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Capital

Santa Casa começou com 27 mil contos de réis e ajuda de 178 pessoas

Hospital recebe R$ 280 milhões por ano, mas ainda espera aumento nos repasses

Leonardo Rocha e Aline dos Santos | 18/08/2017 12:38
Solenidade em comemoração aos 100 anos da Santa Casa (Foto: André Bittar)
Solenidade em comemoração aos 100 anos da Santa Casa (Foto: André Bittar)

A Santa Casa comemora hoje (18) 100 anos de história, mas começou suas atividades contando com a ajuda de um grupo de 178 pessoas, que recolheram e investiram R$ 27 mil contos de réis, dando início ao maior hospital de Mato Grosso do Sul, em 18 de agosto de 1917.

A iniciativa começou com Bernardo Franco Baís e Camilo Boni, que ficaram responsáveis pro reunir os demais colaboradores, em uma reunião, que segundo o atual presidente do hospital, Esacheu Nascimento, foi bem mais modesta que a atual solenidade de hoje (18), que contou com a participação do prefeito Marquinhos Trad (PSD), parlamentares e autoridades.

Esacheu contou que estes colaboradores recolheram dinheiro para construir o hospital e inclusive colocaram seus respectivos patrimônios pessoas em risco. "Inimaginável pensar em Campo Grande sem a Santa Casa". Também lembrou que a ajuda veio do setor produtivo, maçonaria, empresários, salesianos, evangélicos e espíritas.

Um capítulo singular do hospital, é a história do libanês José Mustafá, conhecido como "Zé Bonito", que carregava de forma gratuita o material de construção, na sua própria carroça, com duas parelhas de burros, levando areia, tijolo, ferro, material. Ele tem o seu nome homenageado em um auditório do hospital.

Desde aquela época a cidade discutia o mesmo problema, de não ter um hospital municipal. Com 8 mil habitantes, há pouco tempo contava com a chegada ferrovia, inaugurada três anos antes (1914). No começo o hospital tinha uma porta de entrada na Avenida Mato Grosso, com 40 leitos, que após a compra de um terreno em 1920, com área de 6 hectares, para que chegasse a 700 leitos.

Toda a história do hospital vai ser lançada por meio de um livro ainda neste ano, que por meio de uma cápsula do tempo, ficará enterrado no jardim do hospital, sendo aberto apenas daqui 50 anos. "São 100 anos de solidariedade, recebendo pacientes de todo Brasil", disse Nascimento.

Esachel Nascimento, atual presidente da Santa Casa, diz que ainda se precisa aumentar os repasses (Foto: André Bittar)
Esachel Nascimento, atual presidente da Santa Casa, diz que ainda se precisa aumentar os repasses (Foto: André Bittar)

Funcionamento - O presidente da Santa Casa ressaltou que o hospital precisa de R$ 280 milhões para quitar todas as dívidas e voltar a fazer investimentos. O hospital recebe do SUS (Sistema Único de Saúde) cerca de R$ 20 milhões por mês, no entanto alega que para conseguir pagar as contas e cumprir com as obrigações, precisa de um extra de R$ 3 milhões (mensais).

Ele alega que o hospital atende mais de 50% da demanda do SUS (Sistema Único de Saúde), mas precisa de um repasse público com "pagamento justo", para manter as portas abertas. "Nossa unidade é a 3° maior Santa Casa do Brasil em resolutividade e a 4° em estrutura física, com transplante de rins e córnea, ainda buscando (transplante) autorização para coração e medula".

Esacheu citou que o índice de infecção caiu de 17% para 6%, tendo como meta da direção chegar ao patamar de 3%. A intenção agora é fechar um novo contrato com prefeitura municipal e governo estadual, para conseguir um extra de R$ 3 milhõe no repasse mensal e exigir o pagamento até o 5° dia útil.

Ajuda - O secretário estadual de Saúde, Nelson Tavares, afirmou que o governo de Mato Grosso do Sul contribui com quase R$ 3 milhões (mensais) e que a crise financeira que abala a Santa Casa, atinge todo o sistema de saúde. "Estamos em um momento de reflexão, ajudamos agora até mais que no passado, fazendo a nossa parte.

Já Marcelo Vilela, secretário municipal de Saúde, disse que o hospital é fundamental para o sistema de saúde da Capital, e que a prefeitura apoia no limite do seu financiamento. "Contribuímos com o máximo que podemos, pois a Santa Casa é muito importante para nós".

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