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Capital

Reforma agrária para, número de sem-terra triplica e já soma 29 mil famílias

Ricardo Campos Jr. | 16/05/2015 11:14
Integrantes de dois movimentos ocupam a sede do Incra em Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)
Integrantes de dois movimentos ocupam a sede do Incra em Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)

Lista única para reforma agrária, cuja extinção é uma das reivindicações dos movimentos que ocupam o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) na Capital, praticamente triplicou o número de interessados a receber um lote. Segundo a assessoria do órgão, o montante saltou de 12 mil pessoas em 2014 para 29.310 até o momento. Há quatro anos, o Governo só fez um assentamento novo no Estado.

Até então, os movimentos acampados nas áreas adquiridas pelo governo escolhiam quais integrantes seriam assentados naqueles locais.

Hoje, qualquer um pode fazer um cadastro no Incra para entrar na fila da reforma agrária. A distribuição de terras passou a ser feita pela ordem de espera, independentemente da filiação em algum movimento. O órgão checa se o interessado se enquadra no perfil estabelecido por lei para se beneficiar do programa.

Para o líder do MSTB (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra Brasileiros), Vanildo Elias de Oliveira, a medida foi uma tentativa do governo para enfraquecer os grupos. “As pessoas não acreditam nessa lista. Eu quero que alguém mostre um assentamento feito sem bandeira de movimento”, afirma.

O número de pessoas que ocupam a sede do Instituto, no shopping Marrakech, aumentou para 500, segundo o presidente do MAF (Movimento da Agricultura Familiar), Rodinei Merlim Coutinho.

Além do fim da lista única, eles pedem a retomada dos processos de reforma agrária no estado, travados há oito anos, e a indicação de Celso Menezes de Souza para ocupar a superintendência regional, visto que a vaga deixada por Celso Cestari no fim de abril continua em aberto. “Houve a aquisição de oito áreas que estão prontas, mas falta recurso e estruturação por parte do Incra”, afirma.

Valdirene faz parte do movimento junto com a família (Foto: Marcos Ermínio)
Valdirene faz parte do movimento junto com a família (Foto: Marcos Ermínio)

Sonho – Acampada há quatro anos, Valdirene Vieira da Silva, 45 anos, batalha por um pedaço de terra junto com duas filhas, a mãe, três irmãos e três sobrinhos.

“Eu vim de São Paulo para Campo Grande e era contra os movimentos trabalhadores sem-terra, mas não os conhecia. As pessoas me falaram e eu vi do que se tratava. Entrei para defender o meu lote e agora defendo dois mil [das demais pessoas que integram o MAF]”, diz.

Ela diz que muitas pessoas participam do movimento achando que serão beneficiadas em pouco tempo, não têm ideia da luta que envolve a conquista de um espaço. “Muitos pensam em desistir”, relata. “Nós esperamos que o governo faça valer os direitos das pessoas”, completa.

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