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Capital

Temporários do município estão sem salário; compromisso é pagar dia 15

“Todo ano dá problema. É uma briga pelo pagamento da folha complementar”, diz presidente da ACP

Lucia Morel e Natália Olliver | 06/03/2023 18:59
Fachada da sede da Semed, em Campo Grande (Foto: Google Street View)
Fachada da sede da Semed, em Campo Grande (Foto: Google Street View)

Professores temporários de Campo Grande enfrentam todos os anos a espera pelo salário, que só é pago quase um mês depois de terem trabalhado todo o mês de fevereiro. “Todo ano dá problema. É uma briga pelo pagamento da folha complementar”, diz o presidente da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Professores), Gilvano Bronzoni.

Vítima dessa demora, professora relatou a situação ao Campo Grande News e prefere não ter o nome divulgado para evitar problemas. Segundo ela, é uma peleja conseguir ser regularizado como contratado.

“Todo começo de ano ficamos sem salário por não trabalharmos em janeiro, o que até aí está tudo bem. Porém, começamos em fevereiro esperando o salário de março. Damos nosso jeito de ir. Pegamos dinheiro, empréstimos e mais empréstimos de terceiros para sobreviver os 30 dias. E simplesmente, quando chega o dia do pagamento, nossos nomes não estão nem ativos no portal do servidor”, revela.

A profissional relata ainda que liga na Semed (Secretaria Municipal de Educação) e é informada que a escola onde trabalha não enviou os dados necessário no prazo certo para efetivá-la. Por sua vez, a escola diz que entregou sim. “E nós ficamos assim: sem respostas e sem nenhum respaldo”.

Professora mostra geladeira vazia e diz: "é a mais pura verdade, não tem nada mesmo". (Foto: Direto das Ruas)
Professora mostra geladeira vazia e diz: "é a mais pura verdade, não tem nada mesmo". (Foto: Direto das Ruas)

Emocionada, ela disse que hoje chegou na escola onde dá aulas chorando. “Hoje fui trabalhar chorando, decepcionada, porque como professora afirmo: é um trabalho de amor e doação que fazemos como missão. Compramos materiais do próprio bolso muitas vezes para melhor atender nossos alunos e quando chega o dia de receber e cuidar da nossa família, somos esquecidos”, lamenta.

Segundo a professora, outros profissionais do colégio, também contratados, choraram. “Não sei da onde vou tirar dinheiro pra comprar um gás de cozinha”, disse, reforçando que “a situação é muito pior quando vemos cogitarem aumento da prefeita enquanto nós lutamos para receber o piso conforme está na lei”.

Ela enviou foto da geladeira vazia e reforçou que "isso é a mais pura verdade, não tem mesmo". A professora mora sozinha com o filho que tem menos de 10 anos de idade.

Conforme Gilvano, da ACP, em reunião na prefeitura hoje cedo, foi garantido que o pagamento dos temporários será feito, sem falta, até dia 15 de março. Mas lembra que se não fosse a pressão sindical, de fato, os pagamentos certamente ficariam para abril.

Em nota, a Semed informou que "contando com a hipótese de inserções futuras no sistema Ergon, já tinha no seu planejamento o pagamento de uma folha complementar no mês de março. A Secretaria está buscando alternativas para que essa situação não aconteça nos próximos inícios de anos letivos".

Matéria editada às 14h06 de 07 de março para acréscimo da resposta da prefeitura.

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