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Política

Prestes a 'sumir', PSDB é partido com projeto mais longo no governo de MS

Para os ex-governadores do PT e MDB, a rejeição foi ao nome escolhido para sucessão

Por Fernanda Palheta | 23/06/2025 17:11
Prestes a 'sumir', PSDB é partido com projeto mais longo no governo de MS
Ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ao lado do governador Eduardo Riedel (PSDB) durante encontro com prefeitos tucanos na última semana (Foto: Reprodução))

A alternância partidária na gestão estadual faz parte do DNA sul-mato-grossense. Desde a redemocratização as legendas conquistam dois mandatos e então são substituídos por seus principais rivais. Mas o padrão foi quebrado em 2022, quando o PSDB conseguiu eleger o governador Eduardo Riedel (PSDB) após dois mandatos do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), garantindo à sigla a construção de um projeto de governo de pelo menos 12 anos.

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O PSDB se destaca como o partido com o projeto mais longo no governo de Mato Grosso do Sul, após eleger Eduardo Riedel em 2022, garantindo 12 anos de continuidade. Apesar de sua força local, a sigla enfrenta uma crise nacional, perdendo prefeituras e representatividade, com apenas um governador restante após as eleições de 2022. As tentativas de fusão com o Podemos falharam devido a divergências sobre a liderança da nova legenda. A alternância política no estado é uma característica histórica, com ex-governadores destacando a importância de continuidade e adaptação das políticas públicas. A escolha de candidatos adequados é vista como crucial para o sucesso eleitoral.

A continuidade no poder consolidou o partido como a principal força política no Estado, que ainda tem 44 das 79 prefeituras, as maiores bancadas legislativas com três parlamentares na Câmara dos Deputados, seis deputados na Assembleia Legislativa e cinco vereadores na Câmara Municipal de Campo Grande.

Porém o desempenho sul-mato-grossense se descolou do cenário nacional. O partido vive uma longa crise, marcada por rachas internos e perda de protagonismo diante da polarização brasileira. No seu pior resultado eleitoral no último pleito o PSDB foi a legenda que mais perdeu prefeituras no País, passando de 525 eleitos em 2020 para 269 em 2024, queda de 48%.

Este ano, o ninho tucano perdeu ainda mais representatividade. Dos três governadores eleitos em 2022, apenas o sul-mato-grossense permaneceu no PSDB. A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, foi a primeira a se movimentar e se filiou ao PSD em março. A saída do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite se consolidou em maio, quando também se filiou ao PSD.

Enfraquecido, o partido se arrasta em conversas e diálogos para não desaparecer. No primeiro semestre deste ano, os tucanos viveram entre idas e vindas de negociação para fusões, incorporações e agora federações sobreviver até as eleições de 2026.

As tratativas com o Podemos chegou a avançar e o PSDB conseguiu transformar o que era fusão entre as legendas em incorporação do Podemos ao ninho tucano, garantindo que seu nome prevalecesse.

A incorporação não saiu do papel. O fracasso nas negociações foi motivado pela recusa do PSDB em aceitar a exigência do Podemos, que queria a deputada federal Renata Abreu (SP) na presidência da nova legenda por quatro anos. A proposta dos tucanos era um sistema de rodízio no comando, com alternância semestral no início e anual após as eleições de 2026, até que uma eleição interna definisse o diretório e a executiva permanentes.

Revezamento - O advogado Wilson Barbosa Martins (PMDB) foi o primeiro governador eleito por Mato Grosso do Sul. Cumpriu mandato de 15 de março de 1983 até 14 de maio de 1986. A gestão dos peemedebistas foi encerrada pelo também advogado Ramez Tebet (PMDB), que assumiu o cargo de governador entre 14 de maio de 1986 e 15 de março de 1987, governando o Estado por 10 meses.

Sem reeleição na época, o então PMDB conseguiu fazer um sucessor e elegeu o engenheiro civil Marcelo Miranda (PMDB). Em 1990, o também engenheiro civil e opositor de Miranda, Pedro Pedrossian foi eleito pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Em 1994, o PMDB voltou ao poder com nova eleição de Wilson Barbosa Martins e a partir de 1997 passa a valer o direito a reeleição para cargos executivos.

Em 1998, o deputado estadual José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, venceu o ex-governador Pedro Pedrossian (PTB) e Ricardo Bacha (PMDB). Em 2002, o petista foi reeleito, mas não também não conseguiu fazer sucessor.

Após oito anos do governo petista em Mato Grosso do Sul, o médico e principal rival de Zeca, André Puccinelli (PMDB) foi eleito e se manteve por dois, até 2014. Em 2015, teve início o governo tucano no Estado com a eleição de Reinaldo Azambuja (PSDB). O tucano foi reeleito e deixou o governo em 2022, quando o atual governador Eduardo Riedel (PSDB) foi eleito.

