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Capital

"Sabia onde ela estava pela risada", diz família em adeus a Elenice

Elenice foi morta pelo marido com 22 facadas na noite de sexta-feira em Campo Grande

Mirian Machado e Gabrielle Tavares | 15/05/2022 09:09
Amigos e familiares dão adeus à Elenice, morta pelo marido com 22 facadas. (Foto: Paulo Francis)
Amigos e familiares dão adeus à Elenice, morta pelo marido com 22 facadas. (Foto: Paulo Francis)

Revoltados e bastante abalados, cerca de 50 pessoas entre amigos e familiares dão o último adeus à Elenice Pinto Martins, de 48 anos, morta com 22 golpes de faca na noite desta sexta-feira (13), na Vila Neusa em Campo Grande. O autor do feminicídio é o companheiro da vítima, Delzimar Alves do Nascimento, de 49 anos.

O velório ocorre nesta manhã na Rua Treze de Maio. Amigos, a maioria mulheres, ainda estavam em choque com a perda da diarista. A vítima era muito animada e sempre estava alegre, e não havia comentado sobre possíveis casos de violência dentro de casa, por isso a dificuldade em crer no que aconteceu.

Elisabeth lembrou que era chamada de betinha por Elenice, amiga alegre e divertida. (Foto: Paulo Francis)
Elisabeth lembrou que era chamada de betinha por Elenice, amiga alegre e divertida. (Foto: Paulo Francis)

Íamos em festas juntas, ela me chamava de ‘betinha’ e me chamava para dançar. Ela gostava muito de dançar, era muito animada”, disse a amiga Elisabeth Martins, de 52 anos em lágrimas. “A gente como mulher não pode aceitar isso, foi muito cruel. Ele [Delzimar] precisa pagar pelo que fez”, lamentou.

Segundo o sobrinho de Elenice, Marcos Mendes Martins, de 32 anos, que ainda está tentando ‘digerir’ o que aconteceu, a tia, que tem um filho de 23 anos, estava com o autor há 3 anos, porém ela não comentava com a família sobre possíveis brigas ou violência dentro de casa. “Eles não brigavam na frente dos outros, eram alegres. Ele cozinhava pra família, fazia churrasco. Ainda estou chocado, não esperava”, contou.

“Você sabia onde ela estava pela risada”, disse Marcos lembrando como a tia era alegre e brincalhona. “Ela era muito divertida, ajudou a me criar. Éramos bem próximos. Ela não merecia isso”, disse.

Elenice será sepultada no cemitério Jardim da Paz.

Delzimar passou por audiência de custódia onde teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.

Residência onde casal morava, na Vila Neusa, em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)
Residência onde casal morava, na Vila Neusa, em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)

Crime - Conforme as informações da polícia, o caso ocorreu por volta das 22 horas de sexta-feira (13), na residência onde o casal morava, na Rua José Matte, Vila Neusa. Pouco antes do crime, Elenice e Delzimar estavam em um bar, onde teriam ingerido bebidas alcoólicas.

Depois, os dois seguiram para casa, onde houve discussão presenciada pelo filho de Delzimar, a criança de 11 anos. Vizinhos escutaram gritos de socorro, momento em que a criança foi até a casa da tia pedindo socorro, afirmando que o pai teria matado Elenice e tentou se matar em seguida.

A Polícia Militar foi acionada, assim como o Corpo de Bombeiros, mas não houve tempo e a mulher morreu no local. A delegada Barbara Camargo Alves afirmou que a vítima foi golpeada 22 vezes. "Em todo o corpo, a maioria no braço, indicando que ela tentou se defender", explicou.

Já Delzimar se lesionou no pescoço com a faca após matar a companheira. Ele foi levado sob escolta policial e com ferimento grave para a Santa Casa. Delzimar foi atendido e depois, levado para a delegacia. Ele afirmou que não se recorda de detalhes e não soube explicar a motivação do crime.

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