Padaria já doou 1 milhão de pães produzidos por detentos da Capital
Criado há 4 anos, projeto do TJMS produz e doa 6 mil pães por dia, que são doados a entidades sociais

O projeto Padaria da Liberdade, que funciona no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande, alcançou a marca de 1 milhão de pães produzidos e doados para instituições beneficentes. A celebração da marca aconteceu nesta segunda-feira (24), no Sesc Sabor & Arte, no centro da Capital.
RESUMO
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Padaria em presídio de Campo Grande doa 1 milhão de pães. Projeto social, criado em 2021, oferece capacitação profissional a detentos e auxilia instituições carentes. Os pães são produzidos por oito internos no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira e distribuídos pelo programa Mesa Brasil Sesc. Iniciativa da 2ª Vara de Execução Penal, o projeto é financiado por descontos nos salários dos próprios presos que trabalham em empresas conveniadas. A produção diária é de 6 mil pães, dos quais 1.500 são doados. Mais de 100 instituições já foram beneficiadas, atendendo pessoas em situação de rua, dependentes químicos, crianças e idosos. Detentos recebem qualificação profissional em panificação e confeitaria, visando à reinserção social.
Criado em 2021, o projeto é uma iniciativa da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, idealizado pelo juiz Albino Coimbra Neto, com o objetivo de unir ressocialização de detentos e impacto social. O financiamento inicial veio de um desconto de 10% nos salários dos presos que trabalham em empresas conveniadas com o sistema prisional.
“Resolvemos fazer isso em um presídio para transformar em quem estão presos úteis a sociedade", comenta. “É o desconto do salário dele que faz tudo isso continuar", complementa Coimbra.

Atualmente, oito internos trabalham na padaria, produzindo 6 mil pães por dia. Desse total, 1.500 unidades são doadas diariamente para instituições sociais por meio do programa Mesa Brasil, do Sesc. O restante abastece as empresas que fornecem alimentação aos próprios presídios.
“Temos cerca de 200 instituições cadastradas no nosso programa, e de 20 a 30 retiram esses pães diariamente, para atender crianças, idosos, dependentes químicos e pessoas em situação de rua”, explicou Edison Ferreira de Araújo, presidente da Fecomércio.
Desde junho de 2021, a padaria já doou mais de 32 toneladas de pães, beneficiando 112 instituições sociais em Campo Grande, que atendem desde crianças até pessoas em situação de rua e dependentes químicos. A expectativa agora, segundo os organizadores, é ampliar a produção e criar novas oportunidades de capacitação.
De acordo com Coimbra, os internos que trabalham no projeto são selecionados com base no bom comportamento, tipo de pena e regime semiaberto. Eles passam por capacitação profissional, oferecida pelo Senac, nas áreas de panificação e confeitaria.
Além do apoio do sistema S na capacitação, a operação tem ainda o suporte da Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura), da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que é responsável pela gestão financeira e compra de insumos, além do desenvolvimento de novos produtos junto ao curso de Nutrição.
Mudança de vida - Para o diretor do presídio, Ricardo Teixeira de Brito, o projeto gera impacto em várias frentes. “Esse projeto beneficia a sociedade, as instituições que recebem os pães, e os próprios internos, que saem capacitados para trabalhar fora”, afirma.
Um dos participantes do projeto é o detento Sérgio Leite, de 62 anos, que cumpre pena de 14 anos. Ele conta que, após 22 dias dentro da unidade, surgiu a chance de trabalhar na padaria, uma atividade até então desconhecida para ele. “Eu nunca tinha feito pão. Fui bancário, promotor de eventos. No começo foi difícil, mas hoje faço tudo, desde preparar a massa até o pão final. Lá fora, a gente já sabe que tem oportunidades esperando”, conta.
Para Sérgio, a qualificação dentro do sistema prisional representa também uma chance de recomeço fora das grades. “O futuro está aí e, com esse trabalho, quando a gente sai da Gameleira, que é um semiaberto, tem que continuar pagando alguma coisa aqui fora. Então, a gente vai ter uma oportunidade lá fora. Tem uma empresa muito grande aí que contrata a gente. Já tem dois que saíram daqui e estão trabalhando lá”, afirma.
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