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Capital

Sem ônibus há cinco anos, rodoviária é tomada por goteiras e pombos

Alan Diógenes | 28/02/2015 09:07
Para amenizar goteiras e infiltrações, comerciantes colocam baldes pelo pátio. (Foto: Alcides Neto)
Para amenizar goteiras e infiltrações, comerciantes colocam baldes pelo pátio. (Foto: Alcides Neto)
Cine Center que já foi um dos principais cinemas da cidade com capacidade para 600 pessoas hoje está abandonado. (Foto: Alcides Neto)
Cine Center que já foi um dos principais cinemas da cidade com capacidade para 600 pessoas hoje está abandonado. (Foto: Alcides Neto)
População teme a presença de usuários de drogas que vivem pelo local. (Foto: Alcides Neto)
População teme a presença de usuários de drogas que vivem pelo local. (Foto: Alcides Neto)

Após ser desativado no dia 31 de janeiro de 2010, o Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste, mas conhecido como “antiga rodoviária”, foi tomado por goteiras e infiltrações. Além de ser usado como moradia por usuários de drogas e ponto de prostituição, o local no Centro de Campo Grande abriga pombos que ameaçam a saúde dos poucos comerciantes que ainda relutam em deixar as lojas.

Qualquer um que passa pelo local tem livre acesso ao piso superior. É lá que é possível enxergar o total abandono do empreendimento inaugurado em 16 de outubro de 1976 com o esforço dos prefeitos Plínio Barbosa Martins, Antônio Mendes Canalle e Levy Dias.

Subindo pelas rampas, onde passaram muitos campo grandenses que na época enxergavam no local uns dos únicos pontos de lazer, estão os Cines Center e Cine Plaza. Apenas os letreiros dos cinemas e a escadaria que dava acesso às salas trazem lembranças de como era o tempo em que multidões lotavam os locais para assistir a filmes, já que não existiam os famosos shopping centers.

Hoje o que se vê é um cenário caótico com muita sujeira e água espalhada por todos os cantos. Isso por que goteiras e infiltrações tomaram conta da estrutura. Comerciantes que ainda residem no local tentam amenizar o problema colocando baldes que não dão conta de suportar toda a água que sai da grande quantidade de buracos existentes no teto.

Para dar uma “nova cara” ao local, artistas e grafiteiros fizeram desenhos nas paredes e portas das lojas fechadas. Mas, pela falta de segurança no período noturno, o local se tornou alvo dos vândalos que “sujaram” ainda mais o ambiente com pichações.

Grafiteiros quiseram dar "nova cara ao local", mas vândalos sujaram ambiente com pichações. (Foto: Alcides Neto)
Grafiteiros quiseram dar "nova cara ao local", mas vândalos sujaram ambiente com pichações. (Foto: Alcides Neto)
Hoje apenas agência de publicidade, escritório de contabilidade e advocacia funcionam no piso superior. (Foto: Alcides Neto)
Hoje apenas agência de publicidade, escritório de contabilidade e advocacia funcionam no piso superior. (Foto: Alcides Neto)
Comerciantes pedem solução imediata para o prédio da antiga rodoviária. (Foto: Alcides Neto)
Comerciantes pedem solução imediata para o prédio da antiga rodoviária. (Foto: Alcides Neto)

Apenas três espaços ainda funcionam no andar: uma agência de publicidade, um escritório de advocacia e um de contabilidade. O contador Élcio Teodoro de Souza, 54 anos, trabalha há 20 anos no andar e disse que “de teimoso” vai permanecer no local até a prefeitura decidir o que fazer. “Já fiquei até agora e não vou sair até que eles resolvam esta situação. Um prédio público como este não pode ser desperdiçado desta forma”, comentou.

Ele conta que ninguém, que aluga um espaço no andar de cima, consegue ficar por muito tempo. “Duas arquitetas abriram um escritório em frente ao meu, mas lá na outro canto existia um bar que era ponto de drogas. Todos os dias a gente chamava a polícia por causa do som alto porque não conseguíamos trabalhar. Elas não aguentaram e acabaram se mudando daqui”, mencionou.

O olhar de quem passa ao redor da antiga rodoviária revela a tristeza em ver o desprezo dos governantes com o prédio público e quem ainda frequenta o local. “Aqui tem muitos drogados, andarilhos e prostitutas. Essas pessoas já tomaram conta do prédio, fico aqui parada e o povo pensa que também trabalho fazendo programas”, disse a esteticista de animais Vanessa Alvez Soares, 27, que veio do Estado de Goiás e aguardava um ônibus em frente à antiga rodoviária para chegar em Dois Irmãos do Buriti.

Opinião semelhante tem a estudante Isabela Antunes, 20 anos, que passa todos os dias pelo lugar para chegar à residência no Bairro Amambai. “É muito perigoso por que tem muito morador de rua, eles mexem com a gente, pede dinheiro. Me sinto incomodada sabe”, apontou.

Pensando de forma radical, a dona de casa Rosana Moreira Muniz, 47, disse que o prédio deveria ser demolido. “Tem que acabar de vez com isso por que já virou foi uma zona e não serve para nada. Assim daria lugar para construir um condomínio, uma escola ou posto de saúde”, finalizou.

Especial - O Campo Grande News publica uma série de reportagens sobre a situação da antiga Estação Rodoviária de Campo Grande. Amanhã, veja a história de quem resiste ao abandono.

Pombos sujam e tomam conta da maior parte do prédio (Foto: Alcides Neto)
Pombos sujam e tomam conta da maior parte do prédio (Foto: Alcides Neto)
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