Prestes a 'sumir', PSDB é partido com projeto mais longo no governo de MS
Após deixar o governo, Zeca do PT foi eleito vereador em Campo Grande (Foto: Arquivo)

Da mudança a continuidade – A alternância na gestão estadual é justificada pelas lideranças políticas pelo desejo de mudança da população. Ao Campo Grande News, o ex-governador e atual deputado Zeca do PT aponta essa como a única explicação para sua eleição em 1998.

“Eu tenho o entendimento que minha vitória é resultado do fracasso das elites que comandavam o Estado desde a Ditadura, 20 anos depois de um revezamento das elites o Estado estava falido e não tinha um projeto de desenvolvimento econômico, cultural, social e de educação, era um Estado que se quer pagava a folha dos servidores, não cumpria as obrigações mínimas. Um projeto de mudança, só isso justifica um estado conservador eleger um candidato com o nome Zeca do PT, que saiu da fronteira”, disse o petista.

Ao longo dos seus oito anos de gestão, Zeca descreve que foi preciso “colocar o Estado no eixo”. Ele explica que em seu governo que teve início a mudança da matriz econômica com o processo de agroindustrialização, além da criação políticas sociais que permanecem até hoje. “O bom momento que o Estado vive hoje, de industrialização, de boa convivência com do agro e agricultura familiar é consequência do que iniciamos em 1999, que o André deu continuidade, da mesma forma que o Reinaldo e Riedel”, completou.

Já o ex-governador André Puccinelli (MDB) acredita que foi aprovação e o desejo de ampliar sua gestão que o elegeu. “O bom desempenho frente à Prefeitura de Campo Grande foi fundamental, as pessoas diziam que eu era o melhor prefeito”, disse. Puccinelli ainda aponta como trunfo o relacionamento com os municípios do interior do Estado. “Eu como prefeito de uma Capital conhecia os caminhos para destravar recursos mostrava esses caminhos. Viram que eu não estava ali para excluir ninguém”, afirmou.

Para o emedebista esse foi o embrião do municipalismo, que hoje é uma marca do governo tucano. Fomos nós que primeiro fizemos o asfaltamento no perímetro urbano dos municípios, pegamos um pedacinho do recurso do Fundersul, foi o primeiro governo que deu auxílio aos municípios”.

Ele defende que essa é uma marca das gestões sul-mato-grosseses, mesmo antagonistas políticos como ele e Zeca do PT priorizavam o que era melhor para o Estado. “Todo governador tem por obrigação dar continuidade, você não chega e quebra tudo, aproveita o que tem de bom”, disse. Um exemplo citado por ele foi de programas assistenciais, que começaram com a distribuição de sacolão no governo petista e foi “melhorado” em seu governo com a criação do cartão magnético.

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Ex-governador André Puccinelli (MDB) durante visita à Assembleia Legislativa em 2022 quando disputou o executivo estadual (Foto: Arquivo/ Marcos Maluf) ... veja mais em https://www.campograndenews.com.br/politica/derrotado-nas-urnas-puccinelli-pode-azedar-alianca-com-psdb

O ex-governador Reinado Azambuja (PSDB) também aponta que o projeto de mudança fez com que os eleitores escolhessem as propostas tucanas na urna. Segundo ele foram justamente as escolhas da gestão, como a reforma da previdência, que garantiram a continuidade do governo.

“As reformas que fizemos deu a possibilidade de o Estado investir em políticas públicas. Recuperamos a capacidade de investimento de Mato Grosso do Sul”, defendeu. Entre os projetos de governo para Mato Grosso do Sul, Reinaldo cita a regionalização da saúde, a entrega de obras estruturantes e as PPP (Parceria público-privada) firmadas ao longo de 8 anos.

O tucano aponta o fortalecimento do municipalismo como mais um dos pilares. “Na gestão do André tinha alguma coisa, mas era muito insipiente. Nos fortalecemos os municípios”, disse.

A escolha - Outro fator considerado na equação de sucessão no Estado é a escolha do nome. Para os ex-governadores Zeca do PT e André Puccinelli os candidatos escolhidos tanto pelo PT como MDB explicam o fracasso nas urnas. Hoje o petista acredita que seu sucessor na época, o ex-senador Delcídio do Amaral (PRD), não estava comprometido com as pautas da legenda. Puccinelli credita a derrota a uma rejeição ao então prefeito de Campo Grande e hoje senador Nelsinho Trad (PSD).

Já Reinaldo avalia que Riedel foi o candidato certo na hora certa. Mesmo sem ter disputado eleições antes de disputar o Governo em 2022, Riedel fez parte da gestão tucana e era um rosto conhecido por todos os prefeitos do Estado. "O PSDB tinha apenas 33 prefeituras e 77 dos 79 prefeitos apoiaram Riedel porque gostaram do modelo que implantamos", disse.

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