Trabalho no lixão até dezembro está condicionado a cadastramento
A partir da próxima quarta-feira (21) só poderão entrar no lixão de Campo Grande os trabalhadores que forem cadastrados pela empresa Solurb, ganhadora da licitação para ser a nova responsável pelo lixo de Campo Grande.
Na data, a empresa assume oficialmente os serviços do lixo na Capital. Segundo o superintendente da Solurb, Elcio Terra, o cadastro é necessário para que a empresa tenha controle sobre quem está trabalhando no local, identificar quem pretende ser funcionário da empresa e integrar a cooperativa de reciclagem. O cadastro não significa que o trabalhador precisará trabalhar na empresa.
Os trabalhos de catação dos materiais serão permitidos até a segunda quinzena de dezembro, quando foi estipulado pela Prefeitura que o lixão seja desativado.
A partir daí, os resíduos sólidos serão depositados apenas em um aterro, localizado ao lado do atual lixão. Os trabalhadores não poderão mais entrar na área do aterro e irão trabalhar dentro do galpão da usina de reciclagem.
Na área coberta, os trabalhadores irão receber os produtos recolhidos pela coleta seletiva, ou seja, que podem ser reciclados. A área ainda não está totalmente pronta e os funcionários devem iniciar os serviços em galpão provisório.
Os catadores temem ficar sem local para trabalhar. “Eles estão fazendo isso só para conseguir tirar a gente de lá”, teme o representante da categoria, Sérgio Rodrigues, de 32 anos.
Ele justifica o medo dizendo “que vão colocar a gente num lugar que nem está pronto ainda” e fala que Campo Grande ainda não tem material de coleta seletiva suficiente para o trabalho de todos os catadores.
“Não ter material reciclado pra gente trabalhar e falam que não vão deixar a gente entrar no depósito para separar os materiais. Não sei por que fazem isso ainda mais no fim de ano, a gente tem conta pra pagar”, diz.
Mas ele afirma que os trabalhadores irão fazer o cadastro para continuar no lixão e aguardar as próximas etapas.
O cadastro começou ontem e deve ir até sábado (17). Só ontem foram cadastrados 102 trabalhadores e a previsão é de que mais de 200 sejam cadastrados no total.
A diretora do departamento de Licenciamento e Monitoramento Ambiental da Semadur, Denise Name, diz que a transição já é conversada com os trabalhadores há anos e que essa será a melhor solução.
“É a melhor solução até em termos de saúde. O mais importante é a dignidade no trabalho e eles vão ter uma área coberta e todos os direitos trabalhistas”, frisou.
O responsável pela Solurb diz que ainda não é possível estimar a renda mensal dos trabalhadores da cooperativa de reciclagem, mas garante que todos serão capacitados gratuitamente pela empresa até a desativação do lixão.
Além disso, ele diz que os catadores interessados poderão ser encaminhados para outras áreas de serviço da empresa, como varrição e coleta de lixo, além de receber encaminhamento para atuar em outras empresas do ramo.