Previsto em lei e inspirado em Cuiabá, Hospital Municipal é velha promessa

Ao longo das décadas não faltaram respaldo documental e nem promessas políticas, mas o Hospital Municipal de Campo Grande existe só mesmo no plano das ideias.  Até agora.

Neste mês, novo anúncio, da prefeita Adriane Lopes (PP), renovou o ciclo da esperança. Mas, desde o dia 14, quando a obra foi anunciada, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) não conseguiu esclarecer de onde virão os R$ 200 milhões da obra, como vai cumprir o prazo de 12 meses para inauguração e nem o mais básico: o endereço da nova unidade hospitalar.

Em 26 de dezembro de 2016, no apagar das luzes do mandato do prefeito Alcides Bernal (PP), chegou a ser publicada lei, do modelo autorizativo, para implantação de hospital público no município de Campo Grande.

No papel, estava tudo planejado. A verba viria de “dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário ou verbas alocadas de recursos federais ou estaduais”.

O atendimento de urgência e emergência seria realizado no pronto-socorro, que atenderia tanto crianças quanto adultos. Na sequência, as internações, que incluía leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), seriam conforme as vagas disponibilizadas pelo complexo regulador estadual. Mas a Lei 5.781 não se concretizou.

Três anos depois, em 30 de julho de 2019, o então prefeito Marquinhos Trad (PSD) publicou decreto criando a “Comissão Especial Estratégica para acompanhamento do projeto denominado Hospital Municipal de Campo Grande – HMCG”.

A finalidade era deliberar e acompanhar todas as fases de criação e execução do projeto de construção do hospital, com intenção de dar transparência e celeridade ao processo de trabalho.

Na ocasião, foi detalhado que o hospital de Campo Grande seria inspirado no  Hospital de Cuiabá, capital do Mato Grosso. Em 2019, o Hospital Municipal Dr. Leony Palma de Carvalho, tinha 21 mil metros quadrados de área construída e contava com 315 leitos. O hospital, na capital do estado vizinho, foi inaugurado em 28 de dezembro de 2018.

Dias depois, em 15 de agosto de 2019, a Sesau tornou oficial a criação de uma comissão técnica para instalação, execução e implantação do HMCG. Conforme o documento, assinado pelo então secretário José Mauro Filho, o tempo de duração do trabalho seria de dois anos.

Anos depois, o PPA (Plano Plurianual), com projeções para o período de 2022 a 2025, renovou a esperança. Consta no documento a construção do HMCG (Hospital Municipal de Campo Grande). O PPA foi publicado em 30 de dezembro de 2021.

Em julho do ano passado, a Câmara fez audiência pública para discutir a criação do Hospital Municipal de Campo Grande. Neste mês de setembro, mais uma vez, o tema voltou a ser discutido pelos vereadores em audiência pública.

Hospital Municipal – Conforme anunciado pela prefeitura, o novo complexo vai ter 25 salas de diagnóstico e 250 leitos para atender as unidades de urgência e emergência da Capital, 10 salas de centro cirúrgico e uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A expectativa é atender 1.500 pacientes por dia.

A estrutura também irá comportar exames laboratoriais, cateterismo, biópsias, ressonâncias, colonoscopia, endoscopia e especialistas em cardiologia, neurologia, oftalmologia, pneumologista. A expectativa é de que as obras sejam iniciadas em 2023, com previsão de entrega em 12 meses.

Campo Grande tem cerca de 700 leitos ativos, somando todos os hospitais que atualmente oferecem atendimento aos casos de média e alta complexidade.

Apesar do anúncio com entrevista coletiva no último dia 14, o projeto do Hospital Municipal ainda não foi apresentado para o Conselho Municipal de Saúde, que precisa autorizar o empreendimento.

“A prefeitura tem que apresentar o projeto e passar pelas comissões de controle e avaliação, orçamento e finanças. Não somos contra o hospital, mas nós pensamos que ele tem que ser totalmente público”, afirma a conselheira Maria Auxiliadora Fortunato.

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