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Capital

Para Iago, o momento da perda de um irmão virou um buraco na memória

Nicholas Vasconcelos | 26/07/2012 19:11
Iago só lembra que saía de uma festa da casa amigos e depois acordou na Santa Casa de Campo Grande. A mãe, desistiu de andar de moto. (Foto: Pedro Peralta)
Iago só lembra que saía de uma festa da casa amigos e depois acordou na Santa Casa de Campo Grande. A mãe, desistiu de andar de moto. (Foto: Pedro Peralta)

A madrugada do dia 24 de junho ainda é muito presente na família do militar Diego de Lima da Silva, 22 anos, morto após colidir a motocicleta que conduzia contra um poste em Campo Grande.

Mas a lembrança daquela noite não é dividida por Iago de Lima da Silva, 19 anos, que estava na garupa da moto do irmão. Ele perdeu a memória depois do acidente e ficar internado em coma por três dias.

Os dois voltavam de uma festa da casa de amigos no bairro Zé Pereira, estavam alegres e faziam planos como qualquer jovem. Segundo a Polícia, Diego perdeu o controle da moto e atingiu um poste na avenida Presidente Vargas, no bairro Santo Amaro.

Os irmãos foram encontrados pelo Corpo de Bombeiros caídos ao lado do veiculo e ninguém sabe o que provocou o acidente.

Iago só lembra que saía da festa, na garupa do irmão, e que depois acordou na Santa Casa de Campo Grande. Lá ele recebeu a notícia de que Diego havia morrido no local do acidente.

“Eu achava que ele tinha só quebrado a perna e que estava na HG (Hospital Geral do Exército) e que a gente ia se ver depois”, conta o rapaz de olhar distante e triste.

O objetivo do rapaz em 2012 é continuar o tratamento médico por conta da lesão sofrida no acidente e no próximo ano retomar a vida. Iago também tem uma moto, mas esta semana tomou a decisão de vender o veículo para não lembrar mais do acidente.

Os irmãos são o retrato das vítimas dos acidentes de trânsito em Campo Grande. Segundo a Agetran (Agência Municipal de Trânsito), apontam que 32% das mortes registradas nas ruas da Capital são de jovens entre 18 e 25 anos.

Até esta quarta-feira (25), 57 pessoas foram vítimas do trânsito, 35 motociclistas. Nessa estatística está Diego, que já fazia planos para o futuro que teria quando saísse do Exército.

"Pra isso é como se fosse um pesadelo, que daqui a pouco passa", conta o pai do jovem, Daniel Teixeira. (Foto: Pedro Peralta)
"Pra isso é como se fosse um pesadelo, que daqui a pouco passa", conta o pai do jovem, Daniel Teixeira. (Foto: Pedro Peralta)

“Pra gente isso é como se fosse um pesadelo, que daqui a pouco passa”, conta o pai do militar, Daniel Teixeira da Silva, 57 anos. O filho era cabo temporário do 20° RCB (Regimento de Cavalaria Blindado) e que fica muito perto da casa da família no bairro Manoel Taveira. “Toda vez que vejo os soldados passando aqui perto ou passo na frente, eu sinto uma dor”, conta Daniel.

Segundo o pai, Diego se preparava para prestar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e no dia em que ele era velado a família recebeu a notícia da aprovação de um financiamento da Caixa Econômica Federal para a compra da casa própria.

A mãe dos jovens, Ivonete Alves de Lima, 46 anos, conta que pilota motos há oito anos e que pele primeira vez pensa em desistir do meio de transporte. Ela prefere não falar muito sobre o acidente “pra não sofrer mais”, conta com tristeza.

Toda a família sabe da existência de um vídeo de um sistema de segurança que mostra os momentos anteriores do acidente e os últimos momentos de Diego, no entanto todos são firmes em dizer que esse momento não precisa ser lembrado.

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