Sonho da casa própria leva dezenas à fila em agência de habitação

Primeiro dia de inscrições para o programa habitacional no Jardim Antártica fez o movimento aumentar em uma das unidades da Emha (Agência Municipal de Habitação), em Campo Grande. No Shopping Pátio Central, cerca de 50 pessoas aguardavam atendimento no início da tarde desta segunda-feira (20).

O programa Minha Casa, Minha Vida vai ofertar 30 apartamentos para famílias com renda de até R$ 2.850. As inscrições podem ser feitas até o dia 3 de novembro, pelo site da agência ou presencialmente. Para tentar sair do aluguel, o casal Elvis Costa de Paula e Jheniffer Fernandes de Oliveira chegou por volta das 10h à unidade.

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A profissional de serviços gerais, de 29 anos, contou que procurou a agência para atualizar o cadastro e se inscrever novamente no programa. “Nós moramos há quase dez anos de aluguel, que está custando R$ 700. Já tentei me inscrever anteriormente, já tem anos, mas nunca deu certo. Nunca recebi retorno. Essa é a terceira vez que faço um novo cadastramento”, disse Jheniffer.

O casal tem um filho de um ano e três meses, e a expectativa é de que a casa própria traga mais estabilidade para a família.

Outra candidata ao benefício é Gisele Lopes Duarte, de 42 anos, auxiliar de cozinha, que estava acompanhada do pedreiro Reginaldo de Souza, de 65 anos. Cada um possui uma inscrição individual.

“Todos os meus familiares já foram sorteados pela Emha, só eu que não. Moro de aluguel e, no começo do ano, a casa onde vivia na Vila Popular alagou por causa das enchentes. Toda vez que chovia, acontecia isso, e dessa vez tive que mudar. Seria uma vitória conseguir um apartamento meu, todo mundo já ganhou menos eu”, contou Gisele.

Reginaldo também tenta, há anos, realizar o sonho da casa própria. “Estou inscrito há seis anos. Uma vez fui selecionado, mas estava internado na Santa Casa e não consegui comparecer. O valor do aluguel está um absurdo. No programa Minha Casa, Minha Vida, você paga a prestação e o apartamento é seu”, relatou.

Já Letícia dos Anjos Mendes, de 29 anos, contou que a viagem até o local acabou sendo perdida. Ela chegou por volta das 10h, mas o atendimento preferencial já estava no número 51. “Pra mim seria ótimo conseguir um apartamento. O pai dos meus filhos não paga pensão e eu não tenho como trabalhar. Babá é caríssima, e quando é criança especial, ninguém quer cuidar. Quando você arruma emprego, não tem onde deixar a criança”, desabafou.

Mãe de quatro filhos – de 10, 8 e 2 anos e um bebê de 2 meses –, Letícia é mãe solo e desempregada. O filho de 8 anos é autista, o que lhe dá prioridade no cadastro. Mesmo assim, ela enfrenta dificuldades com a documentação. “Ele [atendente] falou que eu preciso me divorciar para ter a papelada diferenciada. Como ainda sou casada, é necessário apresentar os documentos dele, mas ele não mora mais comigo. Vou tentar me divorciar na Justiça Itinerante e torcer para dar tempo”, explicou.

A moradora contou que soube do programa por uma amiga e decidiu tentar, já que o dono da casa onde mora pediu o imóvel. “Moro de aluguel e o dono pediu a casa. Não tenho para onde ir nem como alugar outro lugar. É difícil; não há rede de apoio; sou eu por mim mesma. O pai sumiu no meio do mundo”, completou.

Apartamentos - O conjunto habitacional no Jardim Antártica receberá inscrições até às 23h59 do dia 3 de novembro. Para o cadastro presencial, o interessado deverá apresentar documentos pessoais, comprovante de renda, certidões, comprovante de endereço e inscrição atualizada no CadÚnico.

O programa é destinado a brasileiros maiores de 18 anos residentes em Campo Grande há pelo menos dois anos e que não possuam imóvel próprio nem tenham sido beneficiados por outro programa habitacional. A seleção levará em conta critérios como renda familiar, condições de moradia e vulnerabilidade social.

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