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Interior

Negada soltura a secretário e empreiteiro presos por corrupção em paraíso de MS

Investigados por propina e fraudes permanecem presos por tempo indeterminado

Por Anahi Zurutuza | 20/10/2025 15:35
Negada soltura a secretário e empreiteiro presos por corrupção em paraíso de MS
Da direita para a esquerda, Edilberto Cruz Gonçalves, o "Beto da Pax", e Genilton da Silva Moreira, ambos investigados na Operação Águas Turvas (Fotos: Reprodução)

Investigados por participar de esquema de corrupção em Bonito, município considerado paraíso de águas cristalinas em Mato Grosso do Sul, o ex-secretário de Finanças, Edilberto Cruz Gonçalves, e o empreiteiro Genilton da Silva Moreira tiveram pedidos de liberdade negados. Para o desembargador Waldir Marques, não foi comprovada a urgência em analisar os habeas corpus impetrados pelas defesas de ambos os investigados. Por isso, a apreciação será feita “por ocasião do julgamento do mérito”, ou seja, no fim do trâmite processual.

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O ex-secretário de Finanças de Bonito (MS), Edilberto Cruz Gonçalves, e o empreiteiro Genilton da Silva Moreira permanecem presos após terem seus pedidos de liberdade negados pelo desembargador Waldir Marques. Os investigados são suspeitos de participação em esquema de corrupção no município, conhecido por suas águas cristalinas.A Operação Águas Turvas, deflagrada no início de outubro, apura fraudes em licitações desde 2021. Segundo o Ministério Público, Genilton atuava como intermediário entre servidores e contratos fraudulentos, enquanto Edilberto recebia propina para favorecer o empreiteiro. Mensagens interceptadas revelam transferências suspeitas de R$ 35 mil em dezembro de 2021.

Caio Magno Duncan Couto, advogado de Edilberto, que é conhecido na cidade como “Beto da Pax”, alegou que o cliente é empresário há décadas e não servidor público de carreira, por isso está afastado da administração pública. Beto, que foi preso preventivamente (por tempo indeterminado) no dia 2 de outubro, era o secretário de Administração e Finanças do município até o dia 10 deste, quando foi exonerado do cargo.

“Os riscos e anseios da decisão que decretou a prisão preventiva não mais subsistem, em razão das providências adotadas pela Prefeitura, pois todos servidores e empresas já não possuem nenhuma relação a administração pública municipal atualmente”, argumentou o defensor, que completou afirmando que Beto é cardiopata e portanto, feria jus à prisão domiciliar.

Já Pedro Paulo Sperb Wanderley e Renan Fonseca Arruda dos Santos, advogados de Genilton, sustentaram que a decisão que decretou a prisão do cliente não estava devidamente fundamentada e deveria ser revogada. “Considerando-se a ausência de violência ou grave ameaça, a natureza econômica dos ilícitos e o dever de observância ao princípio da proporcionalidade, conclui-se que a manutenção da prisão preventiva configuraria medida excessiva e desarrazoada, afrontando o caráter excepcional da privação de liberdade antes do trânsito em julgado”, alegaram.

A defesa também ponderou que o empreiteiro tem empresa devidamente registrada na Junta Comercial de Mato Grosso do Sul desde 07/11/2019 com uma “vasta gama de atividades econômicas, incluindo serviços de manutenção, construção civil, comércio atacadista e varejista, e serviços de engenharia, dentre outros” e que o registro “demonstra a solidez de sua atividade laboral e seu compromisso com a sociedade”.

Para o desembargador, contudo, nenhuma das defesas demonstrou que “questão de urgência” que “traga uma situação irreparável a situação presente”. Por isso, entregou a análise dos pedidos de liberdade à marcha processual.

Suspeitas – Deflagrada no início do mês, a Operação Águas Turvas investiga esquema de fraudes em licitações, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa em Bonito. Levantamentos prévios apontam que o grupo atuava desde 2021, manipulando concorrências públicas e favorecendo empreiteiras específicas mediante o repasse de informações privilegiadas.

De acordo com a investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Genilton é o elo entre servidores que recebiam propina e contratos públicos fraudulentos para beneficiar sua empresa.

Já o secretário de Finanças é, segundo as apurações, um dos beneficiários dos pagamentos “por fora” para favorecer o empreiteiro. Mensagens interceptadas pelos investigadores mostram, por exemplo, que em 14 de dezembro de 2021, Edilberto enviou a Genilton uma chave PIX em nome de um empreiteiro do Paraná e o empresário transferiu R$ 20 mil no dia seguinte.

Pouco depois, em 21 de dezembro, “Beto da Pax” pede mais tempo para encontrar “alguém pra passar outro PIX” e no dia seguinte, encaminha os dados bancários de outra pessoa para o repasse de R$ 15 mil. Essa pessoa é ligada a investigados nas operações Parasita e Turn Off, que também tratam de fraudes em licitações em Campo Grande.

O nome da operação, “Águas Turvas”, faz referência à perda de transparência — um contraponto à fama de Bonito, conhecido nacionalmente por suas águas cristalinas e belezas naturais. A operação contou com apoio do Gaeco (Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado).

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