É preciso ter certeza, se tiver dúvida, não adote”, orienta.
Com outras ongs, protetoras de animais independentes e até mesmo o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) cheios de animais que foram resgatados, Andréia reafirma a importância da doação. "Se você tem interesse em ter um animal, não vá em pet shops para comprar. Vá ao CCZ, procure as ONGs, porque os resgatados precisam de um lar”, afirma.
A ONG Abrigo dos Bichos não faz mais resgates de animais por falta de recursos. “Nós ainda temos 12 animaizinhos em lares temporários. Desde o ano passado, nosso foco é a castração. Há 20 e poucos anos estamos recolhendo, tratando, mas sabemos que é um ciclo vicioso que não acaba”.
Andréia conta que através das redes sociais da ONG fazem a divulgação de pets que precisam de um lar temporário ou até mesmo definitivo. Para isso, quem deseja divulgar esses animais deve compartilhar uma foto do animal com suas informações e marcar a página.
Vale ressaltar que o crime de maus-tratos tem pena de 2 a 5 anos de reclusão. As denúncias devem ser feitas na Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista).